Arquivo | 11-01-2013 06:50

Jovem acusado de matar menor em Odivelas contradiz-se e apresenta três versões

O jovem de 20 anos acusado de coautoria no homicídio de um rapaz de 17 anos em armazéns abandonados no Senhor Roubado, Odivelas, entrou em contradição e apresentou em tribunal uma terceira versão dos factos.Na primeira sessão do julgamento, que arrancou na tarde de hoje no Tribunal de Loures, o arguido disse que apenas deu um pontapé e um soco e que esfaqueou Tiago Santos "três a quatro vezes" na zona abdominal, com uma navalha que conseguiu tirar da mão da vítima.O jovem acrescentou que, depois de perguntar a Tiago Santos se foi ele que "encomendou" os dois assaltos à sua namorada, sob ameaça de violação, este o ameaçou com a navalha. Quando a teve na mão, acrescentou, deu-lhe "três a quatro" facadas e não as 13, como descreve a acusação do Ministério Público.O arguido disse que ficou em "pânico" e "à toa", tendo de seguida arrastado a vítima, ainda com vida, para uma zona mais aberta, para que alguém que passasse no local o socorresse. De seguida, ele e o menor acusado da coautoria do homicídio abandonaram o local e foram para casa ver um jogo de futebol."Não pediu ajuda, mas foi para casa ver um jogo de futebol. Se o arrastou para um local para ser socorrido, porque é que não pediu você socorro? Acha mesmo que uma pessoa a sangrar e num local abandonado ia sobreviver?", questionou a presidente do colectivo de juízes."Não queria que se soubesse que fui eu e ocorreu-me fugir dali", respondeu o arguido.O jovem foi confrontado pelo tribunal com a versão apresentada no primeiro interrogatório judicial, em que assumiu praticamente todos os factos constantes da acusação."Assumi, mas não é a verdade, fui pressionado e agredido pelos inspectores da Polícia Judiciária. Não fui eu que fiz aquilo [agredir com pedras, tijolos e dar as restantes facadas] ao Tiago, nem sei quem foi. Destruí a minha vida, mas não sou nenhum monstro", justificou o jovem, em lágrimas.Um inspector da Polícia Judiciária, também ouvido, negou qualquer pressão ou agressão ao jovem, acrescentando que tudo decorreu dentro da lei. Além disso, negou a possibilidade de poder ter havido uma quarta pessoa no local, além da vítima e dos dois rapazes.O colectivo voltou a confrontar o arguido com uma outra versão apresentada pelo mesmo após o primeiro interrogatório. Na ocasião, o suspeito disse que apenas deu com um pau na perna da vítima e que depois se pôs em fuga, sem saber o que aconteceu a seguir.O outro coautor do crime, um menor que à data dos factos, ocorridos a 26 de Fevereiro de 2012, não tinha 16 anos - idade para ser responsabilizado criminalmente -, ficou sujeito à Lei Tutelar Educativa e está à guarda de um centro educativo, em regime fechado, onde ficará durante os próximos três anos, período máximo legal.Segundo o despacho de acusação, a que a agência Lusa teve acesso, dias antes do crime, a namorada do arguido contou-lhe que tinha sido assaltada duas vezes, dando a entender que os assaltos teriam sido "encomendados" pela vítima para que a rapariga terminasse o namoro com o arguido e iniciasse uma relação com ele.Convencido da versão da namorada, o arguido terá delineado um plano a fim de pedir satisfações a Tiago Santos e informou-a de que "lhe iria fazer a folha", sustenta o Ministério Público. O menor acedeu a fazer parte do referido plano.Ainda com sinais de vida, a vítima foi atingida pelos dois rapazes com mais pedras, tijolos e pedaços de parede, refere a acusação. Os jovens atiraram-lhe também com um bloco de cimento de grandes dimensões à cabeça, tendo depois abandonado o local, quando as pernas da vítima já ardiam.

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