Sociedade | 23-12-2017 09:32

“Nem todos têm perfil para ser agente funerário”

“Nem todos têm perfil para ser agente funerário”
IDENTIDADE PROFISSIONAL

António Serrão trabalha numa agência funerária, é autarca, dirigente associativo e ainda tem tempo para ser bombeiro voluntário.

António Serrão, 40 anos, é um autêntico homem dos sete ofícios. Trabalha numa agência funerária em Coruche, é bombeiro voluntário, faz parte do executivo da União de Freguesias de Coruche, Fajarda e Erra, integra a direcção do Rancho Folclórico da Fajarda e faz ainda parte dos órgãos sociais do Centro Social de Cultura e Desporto Montinhos dos Pegos – Coruche, da Federação Portuguesa de Atletismo e da Associação Trail Running Portugal, praticando esta modalidade no clube “Os Águias” de Alpiarça. Se, no início era difícil conciliar tudo, agora já não lhe custa. Basta saber gerir horários e saber dar o melhor.


Nascido e criado na aldeia de Fajarda, concelho de Coruche, António Serrão foi sempre uma criança mexida e sociável, tanto que ainda hoje gosta de se meter em tudo e com todos. Apoio é o que nunca faltou ao coruchense por parte da sua mãe, que trabalhava no campo e vendia peixe e fruta de porta em porta, tendo começado a trabalhar aos 14 anos como aprendiz de cozinheiro no restaurante “Aliança” e tirado o curso de profissional de restaurante e bar.


Entretanto, como sempre gostou de frequentar bares e discotecas em Lisboa com amigos, recebeu, um dia, um convite para ajudar num bar lisboeta e não pensou duas vezes. Esteve à altura do desafio e surgiram-lhe novos convites, desta vez para trabalhar como barman e como relações públicas em várias casas de diversão nocturna, nomeadamente no Montijo, em Almeirim, em Coruche e no Cartaxo.


Além disso, ainda foi locutor na Rádio Sorraia entre 1992 e 2001, fez moda, representação em televisão e apresentação de concertos. Em 2003 decidiu entrar para os Bombeiros Voluntários de Coruche. “Para além de ter muitos amigos que eram bombeiros, achei que devia tornar-me mais útil. Então, fiz a minha inscrição e entrei na formação”.

Empresário, autarca e bombeiro
Actualmente, é bombeiro de 3.ª classe, pertence ao executivo da União de Freguesias de Coruche, Fajarda e Erra como vogal, responsável pelas áreas da cultura e do desporto, e é funcionário numa agência funerária em Coruche que herdou da mãe, que a adquiriu cinco anos antes de falecer. As suas funções passam pelo escritório mas, quando é necessário, ajuda no tratamento e preparação dos falecidos. Algo que não o incomoda, pois entende que é uma função necessária na sociedade e deve ser vista e respeitada como uma outra qualquer profissão.


Entre alegrias e tristezas, histórias é o que não faltam ao coruchense de 40 anos que já teve oportunidade de trabalhar com actrizes, modelos, músicos e cantores bem conhecidos durante o seu trabalho na noite. Uma vez, conta, “no final de uma noite de trabalho fui buscar o meu casaco, tirei dentro dele a chave do carro e iniciei a viagem para casa. Quando ia a meio da viagem começo a ver que tinha algo no carro que não era meu mas, como tinha dado boleia a uns amigos para lá, pensei que seria deles. Estava a chegar já a casa e toca o telemóvel. Era um colega meu a perguntar como fui para casa e logo lhe respondi que fui no meu carro. Ele começou a rir-se e foi quando me disse que o carro que tinha levado era sim o dele e o meu estava no parque de estacionamento. Resultado: os nossos carros eram iguais, os casacos eram iguais e as chaves iguais também”.


António Serrão não tem dúvidas que nem todas as pessoas têm o perfil para trabalhar numa agência funerária, pois lida-secom sentimentos de revolta, de perda, de tristeza e de dor e são elas que têm de ajudar e minimizar a muita burocracia que se trata num funeral. “Temos que acima de tudo ter coração, ter sensibilidade e mostrar que estamos disponíveis para ajudar com as nossas competências”.


E se as condições antigamente não eram as melhores agora, acredita, estão felizmente a mudar já que começou a ser obrigatório os agentes funerários terem cursos técnicos para exercer a profissão. “Assim é que faz sentido, pois quanto mais profissionais e competentes somos mais qualidade temos para apresentar e mais valor recebemos dos olhos das pessoas”, acredita.

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