Sociedade | 28-02-2016 02:01

Sociedade civil tem que obrigar entidades a agir em defesa do rio Tejo

A iniciativa dedicada ao Tejo decorrerá em Vila Franca de Xira, no pavilhão multiusos. Este ano serão debatidas questões ligadas à economia, cultura e ambiente.

A sociedade civil tem demonstrado maior sensibilidade para as questões ambientais que envolvem o rio Tejo do que as entidades oficiais. A opinião é de João Serrano, presidente da Associação Independente para o Desenvolvimento Integrado de Alpiarça (AIDIA), uma das entidades promotoras, em conjunto com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira do II Fórum Ibérico, nos dias 19 e 20 de Março.João Serrano explicou a O MIRANTE que o Fórum Ibérico vai servir para se perceber o que se passa e colocar em contacto todas as pessoas com ligações ao Tejo, tanto de Portugal como de Espanha. "Queremos aproximar comunidades para que possam debater um problema que é de todos e que interessa a todos resolver. No final do ano passado um pescador da aldeia de Ortiga, no concelho de Mação, disse-me que já não conseguia pescar lagostim no Tejo porque a água está tão preta que o lagostim desapareceu. Na opinião dele, se ninguém resolver o problema, os pescadores desaparecem daquela aldeia porque deixam ter o seu principal meio de sobrevivência".Para o presidente da AIDIA um dos principais problemas do Tejo são os transvases espanhóis que desviam água do rio para outros rios. "Na altura da ditadura do general Francisco Franco, este teve a ideia de criar na região de Múrcia uma terra parecida com a Califórnia americana. E como a região tem pouca água decidiu desviá-la do Tejo. Entretanto, descobriu-se que em Múrcia existem lençóis subterrâneos de água que chegam para sustentar toda a região. Isto é, existem soluções, têm é que ser colocadas em prática", considera.Serrano acredita que os dirigentes políticos já estão mais preocupados com o problema que se passa actualmente no rio Tejo. Prova disso, diz, foi o facto de, recentemente, um conjunto de eurodeputados ter visitado pela primeira vez o rio, que em Espanha se designa Tajo, em Talavera de La Reina, província de Castilla, para tentarem inteirar-se do problema. "Existe uma maior sensibilidade para o que se passa e tem que haver preocupação de quem manda. Pretendemos que o Fórum Ibérico sirva também para olharmos para nós próprios e encontrarmos as melhores soluções", sublinha.O primeiro Fórum Ibérico realizou-se em Junho de 2012, na Feira Nacional da Agricultura de Santarém. Surgiu no âmbito do projecto de Cultura Avieira a Património Nacional, para que houvesse um local onde se pudesse falar sobre o Tejo e os seus problemas. Na altura, não ficou definido a periodicidade do evento mas os organizadores pretendem que ele seja anual para que os problemas do maior rio que, nascendo em Espanha, atravessa Portugal, não caiam no esquecimento.Em Março vão estar em Vila Franca de Xira, elementos da Universidade de Madrid, Universidade de Múrcia, Universidade de Castilla de La Mancha e Fundação para a Nova Cultura da Água. "Com tantas entidades envolvidas existe um potencial enorme para que apareça um conjunto de ideias que contribuam para o desenvolvimento do Tejo e o aparecimento de novas oportunidades", acredita João Serrano, acrescentando que se pretende que a próxima edição do Fórum Ibérico se realize em Toledo, cidade espanhola banhada pelo Tajo/Tejo.O Fórum Ibérico vai estar integrado no Mês do Sável, que se realiza sempre em Março, em Vila Franca de Xira. "A gastronomia do rio é algo que gera muita riqueza durante o ano e cada vez isso acontece mais porque existe uma maior sensibilidade para este tipo de gastronomia que a natureza dá. As oportunidades são imensas desde que tudo funcione de acordo com uma estratégia", conclui.

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