Sociedade | 14-03-2019 07:00

Não é vergonha sofrer de incontinência urinária e o primeiro passo é ir ao médico

Não é vergonha sofrer de incontinência urinária e o primeiro passo é ir ao médico

Médico de Família João Pita Soares diz que quanto mais cedo se actuar, melhor.

Para João Pita Soares, médico de clínica geral e familiar na USF Almeida Garrett, em Santarém, a incontinência urinária é uma nova epidemia do século XXI e a sua dimensão é agravada pelo contínuo aumento da esperança média de vida das mulheres.

“É uma patologia que tem um impacto devastador na qualidade de vida dos doentes”, afirma o clínico, explicando que leva a alterações do comportamento e muitas vezes ao absentismo e à diminuição da produtividade no caso das mulheres trabalhadoras. Pode também levar à recusa do contacto íntimo e sexual e, em casos mais graves, à necessidade de usar sistemas de contenção, como as fraldas e à consequente adaptação do vestuário.

Apesar disso, o clínico refere que apenas uma em cada quatro mulheres procura ajuda médica. “Muitas mulheres consideram, de forma errada, que a incontinência urinária é uma consequência natural do envelhecimento e o sentimento de vergonha que inibe grande parte das pacientes de se queixarem conduz ao isolamento social e à perda de auto-estima, bem como a sentimentos de culpa e à depressão”, refere.

Pita Soares aponta também o dedo aos próprios profissionais de saúde, que nem sempre estão sensibilizados para a questão, não inquirindo os doentes sobre os sintomas ou desvalorizando os sintomas que lhes são relatados.

Os sinais de alarme são vulgarmente uma necessidade frequente de urinar, a sensação de bexiga cheia mesmo depois de urinar, a perda de força do jacto urinário, a urgência em urinar, ou a noctúria (ter que se levantar várias vezes durante a noite para ir à casa de banho). São sintomas observáveis num simples diagnóstico clínico e que, quando detectados e tratados precocemente, podem, segundo Pita Soares, evitar um quadro de incontinência urinária.

“É necessário identificar o tipo de incontinência urinária de cada paciente antes de passar à terapêutica”, revela o clínico, apontando os tipos mais comuns de incontinência. Há a de esforço (que ocorre com o aumento da pressão intra-abdominal como tossir, rir ou fazer esforços físicos); por imperiosidade (uma vontade forte e incontrolável de urinar, normalmente associada ao Síndroma da Bexiga Hiperactiva); mista, que combina os dois tipos anteriores; ou por regurgitação (quando a bexiga nunca esvazia na totalidade).

O parto vaginal, uma infecção urinária, a obstipação, a toma de alguns medicamentos com efeito diurético e a ingestão de substâncias irritantes para a bexiga como bebidas alcoólicas, chá, café, citrinos, tomate, picantes ou vinagre, podem conduzir a episódios de incontinência urinária.

Pita Soares sublinha a importância de consultar o médico de família, “verdadeiro porto de abrigo do doente”, para identificar a causa e encontrar o tratamento adequado, que pode passar pela simples alteração de hábitos, por medicação, pela fisioterapia dos músculos pélvicos ou pela cirurgia. O importante, refere, é procurar ajuda “quanto mais cedo melhor”.

Um problema também dos homens

A incontinência urinária masculina surge normalmente associada a problemas da próstata. O aumento da próstata pode abrandar ou impedir a passagem da urina e muitas vezes conduz a uma urgência em urinar. Por provocar uma obstrução leva a que o doente não despeje por completo a bexiga, o que provoca uma distensão e consequente fraqueza dos músculos da bexiga. Outro caso frequente é o dano dos músculos que controlam a passagem da urina resultante da cirurgia à próstata.

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