A Palavra dos Leitores | 19-05-2021 16:13

A Cátedra Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território: um contributo em rede para um novo paradigma de sustentabilidade

A Cátedra Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território: um contributo em rede para um novo paradigma de sustentabilidade

| Luiz Oosterbeek - Professor do Instituto Politécnico de Tomar

O diagnóstico

Os modelos de governança e sustentabilidade saídos da II Guerra Mundial, estruturados em torno do conceito de gestão estratégica (Ferreira, 2007; Roberts, 2011), apoiados no progresso científico, operacionalizados pelo planeamento de médio prazo e orientados para o bem-estar social, trouxeram a parte do mundo, sobretudo no hemisfério norte, décadas de prosperidade, com acentuada diminuição da pobreza e da desigualdade. Parte deste processo refletiu-se, também, no hemisfério sul, com a independência das colónias, sobretudo africanas, e com um ciclo desenvolvimentista que marcou as primeiras duas décadas do pós-guerra e o termo da grande depressão iniciada em 1929 e que seria superada, apenas, cerca de 1946.

Certamente que esses primeiros anos não foram isentos de problemas, desde os conflitos armados, com destaque para a guerra da Coreia, até aos estrangulamentos da liberdade, de que as ditaduras militares na América do Sul (Rezende, 2016) e a revolução cultural chinesa foram os exemplos mais marcantes.

A partir de finais da década de 1960, porém, começam a tornar-se visíveis as dificuldades desses modelos que, a despeito das divisões geoestratégicas e ideológicas, se haviam convertido em paradigma dominante a Norte e a Sul, bem como a Ocidente e a Leste. As irrupções de manifestações de jovens e trabalhadores em 1968 e 1969, foram o primeiro sinal de um desconforto global, que atravessava regimes e geografias, de Paris a Praga, de São Paulo a Budapeste, passando por Lisboa ou Chicago (Ponge, 2009). A noção de gestão participativa surgiu, pouco depois, como uma primeira resposta para incorporar essa desacomodação.

A década de 1970 trouxe a explosão das contradições do modelo de gestão estratégica, evidenciado pela crise do petróleo e pela queda da paridade entre o ouro e o dólar, o que evidenciou a necessidade de repensar o futuro e criar um novo paradigma. Duas respostas serão estruturadas na sequência deste processo. Em primeiro lugar a financialização da economia (Stiglitiz, 2017), como forma de fazer crescer a economia e as classes médias sem crescimento da produção, e por esse processo diminuir as tensões sociais, ainda que aumentando a desigualdade. Por outro lado, a construção progressiva de um objetivo comum, de realinhamento da economia com o meio ambiente, de que a Conferência de Estocolmo em 1972, o Relatório da comissão Brun dtland em 1987 e a Eco-92, no Rio de Janeiro, foram os momentos mais relevantes (Adede, 1995; Udapudi & Sakkarnaikar, 2015). A visão unicitária, mas não integrada, do futuro, orientada para o ambiente, era, a um tempo, uma resposta à crise petrolífera na economia e uma resposta às tensões da classe média criando no vos empregos na esfera social. O tripé da sustentabilidade é, no essencial, esta relação.

A partir do final da década de 1990, mas sobretudo já neste século, começou uma reflexão sobre as limitações do chamado modelo, ou tripé, do desenvolvimento sustentável. O que já então se adivinhava, e se torna claro quase trinta anos depois da cimeira da terra, é que as conclusões da Cimeira da Terra foram assumidas como política pública nos diversos países, mas os seus ganhos foram sobretudo institucionais (ministérios do ambiente) e programáticos (de que o conceito de Antropoceno é a mais recente expressão), mas as suas metas falharam (o protocolo de Kyoto e os objetivos do milénio primeiro, provavelmente os objetivos do desenvolvimento sustentável em 2030 em seguida, com a exceção da dimensão da pobreza, que estava bem encaminhada até ao início da pandemia). Globalmente, o mundo humano e o planeta enquanto ecossistema estão hoje pior do que em 1992 (Scheunemann & Oosterbeek, 2012; Oosterbeek, 2018). O diagnóstico, para alguns de nós, era este: ou todos os governos são uma combinação sinistra de incompetência e más intenções, ou o modelo estava errado. Neste processo de reflexão, também se tornou evidente a crescente contradição entre os interesses dos indivíduos e os das diversas instituições em que eles se agrupam, contradição essa que se tornou explosiva com a pandemia.

