Sociedade | 30-04-2018 07:35

Trabalhar nos Estados Unidos da América sem sair de Santarém

Trabalhar nos Estados Unidos da América sem sair de Santarém
FOTO O MIRANTE

Pedro Oliveira é funcionário de uma empresa de consultoria na área da indústria farmacêutica com sede em Memphis, no Tennessee, EUA.

Levanta-se todos os dias de manhã, veste-se e prepara-se para trabalhar mas não tem que sair de casa. Pedro Oliveira trabalha para uma empresa de consultoria da indústria farmacêutica nos Estados Unidos da América (EUA) mas, ao contrário do que aconteceu com muitos portugueses, não teve que emigrar. A sala de casa é o seu local de trabalho, em Santarém. Em cima da mesa está um computador portátil com dois ecrãs, um telefone ligado ao auricular. É tudo o que precisa para trabalhar. É habitual estar a trabalhar ao telefone a falar com clientes norte-americanos enquanto olha pela janela e observa os seus borregos e ovelhas a pastarem no quintal.

Pedro Oliveira tem 34 anos e é licenciado em Farmácia pela Universidade Lusófona, em Lisboa. Começou por trabalhar na área da farmácia comunitária, onde esteve durante cinco anos. Estava a trabalhar numa consultora, no Estoril, quando decidiu responder a um anúncio de emprego do jornal Expresso. A empresa americana estava à procura de profissionais para trabalho de curto prazo. “Na época da gripe precisam de reforçar as equipas de profissionais e por isso puseram o anúncio”, explica Pedro Oliveira a O MIRANTE.

Os contactos com a empresa foram todos feitos através de telefone ou videochamadas. Foi contratado sem nunca ter precisado de se deslocar aos EUA. “Sempre quis ter uma experiência internacional e queria sair da empresa onde estava. E esta oportunidade tinha uma coisa boa para mim que era ter essa experiência internacional sem ter que sair de Portugal, porque nunca tive vontade de emigrar”, conta.

O jovem farmacêutico decidiu arriscar e aceitou o desafio. Começou por fazer um contrato por um período de seis meses. Ficou a trabalhar na área da informação médica. “As empresas farmacêuticas norte-americanas têm uma linha de informação médica para esclarecimento a profissionais de saúde e a doentes. Por exemplo, na área da gripe, um profissional de saúde ligava porque tinha um doente com uma reacção alérgica a um determinado componente. Queria saber se determinado medicamento tem esse componente para poder administrar ou não a esse paciente. Querem confirmar as situações e perguntam também sobre os efeitos adversos dos medicamentos. Eu tenho que responder. Tenho que saber onde procurar a informação o mais rápido possível para poder esclarecê-los”, explica Pedro Oliveira.

O contrato de seis meses terminou e o farmacêutico assinou um novo contrato, desta vez permanente, o que lhe dá mais segurança. Agora, está a trabalhar nas áreas da Hematologia (cancros líquidos), Distrofia Muscular de Duchenne (doença rara) e Dermatologia. Pedro começa a trabalhar às 14h00 e termina às 22h30. Tem meia hora para almoçar, seguindo o horário de trabalho norte-americano. Pode fazer pausas pessoais de cinco minutos.

Não tem quem vigie o seu trabalho directamente mas tudo o que faz fica registado num programa que indica sempre o que estão a fazer, incluindo se estiverem em pausa. Confessa que a parte mais dura foi habituar-se ao horário de trabalho. Integra a equipa americana mas nunca conheceu os seus chefes porque nunca houve necessidade de se deslocar aos EUA, sendo o único estrangeiro na sua equipa.

Nos meses em que trabalhou com a Gripe atendia cerca de trinta chamadas por dia. Actualmente, atende entre 10 a 15 chamadas por dia mas o tipo de trabalho é mais complexo e o número de clientes é maior.

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.

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