Sociedade | 07-12-2017 18:17

Níveis de água subterrânea na bacia do Tejo com "descidas significativas"

A descida do nível de água subterrânea pode conduzir a que as captações de água de menor profundidade fiquem secas e que se comecem a utilizar as reservas.

Os níveis de água subterrânea têm tido “descidas significativas” ao longo dos últimos meses na bacia hidrográfica do Tejo, sendo semelhantes à seca de 2004-2005 e, “nalguns casos, mesmo inferiores”, disse fonte da APA.

O Departamento de Comunicação e Cidadania Ambiental da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmou que a diminuta precipitação do último ano hidrológico e as utilizações existentes levaram a “descidas significativas” dos níveis de água subterrânea, “tanto nos sistemas aquíferos como no interior da região, nas formações do Maciço Antigo”.

“A descida dos níveis piezométricos (nível de água subterrânea) pode conduzir a que as captações de água de menor profundidade fiquem secas e que se comecem a utilizar as reservas”, podendo também ocorrer “com maior frequência furos improdutivos”.

A APA sublinha que, “enquanto não ocorrer precipitação significativa passível de repor as reservas hídricas (tanto superficiais como subterrâneas), torna-se importante preservar as águas subterrâneas existentes, de modo a auxiliar e a suprir as necessidades de água que possam surgir”.

Os níveis de águas subterrâneas são medidos mensalmente há mais de 15 anos, havendo locais da bacia do rio Tejo onde as medições começaram na década de 1980, permitindo o acompanhamento da situação ao longo do tempo, acrescentou a fonte.

No caso da bacia hidrográfica do Tejo, existem “formações geológicas de fraca aptidão aquífera (correspondentes ao Maciço Antigo), que ocorre no interior da bacia”, e sistemas aquíferos (junto ao rio Tejo e na região oeste), que “devido à sua capacidade de armazenar água têm maior aptidão em termos de regularização interanual”, sublinha.

Nas formações geológicas do Maciço Antigo, muito dependentes da precipitação, “a situação das disponibilidades hídricas subterrâneas é preocupante”, enquanto nos sistemas aquíferos se verifica uma descida dos níveis de água subterrânea quando há “anos seguidos de menor precipitação”.

Quanto às albufeiras, a APA adianta que das 19 que na região da bacia hidrográfica do Tejo possuem capacidade de armazenamento significativo, apenas seis - uma delas no distrito de Santarém (Magos) - apresentam percentagens de armazenamento total abaixo dos 40%.

Sob vigilância estão as albufeiras de Divor (rega), no distrito de Évora, de Santa Luzia (abastecimento e energia), no distrito de Coimbra, do Maranhão (rega) e de Póvoa e Meadas (abastecimento e energia), ambas no distrito de Portalegre, de Cova Viriato (abastecimento), no distrito de Castelo Branco, e Magos (rega), no distrito de Santarém.

A APA adianta que a continuidade da situação de seca levou a Comissão Interministerial para a Seca, criada em junho, a aprovar um conjunto de medidas no passado dia 30 de outubro, estando a situação a ser acompanhada a nível nacional.

Esse acompanhamento passa por “uma análise cuidada e constante da evolução dos níveis de armazenamentos das albufeiras em estreita articulação com os diferentes utilizadores, de forma a promover um uso racional da água e minimizar os efeitos nas actividades, garantindo sempre as necessidades dos usos prioritários”, salienta.

Numa reunião recentemente promovida pela Câmara do Cartaxo para analisar a situação na região, envolvendo um conjunto de entidades, o responsável da Administração de Região Hidrográfica (ARH) do Tejo afirmou que a situação nesta zona se agravou entre Outubro de 2016 e Outubro de 2017.

Segundo os dados apresentados nesse encontro por Carlos Castro, divulgados numa nota do município, os níveis piezométricos inferiores ao percentil 20 passaram de 17% em 2016 para 60% em 2017, sendo a situação mais preocupante na margem direita do Tejo.

O responsável afirmou que a situação na região não se encontra "ainda em zona crítica", mas defendeu a necessidade de medidas para uma "utilização racional da água", adiantando que foi articulada com a EDP a libertação de caudal em mais períodos durante o dia nas barragens de Fratel e Belver, e que estão a ser instalados dispositivos para libertar caudais ecológicos nas de Castelo do Bode e Pracana.

O percentil 20 é um indicador que reflecte se os níveis de água subterrânea apresentam descidas significativas e resulta de um cálculo estatístico efectuado mensalmente em cada estação de monitorização.

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