Sociedade | 14-10-2018 18:04

Veterinário João Cláudio defende um INEM para animais em cada concelho

Veterinário João Cláudio defende um INEM para animais em cada concelho
João Cláudio considera importante a criação de um carro ambulância com suporte de vida para animais

Transporte de animais em carros particulares pode dar multa de 60 até 600 euros.

O veterinário João Cláudio, proprietário da clínica médico-veterinária S. Francisco de Assis, em Santarém, defende a criação de um serviço de transporte rápido com suporte básico de vida, para animais.
Falando a O MIRANTE a propósito do Dia Mundial do Animal que se assinalou a 4 de Outubro e que coincide com o Dia do Médico Veterinário, disse que aquele tipo de transporte se justifica, dada a importância que têm os animais para a sociedade.
“Seria uma excelente bandeira para os grupos que defendem os direitos dos animais a criação de um serviço de transporte urgente, em cada município. Uma espécie de INEM para animais, que, também accionado por um número de telefone, assegurasse o transporte rápido. Um carro ambulância para urgências e pequenas cirurgias rápidas”, defende.
Muito importante também, na sua opinião, é a criação de legislação adequada para regular o transporte de animais de estimação nos carros particulares, uma vez que actualmente o condutor está sujeito a uma coima que pode ir dos 60 aos 600 euros, sempre que as forças de segurança entenderem que o transporte pode prejudicar a condução.
Com quarenta anos de actividade como médico veterinário, João Cláudio lembra que o anúncio da sua ida para o curso não foi bem recebido pela família, uma vez que na altura ser veterinário era sinónimo de trabalhar no campo, muitas vezes em condições difíceis.
“O meu pai, como agricultor, não queria aquela vida para o filho e o que é certo é que durante alguns anos tive realmente essa vertente do campo, enquanto funcionário da Ribacal, uma cooperativa leiteira. Eu estava encarregue da fisiopatologia de reprodução das vacas”, conta.
E acrescenta uma curiosidade. “Grande parte das pessoas não sabe, mas uma vaca leiteira só dá leite para amamentar a cria e por isso, para que haja uma produção constante tem que estar sistematicamente grávida”.
Para João Cláudio o dia do animal é sempre que o dono quiser, mas na clínica são todos os dias. Por isso o 4 de Outubro nunca é assinalado de forma excepcional. “Podemos até chamar a atenção dos clientes para a data, mas sem comemorações especiais. Todos os dias tentamos fazer o nosso melhor, e todos os dias os animais estão no nosso coração”.
Actualmente os animais de companhia que mais frequentam o seu consultório são cães e gatos mas por vezes tem que tratar de alguns mais exóticos como coelhos, hamsters, porcos da Índia, iguanas ou tartarugas. Todos têm a sua melhor atenção.
João Cláudio refere que por vezes também faz consultas domiciliárias, quando o dono se vê impossibilitado de transportar o animal. Normalmente isso acontece com pessoas idosas que não têm ajuda nem forma de se deslocar. “Se o caso for grave o animal é levado para a clínica, caso contrário o tratamento é feito em casa”, explica.
Não sou aficionado mas quando me falam em barbárie lembro-me logo da maratona
Sendo um homem do Ribatejo, natural da Chamusca, João Cláudio confessa que gosta da tauromaquia embora não se assuma como um verdadeiro aficionado. Quando lhe falam em barbárie nota que há barbaridades que o homem impõe ao seu próprio corpo sem que isso suscite reparo. “Uma maratona é uma barbaridade. Subir ao Evereste é uma barbaridade. E no entanto quem faz isso não é criticado mas aplaudido”, nota.
Para ele o que acontece na arena é um confronto entre o touro e o homem e não o choca. Aquilo com que discorda é que se deixe o animal em sofrimento após o espectáculo. Na sua opinião a maior barbaridade é fazer o animal ferido ficar a aguardar a morte.
“Matamos animais para os comer, não compreendo porque somos tão sensíveis à tourada”, refere o médico, concluindo que manter um cão acorrentado sob o sol de verão, ou confinado numa varanda de um apartamento é mais violento que espetar umas bandarilhas num touro numa arena.

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