“Portugal costuma homenagear a título póstumo, mas com José Saramago foi diferente”
António Costa e Pilar del Río estiveram na Azinhaga pelas comemorações dos 20 anos de atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago.
“Portugal tem a mania de homenagear a título póstumo, mas com José Saramago foi diferente. Ele teve a sorte de receber prémios e ser reconhecido antes de morrer”. Foi o que afirmou o presidente da Câmara de Golegã, Veiga Maltez, no domingo, 7 de Outubro, após um passeio pelo passadiço junto ao rio Almonda, em Azinhaga (Golegã), e uma visita à Fundação José Saramago, acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa, e da presidente da Fundação Saramago, Pilar del Río.
Este foi o segundo dia das comemorações dos 20 anos de atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago. Ainda no sábado, António Costa e Pilar del Río estiveram em Lanzarote (Canárias) onde visitaram a Fundação César Manrique, seguida de uma visita à casa onde Saramago viveu.
Para Veiga Maltez, é um orgulho que alguém do concelho da Golegã tenha ganho o Prémio Nobel da Literatura, ainda por cima, tendo nascido numa família humilde e com dificuldades financeiras. “Golegã não tem só cavalos, nem tem a aldeia mais portuguesa de Portugal, tem também um Nobel”, frisou o autarca.
Também o primeiro-ministro, António Costa, destacou a vida e obra de Saramago, admitindo mesmo que o escritor podia ter recebido mais um Prémio Nobel. “A humanidade reconheceu-o com o seu Prémio Nobel, mas que poderia seguramente voltar a merecer um segundo Prémio Nobel por aquilo tudo que escreveu, depois de ter recebido o primeiro”, garantiu António Costa.
O primeiro-ministro lembrou que a “maratona” que tem feito (em Lanzarote, Azinhaga e Lisboa) procura acompanhar “aquilo que foram os locais marcantes da vida de José Saramago e que de alguma forma formataram a sua própria obra”.
Segundo António Costa, esta é uma forma de “homenagear Saramago após os 20 anos do seu Prémio Nobel e prestar também uma homenagem a todas as terras, a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para o formar como homem, como político, como escritor”.
António Costa sublinhou ainda que era inevitável a passagem pela Azinhaga, “onde tudo começou” e lembrou que “um dos momentos mais solenes da vida do escritor foi quando discursou perante a academia que lhe atribuiu o Prémio Nobel ao começar logo por recordar que a pessoa com quem mais aprendeu tinha sido o seu avô Jerónimo”.
“Foi na Azinhaga que construiu a visão do mundo. Seguramente a experiência que aqui teve, dos seus avós, dos trabalhadores rurais, da realidade social da Azinhaga, foi determinante na sua formação ideológica, na sua formação como cidadão e na sua afirmação como homem do mundo”, acrescentou.