Sociedade | 29-12-2017 17:26

Para preservar a saúde mental não trato de problemas da escola fora dela

Para preservar a saúde mental não trato de problemas da escola fora dela
TRÊS DIMENSÕES

Isabel Estevinha, Directora do Agrupamento de Escolas de Alhandra, Sobralinho e São João dos Montes

Isabel Estevinha nasceu em Lisboa e vive em Vila Franca de Xira há mais de 15 anos. Começou por ser arqueóloga mas acabou por enveredar pelo ensino. É directora do Agrupamento de Escolas de Alhandra, Sobralinho e São João dos Montes, concelho de Vila Franca de Xira, que tem mais de mil e trezentos alunos. Diz que é urgente reconhecer o empenho e dedicação dos professores. Viajar é uma das suas grandes paixões.

Para preservar a minha saúde mental não falo de assuntos da escola fora da escola. Os meus tempos livres são todos preenchidos com outras actividades. Nessas alturas não sou professora nem directora.

Vivemos num período de desvalorização social do professor. Isso leva a que alguns alunos e pais sejam muito agressivos quando nos contactam. Há quem não saiba colocar as questões de uma forma civilizada e dialogante. Isso está a matar a nossa escola. Os professores estão a ser sujeitos a uma carga emocional grande, que os afecta e impede de fazerem melhor trabalho.

Apesar das dificuldades os nossos resultados do nono ano são dos melhores do concelho. Isso só é possível porque temos um corpo docente de grande qualidade e muito empenhado. É por isso que por vezes me revolta a falta de reconhecimento. Há um fraco reconhecimento da importância que a escola tem na vida de todos.

Viajar é para mim uma necessidade intrínseca. Das viagens que já fiz espantei-me com Nova Iorque. Tinha uma imagem muito negativa da cidade e mudei-a completamente. Estive no World Trade Center dias antes de acontecer o atentado de 11 de Setembro de 2001.

Inicialmente fui arqueóloga e por causa disso conheci sítios que pouca gente conhece. Andar de jipe com carta militar, no meio de uma floresta da Beira Alta, por exemplo, é algo único. A arqueologia dá-nos a possibilidade de compreender o que se passou por cá antes da nossa chegada. Obviamente que não há arqueólogo que fique contente quando passa uma semana a escavar sem encontrar nada.

Um dia a escavar encontrei uma peça inteira “in situ”. Algo que não foi perturbado desde o momento da sua deposição até à chegada do arqueólogo. Foi um momento único.

Gosto de ir a Lisboa passear, ler e andar de bicicleta. Temos uma área ribeirinha de eleição. Alhandra é a minha segunda casa. E não há nada que saiba tão bem como estar em casa. Também gosto de ir a Lisboa passear. E gosto de ler e de andar de bicicleta.

A nossa escola tem alunos de áreas rurais, piscatórias e urbanas. Temos uma escola pública como ela deve ser. Nela estão representadas todas as sensibilidades e pessoas de todas as classes como iguais. Temos criado dimensões alternativas, mais formativas e ligadas ao mundo do trabalho. E temos gerado vocações com grande sucesso. Temos recuperado alunos que à partida não tinham esperança nem projectos de vida.

Funcionamos em instalações com 30 anos. Esta escola deu resposta às necessidades na altura mas já não responde às necessidades da escola do século XXI. Não basta dizer que queremos trabalhar com essas competências, é preciso espaços para isso. O nosso clube de teatro é o mais antigo do concelho.

Não é só aprender, é o que se aprende. Para poderem ser bons cidadãos e terem participação cívica, damos aos alunos capacidades para terem no futuro respostas para os problemas que a nossa sociedade terá. Garantimos a qualidade das aprendizagens e isso para nós é ponto assente.

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