Sociedade | 20-01-2019 15:00

Mulheres vão-se afirmando na tauromaquia e vieram para ficar

Mulheres vão-se afirmando na tauromaquia e vieram para ficar
TAUROMAQUIA

Um mundo que em tempos foi uma coutada masculina foi-se abrindo gradualmente à participação feminina e hoje a sua presença nas arenas e nos meios taurinos já é vista de forma natural.

Ana Batista, que cumpre este ano 19 anos como cavaleira tauromáquica, afirmou perante uma plateia maioritariamente composta por homens que já foi confrontada com discursos machistas e confessou o quão difícil foi ser reconhecida como cavaleira profissional, precisamente por ser mulher. A cavaleira disse mesmo, numa tertúlia realizada sexta-feira, 11 de Janeiro, na sede da Tertúlia Festa Brava, em Azambuja, que nunca esquecerá o momento em que se preparava para entrar em praça e um homem lhe disse: “O lugar de uma mulher é na cozinha e não numa praça de toiros”.

A cavaleira assim não entendeu e a sua carreira consolidou-se, merecendo hoje o respeito dos aficionados. “Quando era jovem senti muitas dificuldades, porque os empresários simplesmente não queriam apostar em mim. Tive de trabalhar duro para ser reconhecida numa profissão dominada por homens. Queria que me vissem como toureira e não como mulher”, conta Ana Batista, que teve como parceiras de mesa outras três mulheres.

Intolerância à tauromaquia está a crescer
Fátima Nalha, presidente da direcção do Clube Taurino Vilafranquense é a única mulher a integrar a direcção formada por mais cinco elementos do sexo masculino. Nascida na Chamusca, recorda os tempos em que a sala ficava às escuras para ver a corrida de toiros na televisão, num tempo em que apenas homens pisavam a areia da praça. Diz que não vai ser fácil “reconstruir um clube que está em ruínas”, mas acredita que por ser mulher vai marcar pela diferença. “As mulheres são mais cautelosas e têm maior sensibilidade, que pode e deve ser aplicada para defender a festa brava”, defende a dirigente.

As quatro intervenientes dizem que a festa brava está a ser fortemente atacada e as “imagens descontextualizadas do ritual” são usadas “para chocar a população”, afirma a crítica tauromáquica, Sandra Batalha.

A descida do IVA dos 23 para os seis por cento nas corridas de toiros “foi uma batalha ganha” para aficionados e profissionais da tauromaquia. Mas, na perspectiva de Fátima Nalha, “a intolerância está a crescer abismalmente” e os jovens estão aderir a ela, deslocando-se para o “caminho da defesa dos animais” de uma forma que considera ser obsessiva e extremista.

As oradoras entendem que a falta de respeito para com a cultura tauromáquica não pode ser tolerada e que não só os aficionados, mas todos os intervenientes da festa brava, devem defender a tauromaquia. “Estamos a ser permissivos demais. Tem de haver consequências para as constantes faltas de respeito”, atira Sandra Batalha.

Ana Batista que já foi, por diversas vezes, a única mulher num cartel maioritariamente masculino, diz que a “tauromaquia é um sentimento difícil de explicar” àqueles que nunca tiveram contacto com a tradição vincadamente ribatejana e lamenta que não esteja a ser defendida com mais afinco.
O debate foi moderado pela aficionada Ester Tereno.

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