Sociedade | 20-02-2016 14:09

Uma banda jovem onde a formação musical e pessoal marca o compasso

Uma banda jovem onde a formação musical e pessoal marca o compasso
CONSTÂNCIA

Em Montalvo, no concelho de Constância, há uma colectividade que se dedica ao ensino da música sem perder de vista a transmissão de valores importantes. Associação Filarmónica Montalvense comemorou recentemente trinta anos de vida

A Associação Filarmónica Montalvense foi fundada em Janeiro de 1986 em Montalvo, concelho de Constância, por um grupo de pessoas que acharam de grande importância a constituição de uma escola de música e de uma banda filarmónica na localidade. Criada com o objectivo de promover a educação e formação musical, assim o tem feito ao longo destes 30 anos, não só em Montalvo mas também no concelho e municípios vizinhos. "Foram anos de muitos êxitos e alguns dissabores, como é normal na vida pessoal e das associações", diz Rui Ferreira, presidente da direcção.

A banda é marcada pela juventude, contando actualmente com 33 elementos com idades compreendidas entre os 14 e os 32 anos. Joana Bispo está na banda desde os 13 anos, por influência da sua mãe que ouviu falar na banda. Ganhou entusiasmo pela música e pelo instrumento que toca, o clarinete. Apesar de alguns interregnos, por causa da sua vida pessoal, nunca deixou de tocar na banda e para além disso faz parte dos corpos sociais da associação. Joana Bispo é o elemento mais antigo seja em idade, 32 anos, como em carreira musical com quase duas décadas de banda. "Sinto-me orgulhosa da banda e dentro da disponibilidade que tenho vou dando aquilo que posso", diz.

No pólo oposto, Maria João Sousa é um dos elementos mais novos da banda. Começou a tocar flauta aos 6 anos e sempre gostou muito de música, daí ter decidido experimentar. "Gosto da banda pela música e pelo convívio" diz a jovem de 14 anos. Apesar de não querer seguir música profissionalmente diz que gostava de continuar no grupo por muitos anos.

O mais difícil, conta Rui Ferreira é manter os jovens depois dos 18 anos pois a maioria segue para a universidade ou arranja trabalho. Mesmo assim o presidente garante: "Não nos podemos queixar da renovação e principalmente da qualidade musical que atingimos".

O maestro Miguel Alves está na banda há cinco anos. Diz que trabalhar com os jovens é um grande desafio que encara com gosto: "São muitos dedicados, é uma causa que eles defendem a todo o custo, estão aqui porque gostam, pelo desafio, pelas músicas e pela escola de vida".

A Escola de Música dedica-se à formação musical e ensino instrumental. Tem cerca de 80 alunos, um número que tem conseguido aumentar todos os anos. Para tantos alunos a escola conta com cinco professores, o maestro e ainda com a ajuda de mais seis pessoas, fruto de um protocolo com o Choral Phydelius de Torres Novas e a Escola Luís de Camões de Constância, que tem um conjunto de alunos no ensino articulado da música. Para além da escola de música, e sendo uma associação muito abrangente e que chega a outros pontos do concelho, há ainda um coro infantil num pólo existente em Santa Margarida e que conta com cerca de 30 alunos.

A oficina da música é uma das principais iniciativas do calendário anual da associação. Trata-se de um estágio intensivo de formação e prática musical com os elementos da banda e outros músicos que vêm de vários pontos do país. São também convidados maestros e professores para uma semana que se quer com muita música. Realiza-se nas férias da Páscoa e já vai este ano para a 11ª edição. A participação em procissões e festas religiosas é também habitual.

Finanças estão estabilizadas

As principais dificuldades são de ordem financeira, mas a associação tem conseguido manter-se saudável apesar do investimento feito na contratação de professores e na compra de novos instrumentos, alguns muito caros e que podem chegar aos dois mil euros. Houve alguma quebra nos apoios e o que vai ajudando é uma quota suplementar dos serviços prestados pela escola de música. Apesar disso Rui Ferreira chama a atenção: "Aqui ninguém fica sem aprender música, mesmo que não tenha dinheiro, pedimos outros contributos".

Para além disso o apoio ao associativismo da Câmara Municipal de Constância tem sido um contributo importante para a estabilidade financeira, assim como as deslocações que a banda vai fazendo, seja para concertos ou para procissões.

A associação conta actualmente com cerca de 400 sócios e a sua sede já começa a ser pequena para tantos alunos. Espera-se que no futuro, com a construção do novo Centro Escolar de Montalvo, a banda possa usufruir das instalações da escola primária da localidade que vai ser desactivada.

Foram 30 anos que Rui Ferreira diz não deixam de ser muitos positivos. Diz que o importante não se prende só com a formação musical mas todo o restante contributo que a banda dá a estes jovens, ensinando-as a saber o que são regras, disciplina e concentração. "Não só formamos elementos para a música, também formamos pessoas" diz o presidente. No futuro, o objectivo passa por "consolidar e aumentar o número de alunos e gente que queira vir aprender música". refere.

Os elogios de Ana Laíns

A população de Montalvo acompanha a banda e ajuda no que pode, dando força aos seus dirigentes para continuar um trabalho que nem sempre é fácil. Presente nas comemorações do 30º aniversário da colectividade esteve a fadista Ana Laíns que aparece sempre que a sua terra a chama para colaborar. Já não é a primeira vez que colabora com a banda de Montalvo e explicou a O MIRANTE porquê: "Quando na minha terra há uma banda que comemora décadas de aniversário e tem esta malta nova a tocar e a dar o seu amor e o seu contributo como é que poderia dizer que não. Sinto-me na obrigação de ter um papel de educadora e vir aqui é uma forma de os encorajar".

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