Essa reflexão/constatação levou à identificação das causas do erro: a separação artificial entre economia e sociedade (que deixaria perplexo qualquer historiador); a expulsão para fora do debate da diversidade cultural, em prol de uma visão positivista e, no limite, totalitária, de um futuro necessariamente comum para todos, independentemente das suas contingências contextuais, dos seus interesses de grupo e das suas opiniões pessoais; uma simplificação, em torno da lógica de engenharia social, dos processos humanos, expressa através da reificação da sociedade, da economia e do ambiente, que não existem na realidade, antes são traduções de especialidades disciplinares da academia que, na vida, estão integradas em torno de duas variáveis não consideradas: os ciclos climático-ambientais independentes da ação humana (que condicionam a tomada de decisão) e as culturas humanas (que orientam essa tomada de decisão).

Esta compreensão está na origem da proposta de um novo modelo de governança para a sustentabilidade, que toma por centro a cultura e os indivíduos. Um novo quadro de referência foi estruturado no âmbito do projeto europeu APHELEIA (Oosterbeek, Werlenet al., 2017), que por sua vez originou uma nova associação internacional neste domínio (www.apheleiapro ject.org), que é atualmente membro do Conselho Internacional para a Filosofia e as Ciências Humanas (www.cipsh.net), com sede na UNESCO, em Paris. Neste modelo, estruturado a partir de um paradigma que privilegia as estratégias de médio prazo, se centra na identificação e superação de dilemas e coloca o conhecimento como núcleo das transformações necessárias em tempos de incerteza, o património cultural tem uma importância nuclear (Oosterbeek, 2007).

Dilemas do património

A força dos mitos está, como com os pudins, na sua experimentação. Eles renovam-se a cada dia, herdando posturas argumentativas dominantes, que podem ser mais permanentemente seguras de si (perceção que, nos outros, soa a arrogância), eivadas de rigorosos princípios morais (que outros entendem como fundamentalismo), cativadas pela espuma de sorrisos que disfarçam dores (que outros veem como irresponsabilidade) ou caldeadas por uma pulsão para as “grandes” (raras) causas que deixam sem governo o quotidiano (o que outros percecionam como incompetência). Essa renovação, ainda que dinâmica e transformativa, configura distintas dinâmicas culturais, e implica, por isso, diferentes abordagens nos processos comunicacionais. O património cultural, a forma como o reconhecemos, gerimos e preservamos (ou não), é uma expressão dessa diversidade comportamental/cultural.

Quando, no campo da cultura e do património, tantos tanto falam de diversidade, não deixa de ser interessante que se busquem modelos no essencial idênticos para a sua gestão, independentemente dessa mesma diversidade. Não estará aí uma negação da própria essência do campo das Humanidades, que sublinha a unidade da espécie mas valoriza a sua declinação através de processos sempre distintos?

O Património Cultural é estruturado como objeto e relíquia nos nossos espaços, como uma acentuação que pode ser deslocalizada (como foi feito com os monumentos de Abu Sim bel no Egipto), e não como uma conceção do espaço público ou como uma unidade de conhecimento que pode ser desmaterializada sem prejuízo (desde que o conhecimento seja preservado e socializado), ainda que seja esta a tradição dominante na Ásia. Note-se que umas abordagens não têm por que ser melhores do que as outras: são simplesmente distintas, configuram paisagens culturais distintas e desencadeiam comportamentos culturais distintos.

Essas distinções prolongam-se para além do olhar e da vivência do património, e são reencontráveis noutros campos, como na perceção da dialética entre indivíduos e grupos, ou entre interesses de curto e longo prazo, por exemplo, o que ajuda a explicar certos comportamentos face à atual pandemia da CO VID-19 (Rittgerodt, 2020), por exemplo: deve a estratégia de com bate à pandemia apoiar-se no medo do desconhecido (que pode desencadear gestas “heroicas” de “resistência”), na ignorância do mesmo (que pode precipitar a morte) ou no sentido de missão? Pode uma estratégia comunicacional desenhada para o Brasil ser igualmente eficiente no Chile, no Canadá, no Japão, na Índia ou em Portugal?

O património cultural é um organizador do território, um referente que convoca o passado, consensualizado, para sobre essa base mais ou menos estável poder tudo mudar, transformando e construindo futuros distintos. O património cultural, nesse sentido, é um processo de co-apropriação pelos diferentes grupos da sociedade atual, de vestígios do passado que, no seu tempo, simbolizaram divisões sociais, mas se reconvertem como mitos fundadores de um futuro em construção, através de um processo de co-apropriação (Dris, 2006). Uma senzala ou uma fábrica musealizadas, ou um museu com as suas coleções de obras do passado, realizam essa síntese, que ajuda a sociedade a se transformar.

