Sociedade | 27-11-2017 11:48

Projectos que promovem uso do pastoreio em Rio Maior

“Trata-se de uma rede colaborativa de diversas organizações que cooperam na permuta de conhecimento à volta do pastoreio extensivo como uma das possibilidades de intervenção das problemáticas dos fogos rurais”.

O uso de rebanhos de cabras na gestão de combustíveis e de habitats vai juntar quarta-feira, em Rio Maior, organizações que promovem o pastoreio extensivo como forma de prevenir os fogos rurais e assegurar a sobrevivência do mundo rural.

Inserido num projecto que a Rede Portuguesa de Pastoreio Extensivo candidatou ao Grupo Operacional da Rede Rural Nacional, o seminário “Cabras-Fogos-Gestão de Habitats”, que começa na aldeia de Chãos e prossegue nos Paços do Concelho, em Rio Maior, visa “dar visibilidade a quem, teimosamente, demonstra a viabilidade do mundo rural”, disse um dos promotores da iniciativa.

Júlio Ricardo, da direcção da cooperativa Terra Chã, disse que o encontro começará de manhã com um percurso com o rebanho da cooperativa em Chãos, a que se seguirá um almoço no restaurante que serve de suporte ao trabalho desenvolvido na aldeia.

À tarde, associações, empresas e municípios onde se utilizam rebanhos de cabras em pastoreio extensivo, sob a forma de pastoreio dirigido, vão dar a conhecer o trabalho da silvopastorícia que dinamizam, numa sessão que decorre na Câmara de Rio Maior.

“Trata-se de uma rede colaborativa de diversas organizações e entidades que cooperam na permuta de experiências e de conhecimento à volta do pastoreio extensivo como uma das possibilidades de intervenção das problemáticas dos fogos rurais”, disse.

Para Júlio Ricardo, “o abandono dos terrenos agrícolas, associados à agricultura familiar e de pequena e média escala, a substituição de culturas que ainda formavam um determinado mosaico agrícola, com faixas de descontinuidade que impediam a actual dimensão dos incêndios e a progressão dos matagais, contribuiu para a actual calamidade que todos os anos transformam o nosso país em triste notícia”.

Para dar visibilidade aos que procuram, no terreno, mostrar que o mundo rural é sustentável, o seminário vai dar a conhecer trabalhos como o que a Associação Territórios com Vida e a empresa familiar Quinta Lógica desenvolvem, no concelho de Arcos de Valdevez, com os seus rebanhos de cabras, ou da associação Montis, que, em Vouzela, gere “vastos terrenos, quer adquiridos pela associação, quer cedidos para gestão, conciliando as espécies, a intervenção e o fogo”.

Será ainda divulgado o trabalho da Associação Florestal Urze, que trabalha, na Serra da Estrela, com o seu rebanho de cabras “na manutenção das faixas de descontinuidade, tentando a minimização do impacto dos fogos rurais”.

No encontro estará ainda a Associação de Moradores da Aldeia da Ferraria de S. João, que resolveu intervir e criar uma zona de protecção à aldeia, arrancando os pés de eucaliptos em cerca de 6 hectares para colocar espécies autóctones e reintroduzir rebanhos de cabras e ovelhas para assegurar a limpeza pela pastagem, no âmbito de uma parceria entre o município de Penela e a Terra Chã “para aprendizagem recíproca sobre a utilização dos rebanhos”.

Da Galiza virá a cooperativa Monte Cabalar, que tem “uma experiência de gestão de milhares de hectares nos montes galegos, onde predominam, nas pastagens extensivas, o gado bovino e cavalar”, salientou.

O projecto desenvolvido pela Rede Portuguesa de Pastoreio Extensivo, em parceria com o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e o Instituto Superior de Agronomia, visa “a aprendizagem mútua, a conceptualização de um novo conceito de pastoreio, a disseminação e a aplicação das boas práticas identificadas”, afirmou.

Júlio Ricardo salientou o facto de o projecto não ter sido aprovado numa primeira fase de candidatura, “porque os decisores consideraram que havia falhas nos factores de inovação”, ao entenderem que não se apresentavam novos produtos nem novos resultados.

Contudo, frisou, a “visão de inovação” do projecto assenta no facto de colocar no centro o “uso inovador do pastoreio numa gestão do território socialmente mais útil e mais sustentável”, em detrimento de modelos de gestão e de modelos de comercialização.

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