SIDA continua a ser uma doença traiçoeira
O Dia Mundial de Luta Contra a Sida comemora-se há 30 anos, a 1 de Dezembro, e é dedicado, em 2018, ao lema “Conhece o teu estado”.
Passaram três décadas desde que surgiram em Portugal os primeiros casos de VIH/SIDA. Na altura, fruto do desconhecimento, os doentes foram ostracizados e havia o receio de contágio com um simples aperto de mão. Hoje, a necessidade de combater o estigma e a discriminação ainda existe.
O Dia Mundial de Luta Contra a Sida comemora-se há 30 anos, a 1 de Dezembro, e é dedicado, em 2018, ao lema “Conhece o teu estado”. Num claro incentivo a que se faça o teste do VIH, combatendo o medo, o estigma, a discriminação, mas também para que a taxa de sucesso no tratamento da doença seja mais elevada.
Em entrevista recente ao jornal Público, Isabel Aldir, directora do programa nacional VIH/SIDA, refere que a sida “é uma doença muito traiçoeira: mantém-se sem sintomas durante muitos anos, e a pessoa acaba por descobri-la quando o sistema imunitário já se encontra muito depauperado”.
O VIH/SIDA surge muitas vezes associado à toxicodependência, por isso O MIRANTE falou com Alfredo Calado, director-geral da associação Picapau, que confirmou a presença de quatro seropositivos entre os 14 indivíduos actualmente internados nesta Instituição Particular de Solidariedade Social, criada em 1993 com a missão de combater a toxicodependência, a pobreza e a exclusão social.
“São indivíduos que têm mais de 30 anos e cujo contágio surgiu associado ao consumo de heroína”, refere o conselheiro na área da adição, acrescentando que os casos já chegam diagnosticados, uma vez que são reencaminhados pelos diversos Centros de Atendimento a Toxicodependentes (CAT) a nível nacional. “Temos uma excelente relação com o Hospital Distrital de Santarém, onde a marcação de consultas é facilitada e o acompanhamento dos utentes ocorre sem sobressaltos”.
Responsável por uma instituição onde coabitam e convivem pessoas portadoras da doença com outras que não o são quisemos saber se existe algum tipo de preconceito entre utentes. Alfredo Calado sorri, diz que todos convivem perfeitamente mas refere que apesar de haver cada vez mais informação sobre a doença ainda é um assunto que deixa as pessoas desconfortáveis. “Lembro-me de um caso caricato, aqui há uns anos tivemos uma jovem toxicodependente cá internada e os pais não queria que tomasse banho na piscina para não correr o risco de apanhar sida”.