Sociedade | 22-01-2017 00:02

O último sapateiro de Alvega que toca na banda

O último sapateiro de Alvega que toca na banda
ABRANTES

Etelvino Narciso não tem continuadores para esta arte.

Resta apenas uma oficina de sapateiro em Alvega, uma das poucas que ainda sobrevivem no concelho de Abrantes. Etelvino Pires Narciso nunca teve aprendiz na casa fundada pelo avô em 1898, aberta ao público há 119 anos. "Este ofício já não compensa. Não há quem queira aprender e isto um dia acaba", afiança em jeito de lamento a O MIRANTE.

Possui um pequeno espaço, com uma mesa ao centro, atulhada de utensílios que em tempos ajudaram o sapateiro, agora com 80 anos, a criar calçado. E um banco de pernas curtas para melhor compor a peça no regaço do avental de couro. Hoje só trabalha em pequenos consertos, cola uns sapatos, põe umas capas ou umas solas.

Desde que se reformou nunca mais fez um par de botas. "Os materiais são diferentes de antigamente. Já não se consegue trabalhar bem". São matérias-primas indicadas para colagem e cosedura à máquina que sugerem outros padrões, diferentes da perfeição de outrora, sustenta.

Ao fundo, a parede está ocupada pela máquina polidora que auxiliava as mãos experientes no acabamento de botas (incluindo mexicanas) e botins, sapatos e sandálias. "Fiz muito calçado novo para homem e mulher", afiança.

Dava forma ao molde à medida do freguês que encomendava a obra sem muita opção de cores ou modelos. "Para trabalhar ou para calçar ao domingo", relembra, enquanto olha as formas com muitas décadas de uso. A oficina, além de comportar o fabrico artesanal, noutros tempos também funcionou como sapataria, onde, durante 25 anos, vendeu "sapatos de fábrica".

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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