O papel dos museus e dos espaços culturais, no entanto, não deve privilegiar as agendas políticas de contexto. Um importante antídoto contra as derivas de exclusão, incluindo as totalitárias, é o exercício do conhecimento crítico, o estímulo à reflexão e a capacidade em relativizar os contextos, integrando-os em processos de expressão temporal mais longa. Isso não dispensa a intervenção no quotidiano, face a situações que, cada um de nós, no exercício da sua própria capacidade reflexiva e cidadã, entenda merecerem aplauso, apoio, condenação ou repulsa. Mas o tempo do património é outro, e cumpre a função social de gerir as ansiedades do presente, convidando a sociedade a perceber que a superação dessas ansiedades está na capacidade de investir energias para além do imediato (Eilertsen & Amundsen, 2012). Tal não significa, porém, que o exercício da gestão patrimonial se possa fazer “fora do tempo”. Pelo contrário, ele exige uma capacidade de “recusa de modas” mas uma atenção plena às preocupações, tensões e contradições na sociedade. Se era verdade assim com as coleções de antiguidades, reunidas para deleite e formação das elites de sociedades assumidamente desiguais, é ainda mais verdade quando pensamos o património sob os paradigmas da laicidade e da participação cidadã, ou seja, da construção de espaços de formação universal para as lideranças futuras e não apenas de formação dos herdeiros das lideranças já existentes. Neste sentido, uma gestão patrimonial não orientada para a utopia, no sentido radical da reflexão sobre a possibilidade de “algo distinto nunca antes visto, mas possível”, é algo frágil, insuficiente, e pouco relevante para as sociedades democráticas.

É neste contexto que merece reflexão o divórcio que se tem cavado entre a esfera do património e a esfera da cidadania. Uma expressão mais evidente desse divórcio, que tem sido assinalada e criticada por muitos, é a progressiva captura do património pela indústria turística. Não por a relação entre turismo e património não ser muito importante (Figueira, L.M.; Oosterbeek, L., 2012), mas por duas outras ordens de razão: primeiro porque essa relação, útil e positiva, não pode eclipsar outra, mais fundamental, com a educação (Nikolić, Nurmi & Andonegui, ; em segundo lugar porque a própria prática da gestão turística tem sido uma desastrosa captura do turismo pelo excursionismo de consumo rápido e pouco crítico. O que resta do eucalipto excursionista, quando os seus clientes precisam de, ou preferem, ficar em casa? E para que serve um património que se “reinventou”, sobretudo, como suporte dessa bolha especulativa?

Não subjugar a gestão patrimonial às ansiedades do imediato significa estabelecer, em cada momento, uma ponte entre elas (que condicionam a vida dos cidadãos) e esse tempo mais longo, onde os problemas cedem o palco aos grandes dilemas de fundo, que os podem resolver superando as suas causas ou modificando o quadro em que eles operam.

Pandemia, Património e Paradigma

É inegável que a preocupação central das sociedades, em todo o mundo, nos dias que correm, é a pandemia. Apesar das angústias sobre o presente e o futuro da economia, e para além das angústias e hesitações dos diferentes

governos, a maioria das pessoas optou por atitudes comporta mentais de segurança sanitária, que visam a proteção das vidas de todos e de cada um. Este é, possivelmente, o mais interessante e importante indicador de transforação cultural das últimas décadas, pois a reação de sempre face às epidemias e pandemias foi o de “isolar o problema” (se necessário condenando os infetados) e “prosseguir a vida da sociedade” (protegendo a economia tal como funcionava antes).

Pela primeira vez, em todos os continentes e tradições culturais, a atitude é distinta, muitas vezes entrando em contradição com os governos, mas também com as mais distintas e respeitáveis instituições, cuja primeira preocupação é a sua sobrevivência (institucional) e não a das pessoas individualmente consideradas (Oosterbeek, 2020). Essa discussão está nas ruas, nas casas, e até nos jornais, e consolida uma ultrapassagem do paradigma de proteção provável do indivíduo (através do apoio ao grupo em que se insere) pela proteção possível dos grupos (a partir do apoio a cada pessoa). É uma discussão central, que derramou no espaço público, com todas as consequências, uma antiga reflexão filosófica e jurídica sobre a dignidade da pessoa humana no Estado de Direito. E é uma discussão até certo ponto surpreendente e que contraria, no plano cívico, os crescentes recuos do Estado de Direito e os atentados à dignidade individual, que se revela de forma crua e insuportavelmente inocente sempre que um boletim médico apresenta o sucesso de só terem morrido duas ou três pessoas.

