Sociedade | 22-05-2009 07:34

Ponte D. Amélia aguarda reparação das guardas e inspecções de segurança

A Ponte Rainha D. Amélia foi reparada e adaptada para o trânsito automóvel há oito anos, mas a utilização abusiva do tabuleiro por máquinas agrícolas e viaturas largas provocou um cenário de destruição das guardas laterais que separam a faixa de rodagem dos passeios para peões. Ao longo de quase um quilómetro de extensão são mais os varões torcidos e danificados que os bons. Os corredores de peões têm zonas danificadas e não têm sido feitas com a regularidade aconselhada as prometidas inspecções para acautelar a boa saúde da ponte que liga Muge, concelho de Salvaterra de Magos a Valada do Ribatejo, no concelho do Cartaxo.“Isto está tudo partido porque passam aqui máquinas agrícolas e tractores muito largos que não deviam passar. Nunca se vê aqui a GNR e eles andam à vontade”, explica Manuel Marques, utilizador habitual da travessia. A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos já começou a intervir no princípio da ponte, do lado de Muge, mas limitou-se a retirar alguns ferros do gradeamento. Do lado do Cartaxo, a vereadora Rute Ouro garante que está para breve uma intervenção para retirar alguns ferros que dificultam a circulação e geram perigo. A autarca disse a O MIRANTE que está a tentar agendar uma reunião com a câmara de Salvaterra de Magos para concertar a actuação, mas sublinha que a intervenção do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) “é fundamental no processo de verificação das condições de segurança da ponte.” O protocolo assinado entre os municípios, LNEC e Estradas de Portugal prevê que a Câmara do Cartaxo cuide das inspecções sub aquáticas e a de Salvaterra à superfície. Os municípios não têm técnicos nem equipamentos para fazer essas vistorias e estão dependentes do LNEC que não tem mãos a medir na inspecção de obras de arte em todo o país. A ponte D. Amélia foi recuperada há oito anos e “não é tão urgente como algumas centenárias ou com dezenas de anos”, alega fonte do laboratório.Entretanto a vereadora da câmara do Cartaxo, confirma que foram feitos vários estudos que revelaram que a estrutura da ponte está de boa saúde e vai ser aberto concurso para novo estudo a realizar pelo LNEC. Alargamento da faixa de circulação reclamado por utentesA passagem sobre o tabuleiro da ponte é regulada por dois semáforos temporizados, mas já houve confusão porque alguns condutores não têm paciência para esperar pela luz verde. “Já vi aqui dois andarem quase à briga por causa disso. Nenhum queria fazer marcha-atrás e foi uma confusão”, adianta Rui Teles, condutor de uma moto 4, que aguarda autorização semafórica para avançar.A maioria dos utilizadores da ponte fá-lo em trabalho, mas a via também é muito utilizada para quem passeia ao fim de semana. “Gosto de ir ver a praia de Valada e os campos cultivados à volta. É um passeio saudável”, diz Renato Rodrigues que faz a travessia de BTT e prefere utilizar o corredor dos peões para ser mais rápido. O desportista considera que é possível alargar a faixa de rodagem, eliminando um dos corredores laterais, “desde que se crie condições para se cruzarem duas bicicletas”, ironiza.A vereadora Rute Ouro confirmou que a reformulação do tabuleiro da ponte com o alargamento da faixa de rodagem é uma hipótese que os municípios irão propor para estudo do LNEC. Os utilizadores da ponte reclamam ainda a colocação de iluminação e de um sistema de segurança que permita chamar o socorro em caso de acidente na ponte. Os municípios de Salvaterra e Coruche não estão preparados para assumir o custo duma intervenção que consideram que deve ser por conta do Ministério das Obras Públicas que custeou as obras de adaptação da ponte ferroviária para o trânsito rodoviário. Uma ponte cheia de história que aproxima dois concelhosA construção da Ponte D. Amélia iniciou-se em Agosto de 1902, sob a direcção do engenheiro Andouart e foi inaugurada oficialmente dois anos depois pela soberana que lhe empresta o nome. A 14 de Janeiro de 1904, o rei D. Carlos e a rainha D. Amélia, acompanhados pela numerosa corte, deslocaram-se ao Ribatejo para a viagem de inauguração do ramal ferroviário Setil – Vendas Novas. Pararam no chamado Apeadeiro do Morgado, próximo de Muge e a rainha baptizou com o seu nome a ponte ferroviária sobre o Rio Tejo. A obra de arte tem um dos maiores tabuleiros metálicos da Península Ibérica, com 840 metros de extensão por cinco metros de largura, com 14 tramos de 60 metros, assentes em 13 pilares no Rio Tejo, com profundidades variáveis entre os 10 e os 16 metros. A ponte D. Amélia é a principal via de comunicação rodoviária entre os concelhos do Cartaxo e Salvaterra de Magos.

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