Sociedade | 11-12-2017 15:04

“Aprendi em criança que nas touradas só se deve aplaudir o que for bem feito”

“Aprendi em criança que nas touradas só se deve aplaudir o que for bem feito”
TRÊS DIMENSÕES

Nelson Lima, presidente da Associação das Tertúlias Tauromáquicas

Tem sessenta e três anos e vive em Vila Franca de Xira desde os nove. Foi para lá quando os pais se mudaram de Lisboa, onde ele tinha nascido, por terem ido trabalhar para uma fábrica de automóveis. É apaixonado pelas tradições populares e pela tauromaquia. É presidente da Associação das Tertúlias Tauromáquicas do concelho e diz que elas todas juntas são um verdadeiro museu vivo da tauromaquia. A sua tertúlia – O Aficionado – é actualmente o seu escritório.

Fui piloto da marinha mercante durante anos. Era um trabalho desafiante e bom. Estou a falar da década de 70 porque hoje a Marinha Mercante nacional praticamente desapareceu. Devo ter sido dos últimos a trabalhar numa companhia de bandeira nacional. Isso não me dá orgulho nem tristeza. Não olho para o passado com saudade nem me arrependo das opções que tomo. Ou aproveitamos o momento certo para decidir ou então não vale a pena ficar a pensar nisso.

Detesto o oportunismo e a má formação. Estou cansado das trafulhices que são feitas em Portugal. Infelizmente isto não tem solução. Hoje vejo um conjunto de “boys” a fazer pior que os políticos que conheci quando tive a minha fase revolucionária em 1974.

Através das suas tertúlias Vila Franca de Xira tem um Museu da Tauromaquia com cinquenta e duas delegações. Umas são melhores que outras mas todas boas. As tertúlias nascem por todo o lado. A associação tem trinta e quatro inscritas e outras duas em vias de se associarem. Para mim uma tertúlia tem de englobar cultura, tradição e tauromaquia.

É preciso que as tertúlias estejam abertas. Quem mais tem divulgado as tertúlias até ao dia de hoje tem sido o clube de campismo As Sentinelas. As tertúlias têm de se dar a conhecer. Sei que hoje há um conjunto de pessoas que não aceita bem este tipo de tertúlia face a determinados preconceitos mas há lugar para todos.

Nunca gostei de me promover. Nunca decido sozinho, gosto de falar com os colegas da associação. Nós temos uma reivindicação, que é a associação dever estar representada nas comissões que dão origem ao Museu da Tauromaquia. Gostava de ver um museu em Vila Franca de Xira. Mas não sou a favor de um “museu armazém”. Um museu tem de ser um espaço interactivo, com um ou outro espólio de uma ou outra personalidade e depois criar dinamização para ser visitado.

A associação das tertúlias foi criada em Fevereiro de 2017. Queremos que as tertúlias sejam consideradas uma mais-valia para o turismo e a divulgação da cultura tauromáquica. O concelho tem esta mais-valia turística e ainda não tirou proveito dela.

Como aficionado não gosto de ver um picador em Espanha a não picar como deve ser. Também não gosto de ver um matador de toiros a não matar à primeira nem à segunda. Em Portugal detesto ver um cavaleiro sem o tricórnio. Faz parte da indumentária. Não usar o tricórnio é como ir tourear de calças de ganga.

Em criança, um velhote sentou-me ao lado dele numa tourada e só me deixava bater palmas quando ele o fazia. E foi-me explicando porquê. Temos que ter sentido crítico. Não se aplaude o que é mal feito. Aprendi muito quando era criança a ver as corridas com os mais velhos.

Respeito os anti-taurinos e só quero que me respeitem a mim também. Infelizmente há aficionados que conseguem estragar a festa melhor que os anti-taurinos. Querem mesmo dar cabo da festa mas à maneira deles. Se a festa um dia acabar é por causa desses aficionados.

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