Neste contexto, é importante o debate interno, e público, em torno do património (ICOM, 2020). A disponibilização gratuita de conteúdos digitais nos dias de maior confinamento, generosas mas pouco reflexivas sobre a perda de contacto com a materialidade do património (incluindo o intangível), suscita preocupações sobre a globalização dos conteúdos culturais, enquanto bem de consumo e não enquanto processo de produção participada.

A pandemia obriga a refletir para além dos “clientes” passivos que se perderam (aqueles que são tratados como “público”), para entender a quem se dirige o património: como se deve reorganizar o património na articulação com o ensino; o que podem fazer os sítios, os monumentos e, sobretudo, os mu seus, para construir, agora (sem esperar vacinas ou vindas espontâneas de visitantes), para retomar a relação analógica das pes soas com as materialidades patrimoniais; será possível fazer isso sem as escolas, sem os municípios, sem as empresas? E se não é, que novos quadros institucionais estamos dispostos a discutir e a propor?

Estes são os dias em que a grande maioria “deita contas à vida”, já percebeu que o mundo não voltará a ser como era, e procura, atentamente, caminhos alternativos não apenas de sobrevivência, mas de vida e felicidade. No campo da saúde, sem abandonar nenhuma causa de dignidade profissional ou institucional, trava-se um debate, interno e público, que entende a saúde não como uma engenharia do corpo mas como uma cuidado da pessoa humana (Contatore, Malfitano & Barros, 2017). No ensino superior, é discutida a necessidade de assegurar a qualidade educativa sem comprometer a qualidade da vida de estudantes e funcionários, e sem perder de vista que o ensino deve dar o exemplo de solidariedade e cumprimento de normas sanitárias apoiadas na ciência e nos valores humanísticos. Estes são debates que, naturalmente, incorporam diferentes pontos de vista mas se afirmam de forma relevante para as preocupações da maioria da sociedade.

Nestes debates, o património será ou um campo de debate reflexivo que ajude a derrubar entendimentos monolíticos e ingénuos sobre a realidade (passada, presente e futura) e a construir futuros mais inclusivos, solidários e humanísticos através de uma identificação e superação pela convergência de dilemas fundamentais, ou um campo de disputas sobre falsas aparências, reduzido ao questionamento de símbolos do passado, sem capa cidade para os ressignificar (Oosterbeek, 2011).

O património como jogo de dilemas

Um exemplo nuclear deste jogo de dilemas é a tensão entre história e memória (Poole, 2008), que atravessa a dinâmica de construção do património cultural, tem-se reforçado nas últimas duas décadas, acompanhando os processos de degradação das estruturas sociais e dos mecanismos de interação e integração económica, que se aceleraram a partir de 2008. Num quadro de conflitualidade crescente, que tende a romper as linhas de demarcação ideológica prospetivista que marcaram o século XX, esses processos dão cada vez mais espaço a novas congregações de interesses, que se agrupam em torno da rejeição do passado, mais do que da concordância sobre o futuro. Vivemos tempos de diversas resistências, de radicaliza ção e de redução do espaço do diálogo e da democracia.
A estruturação de agendas coletivas em torno de ideais sobre o passado, que em comum apenas têm a rejeição da globalização, tem um impacto enorme sobre o património cultural. As conflitualidades do século XX, construídas em torno de ideais de futuro, estruturaram sociedades que utilizaram o património como herança a preservar, designadamente sob a forma de desapropriações, reapropriações e, muitas vezes, roubos.

O espaço da história, contextualizando os vestígios materiais do passado, manteve-se na tradição iluminista, afirmando-se como raiz academicamente consensualizada e como condição para, sobre a base desse consenso sobre o passado, estruturar as dinâmicas (por vezes muito violentas) de futuro. O modernismo, por exemplo, mesmo na sua radicalidade mui tas vezes destrutiva, assumia um projeto fundamentalmente de futuro, no qual a razão e as suas crias, como a História, tinham um espaço fundamental. O apreço pelas realizações artísticas do passado, mesmo quando produzidas no quadro de interesses opostos, era uma característica comum aos diversos movimentos sociais.

