A dura luta de Fernando contra a esclerose múltipla
Fernando Ferreira desloca-se numa cadeira de rodas emprestada que tem que devolver em Dezembro. A cadeira de rodas prescrita pela médica custa mais de 30 mil euros e a família não tem dinheiro para a comprar.
Fernando Ferreira sempre foi um jovem activo e chegou a fazer exames para a Academia Militar. Aos 19 anos foi-lhe diagnosticada esclerose múltipla, uma doença neurológica que afecta o sistema nervoso central e em que o doente vai perdendo as capacidades físicas e motoras. Os primeiros sintomas a surgir foram o cansaço extremo e perda de visões momentâneas mas os médicos consideraram que se deviam ao facto de estudar muito. Foi durante os exames que teve que fazer para ingressar na Academia Militar – que entretanto optou por não seguir – que os médicos detectaram “qualquer coisa” a nível cerebral e aconselharam-no a procurar um especialista.
Nessa altura, Fernando, natural do Bombarral [distrito de Leiria], ingressou na Escola Superior Agrária de Santarém. “No primeiro ano do curso comecei com sintomas mais graves. Tive o primeiro surto durante o sono, comecei com choques eléctricos pelo corpo todo, como se fosse epilepsia, e caí para o chão. Por sorte, a minha família estava comigo e socorreram-me. Estes surtos repetiram-se algumas vezes. Fiz vários exames, até que me mandaram para o Hospital Egas Moniz e com mais exames disseram-me que provavelmente eu teria esclerose múltipla”, conta em entrevista a O MIRANTE.
Fernando, de 36 anos, conta que receber aquele diagnóstico foi muito violento, um soco no estômago e que lhe deu uma sensação muito grande de impotência. Admite que entrou em fase de negação da doença e confessa que ainda hoje não aceita bem a doença. “Estou sempre a lutar contra ela. Não quero que ela me vença. Vivo um dia de cada vez. Acordo de manhã completamente exausto, muito cansado. A luta do meu dia é vencer o cansaço diário”, afirma.
Fernando Ferreira desloca-se numa cadeira de rodas eléctrica emprestada pelo Centro de Reabilitação de Alcoitão e que terá que devolver no próximo mês de Dezembro. Além disso, a actual cadeira não é a indicada para si porque é baixa demais para o seu tamanho, o que já lhe provocou problemas de coluna e pulmonares por não estar sentado correctamente. A cadeira de rodas eléctrica prescrita pela médica para Fernando custa mais de 30 mil euros mas a família não tem dinheiro para a comprar. Por isso, começaram recentemente com uma campanha de recolha de tampinhas que levou a uma enorme onda de solidariedade em poucos dias.
Para conseguir a cadeira de rodas que Fernando precisa são necessárias cerca de 70 toneladas de tampinhas, existindo diversos pontos de recolha em Almeirim para o efeito. Fernando e Rita já entregaram o processo na Segurança Social para terem direito à comparticipação da cadeira de rodas prescrita pela médica mas avisaram logo que a entrega demorará pelo menos dois anos, tempo que Fernando não tem.
* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.