Sociedade | 26-12-2010 00:09

Ucranianos em Santarém continuam a preservar tradições culturais do seu país

Apesar do sorriso traquina, Romão, 6 anos, garante a São Nicolau – que teve que envergar o fato de Pai Natal porque não encontraram as tradicionais vestes do santo muito popular na Ucrânia - que se portou bem durante o ano inteiro e que, por isso, merece receber uma prenda de Natal. Como ele, todas as crianças que frequentam a escola ucraniana em Santarém, e que estiveram presentes na festa de Natal de sábado, garantem que são merecedores das prendas natalícias. A iniciativa organizada pelo núcleo de Santarém da Associação de Ucranianos em Portugal (AUP), realizou-se na manhã de 18 de Dezembro, nas instalações da antiga Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. “Esta pequena festa é uma forma das crianças, algumas que já nasceram em Portugal, não perderem o contacto com as tradições ucranianas”, explica Tetyana Tarnavska da AUP.É no dia de São Nicolau, que na Ucrânia se comemora a 19 de Dezembro, que as crianças recebem presentes que são colocados pelo santo debaixo da almofada dos mais novos durante a noite. Manda a tradição que as crianças trajem vestidos originais nesse dia. As tradições entre Ucrânia e Portugal são diferentes uma vez que o Natal ortodoxo se celebra a 7 de Janeiro. É nesse dia que se reúne a família em casa para um tradicional jantar.As crianças ucranianas que estudam em escolas nacionais adaptaram-se às tradições dos colegas portugueses e, em algumas casas, trocam prendas a 24 de Dezembro. Alejandro tem 8 anos e é filho de mãe ucraniana e pai português. Por este motivo lá em casa o Natal celebra-se duas vezes. A 25 de Dezembro e a 7 de Janeiro. “Respeitamos todas as tradições. No dia de São Nicolau damos os presentes como é tradição na Ucrânia e a 25 de Dezembro celebramos o Natal católico. A 7 de Janeiro voltamos a juntar-nos todos em família para celebrar o Natal da igreja ortodoxa”, explica Svitlana Kolotilirc, acrescentando que o facto da irmã também viver em Santarém faz com que se sinta mais confortável e ultrapasse melhor as saudades da terra natal.Também Tetyana Tarnavska já se adaptou às tradições portuguesas. Já se tornou hábito comprar presentes para os amigos portugueses desembrulharem na noite de Consoada. A professora confessa que a adaptação ao país não foi fácil, mas agora já está integrada. “Vim sozinha com o meu marido para um país desconhecido onde a língua era totalmente diferente. Não havia produtos que utilizamos na Ucrânia. Foi muito complicado. Hoje é tudo mais fácil porque já sabemos falar português e já estamos inseridos na sociedade. Respeitamos as tradições portuguesas assim como os portugueses respeitam as nossas tradições”, explica.Para Viktoria Gorlova tem sido mais complicado. A viver em Santarém há cerca de três anos, Viktoria tem saudades do seu país, onde deixou a mãe. Este ano não conseguiu visitá-la. “Vim ter com o meu marido, que já está em Portugal há muitos anos, e a minha filha também veio connosco. Mas é complicado, sobretudo nesta altura do ano em que é tradição juntarmos a família toda e trocarmos presentes”, conta com um sorriso triste.

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