Convívio de fado avieiro juntou duas culturas da Póvoa de Santa Iria
Em noite de festa os pescadores de água doce estranharam as guitarras e as violas que acompanharam os versos.
Numa semana apenas esgotaram os 120 lugares para o primeiro convívio de fado avieiro promovido pela ACAPSI - Associação Cultural Avieiros da Póvoa de Santa Iria. A ideia de juntar "fadistas batidos do espectáculo aos avieiros que cantam o fado", partiu de Fernando Barrinho, presidente da associação desde a sua fundação, em 2012. Os "fadistas da vila" aceitaram o repto, para orgulho e nervosismo dos avieiros, habituados a lançar as vozes no final dos almoços, sem instrumentos a acompanhar a melodia.
"Todo o avieiro, bem ou mal, canta o seu fado", revelou a O MIRANTE Fernando Barrinho. O actual líder da comunidade avieira da Póvoa de Santa Iria é agente da PSP em Lisboa e tem raízes alentejanas _ nasceu em Vendas Novas - mas a paixão por uma avieira havia de lhe trocar as voltas ao destino.
"Eu já ajudava os pescadores antes, mas nunca estive ligado ao grupo. Com a modernização da zona ribeirinha decidimos formalizar a associação e convidaram-me para ser o presidente", explica, orgulhoso, Fernando Barrinho. É que o presidente nunca foi pescador: "Só faço pesca desportiva", mas isso não o impede de se sentir avieiro "por afinidade". Gosta e quer que se mantenham as tradições, como a bênção dos barcos e a marcha típica avieira.
Ajuda ainda a actual boa harmonia com a autarquia: "Nem sempre aconteceu, não interessa de quem era a culpa, mas agora existe uma boa relação entre os avieiros e a câmara", confessa. Mas os avieiros são também conhecidos pela forma aguerrida como defendem os seus… contra quem vier. "A associação é uma porta aberta ao mundo, há sempre rivalidades em relação à pesca, à dança ou ao fado. Todos acham que são os melhores", relativiza Fernando Barrinho.
* Reportagem completa na edição semanal de O MIRANTE.