Sociedade | 19-05-2006 09:36

Quinze anos à espera de justiça e nada

Joaquim Marques, produtor de gado bovino do Granho, Salvaterra de Magos não se conforma com o desfecho de um processo que se arrastou durante 15 anos no Tribunal Judicial de Benavente. Em 1991 furtaram-lhe seis vacas de produção avaliadas em mil contos (cinco mil euros). Na quinta-feira, 11 de Maio, o processo chegou ao fim com a absolvição do último dos três suspeitos.O homem de 42 anos, residente em Coruche, já tinha sido julgado contumaz devido a várias ausências no tribunal. Agora, 15 anos depois dos factos, compareceu no julgamento e resolveu não abrir a boca. O colectivo de juízes ouviu o queixoso (única testemunha indicada) e absolveu o arguido por falta de provas. “O ofendido não faz ideia de quem furtou as vacas”, disse o juiz Pedro Lucas na leitura do acórdão.O arguido, de etnia cigana, estava acompanhado de mais de uma dezena de familiares que respiraram de alívio. “Desta já te livrastes”, disse uma das mulheres. A mesma sorte já tinham tido os outros dois arguidos julgados em 1993.Quem não se conforma com o desfecho é a vítima do furto. Joaquim Marques, 72 anos, sofreu um grave revés na sua vida porque não tinha seguro do gado. Acabou com a vacaria e hoje vive dum parca reforma.Na expectativa de ser ressarcido do prejuízo gastou centenas de euros com um advogado e com despesas de processo e fartou-se de caminhar para os tribunais de Benavente e Loures. Uma das vacas, que estava prenha, apareceu morta numa quinta em Bucelas e, por isso, correu um processo em Loures.Para além das consequências financeiras, o produtor não esquece o sofrimento do gado que criou com dedicação e afecto. “ Os animais fartaram-se de sofrer antes de serem mortos e agora não lhes acontece nada. Este país está bom é para os gatunos”, desabafa. Joaquim Marques explicou que o furto foi feito de madrugada e os animais foram carregados para uma camioneta que estava a cerca de 400 metros da vacaria e junto da propriedade da Casa Cadaval. As vacas forram arrastadas até ao local de carga e o proprietário desconfia que tenham sido vendidas a um talhante.“Um dos homens disse que sabia quem tinha roubado. Porque é que não apertaram com ele”, lamenta o idoso que durante 15 anos alimentou a esperança de que fosse feita justiça. Nelson Silva Lopes

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