Jornalistas que trabalham em Investigação vão ter apoio da Gulbenkian
Pedro Norton diz que em Portugal faz-se bom jornalismo de investigação e que as bolsas pretendem ajudar ao financiamento desse trabalho que, regra geral, depende financeiramente da publicidade.
A administração da Fundação Calouste Gulbenkian apresentou esta quinta-feira, 17 de Maio, em Lisboa, um programa de concessão de bolsas no valor de cento e cinquenta mil euros para jornalistas de investigação.
A cerimónia contou com a intervenção de Isabel Mota e Pedro Norton, da administração da Fundação. Francisco Pinto Balsemão e Paulo Portas falaram de democracia e jornalismo, com moderação de António José Teixeira, para uma plateia maioritariamente composta por jornalistas e profissionais ligados aos Media.
Cristina Ferreira, Miguel Carvalho e Pedro Coelho, três conhecidos jornalistas de investigação, encerraram o programa com um debate onde falaram da profissão.
Pedro Norton justificou a atribuição destas bolsas afirmando que em Portugal faz-se bom jornalismo de investigação e que estes apoios são uma forma de financiar a profissão sem a tradicional dependência da publicidade de que vivem todas as redacções.
Francisco Pinto Balsemão referiu-se por várias vezes ao domínio avassalador do Google e do Facebook que facturam milhões em todos os países do mundo, pagando impostos risíveis e usurpando matérias editoriais.
"A existência de empresas como a Cambridge Analytica faz com que hoje estejamos a escrever a História de uma forma diferente, pois é sabido que a empresa teve influência na eleição do actual presidente dos Estados Unidos da América, assim como no referendo em Inglaterra que levou o país para o Brexit", afirmou.
Paulo Portas disse recear cada vez mais a falta de intermediação entre os jornalistas e os leitores, com o crescimento das redes sociais, e não se ficou por este exemplo, afirmando que o mesmo se passa cada vez mais entre eleitores e os políticos.
Paulo Portas disse que a prevalência das redes sociais na vida das pessoas faz-nos ter muitas dúvidas sobre o que será a democracia daqui a vinte anos e que, de certa forma, os jornais tradicionais já foram colonizados pelas novas formas de comunicar na internet.
Para o ex-jornalista a revolução apregoada pelos novos actores das redes sociais é muito perigosa. "Não confio nestes revolucionários já que vivemos num tempo e num mundo em que o acertado é fazer reformas e não mudar tudo com revoluções", concluiu.
Pedro Coelho, jornalista de investigação da SIC, assumiu no debate a três que “o jornalismo de investigação é suficientemente valorizado mas insuficientemente praticado” e defendeu ainda que “os jornalistas se rendem muitas vezes, demasiadas vezes, aos problemas da falta de tempo e custo do trabalho”.