Sociedade | 22-02-2018 07:13

“Somos todos licenciados em futebol e em religião”

“Somos todos licenciados em futebol e em religião”
José Carlos Madeira é empresário em Santarém há muitos anos

José Carlos Madeira é um empresário de Santarém com sessenta anos de trabalho acumulados.

Recentemente passou o negócio ao filho e ficou com mais tempo para dedicar a outros interesses. Leitor desde sempre, critica um povo que sabe ler mas não lê, logo não estimula a reflexão e o espírito crítico. Uma conversa com um homem que sempre viu muito para além do balcão da sua loja.

As comunidades constroem-se e florescem com o somatório de muitos homens como este: trabalhadores, interessados, determinados e resilientes. José Carlos Madeira, 74 anos, foi até há pouco tempo dono de uma loja de venda de peças para automóveis em Santarém, negócio que passou ao filho mas que continua a acompanhar, embora sem horários tão rígidos. É um sobrevivente a crises, à carga fiscal elevada, aos juros altos e também aos calotes que alguns clientes foram deixando. Mas nada disso lhe fez soçobrar o ânimo diário de abrir a porta da Gigapeças, no populoso bairro de São Domingos, em Santarém, cidade onde reside.


José Carlos Madeira nasceu na aldeia de Abitureiras, no concelho de Santarém, em 20 de Março de 1943. Começou a trabalhar aos 14 anos numa loja de peças de automóveis em Santarém e nunca mais se desligou do ramo, primeiro como funcionário, depois como sócio e patrão, mas sempre conseguiu ver para além do balcão do seu estabelecimento. A leitura, que continua a praticar com assiduidade, abriu horizontes, estimulou a reflexão, deu alento para explorar outras áreas do conhecimento, como a astronomia. Aos 10 anos já pedia ao pai para lhe trazer o jornal quando ia às feiras a Santarém ou a Rio Maior. Hoje, diz, com ironia, “somos um povo que sabe ler mas não lê” e em que “todos somos licenciados em futebol e religião”.


A infância foi passada no campo, em Abitureiras, onde ajudava os pais nas lides agrícolas. Esse interesse permanece actual. Ainda amanha as terras que herdou. Semeia cereais e abastece-se de frutas e legumes na suas propriedades. Diz que as terras, embora não dêem lucro, têm uma função social: para além de estarem a produzir ajudam a movimentar dinheiro com sementes, adubos e mão-de-obra, sendo um pequeno contributo para estimular a economia local. A terra acaba também por ser um escape para a rotina diária da empresa e os fins-de-semana são passados habitualmente em Abitureiras.

Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE AQUI

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