Sociedade | 16-02-2018 19:10

Património histórico da Póvoa condenado à ruína devido a burocracia do Estado

Património histórico da Póvoa condenado à ruína devido a burocracia do Estado
Património da Póvoa de Santa Iria espera por autorizações do Governo

Município não consegue autorização para recuperar lapa e oratório quinhentista.

A lapa do Senhor Morto e o oratório de São Jerónimo, dois dos mais importantes elementos patrimoniais da freguesia da Póvoa de Santa Iria e do concelho de Vila Franca de Xira, estão há décadas à espera de autorização para serem recuperados. Tudo porque a Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) tem recusado emitir pareceres favoráveis que permitam ao município intervir no local.


A burocracia tem sido tal que a cada ano que passa o município perde a esperança de poder vir a intervir. Há cerca de dois anos chegou a haver uma aprovação de princípio para os trabalhos poderem avançar mas depois, na prática, aquele organismo voltou a emitir parecer desfavorável final.


“Por vontade da câmara isto estava resolvido há 12 anos. Não está porque os pareceres da DGPC são impeditivos que a obra se realize”, lamentou António Oliveira, vice-presidente da câmara, na última reunião pública do executivo. “Dentro de algumas entidades temos azar com os pedidos, que vão sempre parar à mesma pessoa. Dos trabalhos de drenagem autorizaram mas da obra em si nada. É uma luta que cansa mas que havemos de fazer”, declarou o autarca, salientando ainda o facto de que, se a câmara intervir no local sem parecer favorável, incorre num crime de desobediência.


Do lado da CDU, também o vereador Mário Calado considerou o grau de degradação “inacreditável” desse património e vincou que é preciso “denunciar” o que está a acontecer. Além do “mau aspecto” geral daquele património, uma das casotas ali existentes está, para o autarca, num estado “miserável”. O MIRANTE contactou a DGPC mas não obteve qualquer resposta sobre este assunto.

Património com séculos
A lapa e o oratório estão situados dentro da Quinta Municipal da Piedade, um espaço gerido pela câmara. O oratório, edificado entre 1530 e 1540 para que o solitário camareiro-mor realizasse as suas preces, chegou a ser usado em algumas ocasiões por um sem-abrigo. O tapume colocado por cima do oratório também cedeu nos últimos anos devido à queda de uma árvore, deixando-o exposto à chuva. Em 1983 os azulejos do interior da nave foram furtados e em 1996 foi roubada uma pedra em forma de concha que sobrepujava o brasão do pórtico.


A lapa do Senhor Morto foi retirada há vários anos para sofrer um restauro. A peça escultórica recria o local e os momentos que antecedem o sepultamento de Jesus. Devido ao facto de a imagem não se encontrar no local há vários anos já são muito poucos os que se deslocam ao monumento para prestar culto à imagem.

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