Crónicas do Brasil | 31-05-2022 13:13

Salve-se quem votar

Vinicius Todeschini

O Brasil é um país especializado em perpetuar injustiças e manter parte da população permanentemente em estase. O governo acabou de cortar R$ 3,2 bilhões do Ministério da Educação. Ninguém pode negar uma evidência: Bolsonaro nunca faz por menos quando se trata de retirar alguma coisa de quem precisa, sempre faz o serviço completo e com justificativas insuportavelmente risíveis, que seriam cômicas, caso não fossem trágicas.

No Brasil, os brancos sempre foram beneficiados, mesmo quando eram explorados por outros brancos. Na colonização italiana, por exemplo, havia uma promessa de terras no interior do Rio Grande do Sul, por exemplo, e a promessa se cumpriu. Os italianos passaram maus bocados para se estabelecer, mas conseguiram e trouxeram com eles uma rica herança cultural que os ajudou a projetar uma picolla Itália em terras brasileiras, mas são acusados de terem exterminado os povos primitivos da região, segundo alguns historiadores existiram grupos especializados em matar os bugres, os bugreiros, assim eram denominados os indivíduos e grupos especializados em exterminar indígenas brasileiros a mando dos colonizadores italianos e dos governos das províncias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro, os descendentes de africanos escravizados e finalmente libertos com a tardia abolição da escravidão brasileira, vagavam pela cidade como os sem-terra que eram e acabaram se estabelecendo nos morros, onde ninguém queria habitar naquela época. Ali construíram mocambos que deram origem às modernas favelas, hoje chamadas –eufemisticamente- de comunidades. Quando Leonel Brizola assumiu o governo do Rio de Janeiro, prometeu dar o título de posse aos moradores desses morros e cumpriu, por isso é odiado pela elite carioca até hoje. Fora isso, estamos agora enfrentando um governo que veio com a missão de retirar direitos e tentar tornar nulos atos históricos que fizeram justiça aos explorados. Eles miram a terra dos índios, dos afrodescendentes e de outros povos que foram escravizados e explorados durante séculos. Os quilombos dos afrodescendentes e as terras demarcadas dos índios estão sob constante ameaça, desde que Bolsonaro assumiu, e isso só vai parar quando esse des-governo for, devidamente, sepultado sob os próprios entulhos e nulidades que criou.

O Brasil é um país especializado em perpetuar injustiças e manter parte da população permanentemente em estase. Um terço da população brasileira está estacionada nesta situação degradante e insegura. A instabilidade existe, não porque exista alguma possibilidade de melhora, atualmente ela aponta sempre para mais possibilidades de decadência e desgraça. No momento que escrevo, o atual governo, acabou de cortar R$ 3,2 bilhões do MEC (Ministério da Educação). Ninguém pode negar uma coisa; Bolsonaro nunca faz por menos quando se trata de retirar alguma coisa de quem precisa, sempre faz o serviço completo e com justificativas insuportavelmente risíveis, que seriam cômicas, caso não fossem trágicas.

Ano de eleições: preparem-se para ver, ouvir e ler as maiores barbaridades dos representantes dos governantes, na vã tentativa de criar razões metafísicas para o seu circo de horrores. Os brasileiros darão uma resposta nas urnas, que, aliás, são seguras e auditáveis, ao contrário do que afirma Bolsonaro. O país atravessou e ainda atravessa o pior governo da sua história, um governo que não teve nenhum prurido para ressuscitar fantasmas do passado e lhes batizar com outro nome. Infelizmente, o atual presidente do STF, o ministro Luiz Fux, já teve um enamoramento com o atual presidente e seu des-governo, mas agora plenamente rompido depois de tantos ataques ao STF e à democracia. Fux, chegou a chamar o golpe militar de 64 de “Movimento de 64”, em uma clara demonstração de simpatia pela ditadura militar.

Muitas pessoas acreditaram em Bolsonaro, na ampla maioria dos casos, por simples ignorância, haja vista o que dizem as pesquisas mais atuais, que dão ampla liderança ao ex-presidente Lula. No entanto, nunca poderemos nos esquecer de que 22% da população é bolsonarista e que 30% está agregada a esse segmento, seja pelas razões que forem. Não se pode colocar na mesma panela todo mundo, porque não vão cozinhar no mesmo ponto. É preciso aprender as lições e não brincar mais de democracia, porque o que está em jogo é a vida, a dura vida de cada um de nós para sobreviver no gigante Brasil, gigante em tamanho e injustiças perpetuadas e ainda pequeno em avanços sociais. Não há mais justificativa, precisamos de um país que seja assumidamente pátria, porque está desfasado pelo menos duzentos anos para isso. Salve-se quem votar! 

Vinicius Todeschini 30-05-2022

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