Sociedade | 09-07-2018 06:14

Ex-combatentes chamados a falar de amor em residência artística no Cartaxo

Ex-combatentes chamados a falar de amor em residência artística no Cartaxo
Elisabete Paiva, directora artística da Materiais Diversos

A iniciativa é da associação Materiais Diversos que este ano não realiza o festival de artes com o seu nome, que passou a ser bienal.

A associação Materiais Diversos está a convidar antigos combatentes a participarem na criação do espectáculo “Amores Pós-Coloniais”, que a companhia Hotel Europa começará a preparar em Julho no concelho do Cartaxo.
Elisabete Paiva, directora artística da Materiais Diversos (MD), disse que a companhia vai realizar uma residência artística em Pontével, no concelho do Cartaxo, de 17 a 23 de Julho, aproveitando a concentração de várias pessoas regressadas de África na zona, a que quer juntar antigos combatentes na guerra colonial, numa “reflexão sobre como se vivia o amor, o que era ou não permitido, relações legítimas e ilegítimas, os filhos que nasceram dessas relações”, que servirá de base para o espectáculo a estrear no início de 2019.
O desafio lançado aos ex-combatentes – em https://www.facebook.com/materiaisdiversos.associacaocultural/ - surgiu da percepção de que estes são “pouco chamados a falar e, quando são, é sempre sobre o combate, a perda”, sendo objectivo conhecer as suas experiências “mais do lado afectivo, amoroso, seja sobre a relação com as namoradas que ficaram cá, seja com as que deixaram lá”, disse.
Elisabete Paiva salientou que a residência artística que vai decorrer no Centro Cultural de Pontével será uma das três programadas pela associação para Julho na região, sendo que o Teatro do Vestido irá fazer um trabalho de pesquisa no concelho de Alcanena e Maurícia Neves (dança) estará no Centro Cultural do Cartaxo.
Festival Materiais Diversos de dois em dois anos
Este será o primeiro ano sem o Festival Materiais Diversos, que se realiza desde 2009 na região, iniciativa que passa a ter uma duração bienal, de acordo com um “redesenho do projecto” que será apresentado a 21 de Setembro, em Minde (Alcanena).
A existência de “muita programação regular” que a MD assegura nos concelhos de Alcanena e Cartaxo é uma das razões para esta alteração na periodicidade do festival, a par do surgimento de novos projectos, como os “Filhos do Meio”, explicou Elisabete Paiva.
Este projecto, criado exclusivamente para o distrito de Santarém, para pessoas do ou a viver neste território, resulta da “consciência de que as condições são diferentes para quem trabalha fora dos grandes centros”. Contando com as parcerias do Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde, e do festival Bons Sons, de Cem Soldos (Tomar), onde os dois primeiros trabalhos contemplados com uma bolsa da MD serão apresentados (em Julho e Agosto), a qualidade das candidaturas foi “uma agradável surpresa”.
Um dos projectos está a ser desenvolvido pela coreógrafa Susana Gaspar com grupos folclóricos das serras de Aire e Candeeiros, com a participação de Edgar Valente, que se tem dedicado à investigação de músicas tradicionais.
No outro, “Senso”, do Coletivo 249, jovens da área das artes visuais estão a fazer inquéritos na zona de Torres Novas e de Alcanena, em vários formatos, “para compreender melhor a ligação” da população à cultura, num trabalho que inclui a troca de objectos e de que resultará uma instalação, acrescentou.

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