Sociedade | 13-12-2017 12:29

Comércio do centro histórico de Santarém não espera melhoria do negócio no Natal

Comércio do centro histórico de Santarém não espera melhoria do negócio no Natal

O programa que a Câmara Municipal dinamiza nesta época “tem o seu interesse”, apresentando algumas melhorias mas para alguns comerciantes "ainda é pouco”.

O comércio tradicional no centro histórico de Santarém não está a sentir o alegado fim da crise económica dos últimos anos, com os comerciantes a esperarem uma época de Natal “muito idêntica ao ano passado”.

“Diz-se que a crise acabou, mas no sector não se nota grande diferença”, disse José Wenceslau, proprietário de uma mercearia em pleno centro histórico da cidade e membro da direcção da Associação de Comerciantes da região.

Para o proprietário da Pérola do Ribatejo, estabelecimento aberto há quase 70 anos na rua Capelo e Ivens e que José Wenceslau procurou ir adaptando aos novos hábitos de consumo, nomeadamente fazendo entregas ao domicílio, às mudanças trazidas pelas grandes superfícies juntou-se o facto de as pessoas terem “ido embora” do centro histórico, com a agravante das dificuldades de estacionamento.

“O centro histórico tem boas lojas, tem mesmo o melhor comércio da cidade, mas é difícil atrair as pessoas”, disse, sublinhando que os novos habitantes, sobretudo os mais jovens, “estão pouco familiarizados com o centro histórico”.

“Também não tem havido grande interesse em fazer qualquer coisa que crie atractivos”, declarou, frisando as tentativas infrutíferas junto da empresa que gere o estacionamento tarifado para a criação de um cartão pré-pago que os comerciantes possam oferecer aos clientes, tendo em conta os “custos elevados” praticados.

O programa que a Câmara Municipal dinamiza nesta época “tem o seu interesse”, apresentando este ano algumas melhorias, nomeadamente na iluminação e nas actividades programadas, “mas ainda é pouco”, disse, defendendo uma actuação ao longo de todo o ano que leve “as pessoas a saberem que o comércio no centro histórico é melhor”.

O facto de o grosso das iniciativas programadas se iniciarem na quinta-feira é, para vários dos lojistas contactados “demasiado tardio”.

“É muito em cima. Preferia que tivesse começado duas semanas antes e, em vez de se prolongar até 06 de Janeiro, terminar no final do ano”, disse a proprietária da Loja da Lena, no n.º 47 da rua Serpa Pinto (rua Direita).

Confessando-se “muito desanimada, triste mesmo”, porque “não há gente” e quem passa na rua “não entra nas lojas”, Helena Castelo referiu que a situação chega a ser “assustadora”, restando a esperança de “salvar o ano” com a ‘casinha’ que vai ter, juntamente com o artesão da loja ao lado, no Largo do Seminário, a partir de quinta-feira.

“Não há crise. As grandes superfícies estão à pinha. O centro histórico é que está vazio”, disse, por seu turno, Teresa Garcias.

Também o seu estabelecimento, de venda de flores, sobrevive dos “poucos clientes” e das encomendas, muitas vezes feitas por telefone, porque “as ruas estão vazias”.

Para a proprietária da Ornamenta, as iniciativas para esta época são tardias e não foram pensadas para o comércio tradicional.

“Estamos a 15 dias do Natal e não há pessoas, não há vendas”, disse, salientando igualmente o arrastar de problemas há muito identificados, como o estacionamento e o abandono do centro histórico, que “mete pena” de tão “porco e moribundo”.

A Câmara de Santarém dinamiza, desde o início do mês e até 06 de Janeiro, uma iniciativa que designou por “Reino de Natal” e que terá na quinta-feira o primeiro dia de “muitas actividades”, com a chegada do Pai Natal, a inauguração do mercadinho com “casinhas nórdicas” para vendas de Natal, no Largo do Seminário, e de barraquinhas de “Christmas Street Food”, no Largo Padre Chiquito, a abertura de uma exposição com 400 presépios no Palácio Landal e de um “pinhal de Natal” feito com materiais reciclados no Jardim da Liberdade.

À iluminação inaugurada no início do mês, juntam-se espectáculos e concertos, salientando os lojistas o facto de muitas destas iniciativas se realizarem à noite.

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