Sociedade | 06-12-2017 13:45

Relatório sobre morte de peixes no Tejo confirma contaminação da água

"As análises não enganam. Há contaminação. E os peixes morreram por causa da eutrofização que é um fenómeno de poluição. Não há qualquer dúvida", disse Samuel Infante, da Quercus.

A associação ambientalista Quercus afirmou esta quarta-feira, 6 de Dezembro, que o relatório técnico-científico que aponta as microalgas como responsáveis pela mortandade de peixes no rio Tejo, em Vila Velha de Ródão, vem confirmar cientificamente a contaminação da água.

"As análises não enganam. Há contaminação [da água]. E os peixes morreram por causa da eutrofização que é um fenómeno de poluição. Não há qualquer dúvida", disse Samuel Infante, da Quercus.

O ambientalista reagiu ao relatório técnico-científico do Laboratório de Patologia de Animais Aquáticos pertencente ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que aponta as microalgas como responsáveis pela mortandade de peixes no rio Tejo, em Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco.

O documento explica que nos ecossistemas aquáticos em processo de eutrofização, especialmente em períodos de temperaturas elevadas, como aquele que se registou e com ausência de pluviosidade, ocorre o desenvolvimento de grandes proliferações de fitoplâncton, ‘os blooms' que causam a morte dos peixes.

"Em 20 Setembro e 17 Outubro passados foram analisadas amostras de peixe com a mesma proveniência do peixe desta amostra, tendo sido elaborados os respectivos relatórios e onde consta ter sido identificada a alga acima referida [Cyanobacteria]", lê-se no documento.

Samuel Infante explica que, se as águas fossem limpas, o problema não se colocava.

"A desculpa de que há barragens e que se faz a eutrofização das águas, pois faz. As barragens ajudam a eutrofização, mas só ajudam se houver condições e uma delas é haver poluentes na água. Se a água vier limpa, não há ‘cyanobactérias’", sustenta.

Sublinha ainda que os peixes morreram devido à contaminação da água e realça que o relatório confirma cientificamente aquilo que toda a gente já sabe e que é visível pelos fenómenos de poluição no rio Tejo.

"É mais uma prova em que, neste caso, [morte dos peixes], houve uma consequência directa, visível e comprovável da poluição das águas [do rio Tejo]", frisou.

O ambientalista explica ainda que quando se apontam as microalgas como responsáveis pela morte dos peixes, a questão é saber de onde é que surgiram essas algas, porque é que existem algas no rio.

"É por causa das barragens e do calor? Então, mas se a água for limpa e houver barragens e calor não surgem ‘cyanobactérias’. O que acontece é que acelera o processo de degradação da qualidade da água. Tendo águas paradas, a poluição vai-se acumulando. São zonas com mais sensibilidade e probabilidade de haver estes fenómenos. Acontece, porque há poluição", afirma.

Samuel Infante não tem quaisquer dúvidas e afirma mesmo que claramente há problemas e que eles estão perfeitamente identificados.

"É só ler o relatório. Não há qualquer dúvida. E só ler as análises. Mais uma vez se comprova que há um problema no Tejo que é preciso resolver de uma vez por todas", conclui.

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