O ocaso progressivo dos programas sociopolíticos futuristas no último terço do século passado, acompanhado pela financialização da economia e pela globalização das “coisas” (Berger, 2017), reduzindo tudo e todos a produtos de mercado, não deixou de afetar os bens materiais e imateriais do passado, presentificando-os de forma radical e quase que os reduzindo à condição de produtos turísticos.

A deslocação progressiva dos museus do eixo da educação (com que se alinhavam até à década de 1990) para o eixo da animação cultural e da economia (em que se encontram hoje), é uma expressão deste processo. E é, também, uma expressão do recuo do terreno da racionalidade, em prol de indicadores foca dos nos produtos e não nos processos.

Este recuo da racionalidade, que capturou as políticas de património, e em especial as políticas de museus, é um processo que também se registou na esfera da educação, que na década de 1990 se afastou do foco no conhecimento crítico para o futuro, dando lugar a um foco na aprendizagem de competências para o mercado de trabalho existente (Pires, 2005). Nessa passagem da educação para a aprendizagem, a História, como em geral as Humanidades, mas também o raciocínio científico, deixaram de ser fundamentais, potenciando o divórcio entre os setores da educação e do património.

Hoje, a alienação não é uma consequência dos processos produtivos e sociais (como nos Tempos Modernos de Chaplin), mas um programa de formação.

Uma expressão da conjugação destes processos, nas esferas social, económica, educacional e patrimonial, são os casos de mutilação ou destruição de estátuas e outros vestígios patrimoniais, encarados como testemunhos de um passado a apagar e impossível de ser reapropriado (Kalman, 2017). Trata-se de processos distintos das destruições que marcam processos de rutura sistémica face ao passado recente (como os ataques a igrejas durante a revolução francesa e às imagens do Czar durante a revolução russa de 1917, ou o abatimento de estátuas de dirigentes comunistas no colapso do regime soviético). O que ocorre hoje, da censura de frases em obras literárias do passado mais remoto, por serem inaceitáveis para a nossa sociedade, às agressões a algumas estátuas, é uma rejeição da memória de um passado mais remoto, que o inscreve no presente como se ele estivesse vivo. E, é importante compreender isso: esse passado está infelizmente vivo, quando é reduzido a memória e quando se afasta a história e a sua racionalização, como parte da origem remota de desigual dades e discriminações que persistem.

Sem surpresa, as agendas futuristas preservaram melhor a história, pois o seu foco era a construção de um futuro que anteviam de forma “clara”, do que as agendas atuais, de rejeição do passado mas sem visões consensualizadas de futuro. A destruição de património ocorreu, de forma muito expressiva, nesse quadro futurista, mas raramente tal aconteceu com a intenção de apagar a memória: o objetivo era, em geral, criar espaço para a modernidade. A generalização de uma consciência patrimonial foi, também, uma resistência a processos destrutivos “não refle tidos”, introduzindo essa reflexão a partir da noção de história (mesmo quando de pendor identitário e nacionalista).

Todo o eixo de disputa parece deslocar-se, hoje, para a memorialização do passado (Sodaro, 2020), o que em coerência implica pontualmente a destruição intencional de alguns dos seus vestígios (memórias a rejeitar) e, sobretudo, implica um crescente desinvestimento no património material, em prol de tudo o que é vivo e, por isso, mais próximo da memória: as tradições, as artes, a gastronomia.

Houve, no século passado, processos semelhantes (de que o maior exemplo será a revolução cultural chinesa) mas, quando ocorreram, geraram em seguida reações simétricas que se consolidaram rapidamente (mais uma vez, a China é um exemplo muito claro). Hoje, porém, o processo é mais amplo e participado, e não apenas conduzido por algumas lideranças. A destruição de património é, de forma crescente, e por razões que importa compreender, um objetivo de muitos, num movimento que prolonga a exclusão de tantos à educação, o divórcio entre educação e cultura e a transformação da educação em aprendizagem de conteúdos.

Os sítios patrimoniais, se não forem lugares de história, serão presa fácil de memórias em disputa, e tenderão, finalmente, a ser esquecidos (quando a paz entre essas memórias as superar). A pandemia, afastando ainda mais os cidadãos do convívio com o património, tenderá a acelerar esse movimento centrípeto.

Um novo paradigma em co-construção

No confronto com a pandemia, a maioria da população mundial reagiu de uma forma inesperada. Pela primeira vez, escolheu começar por proteger a vida de todos e cada um, dando-se tempo para reorganizar o modo de viver. Não foi uma reação pensada. Aliás, grande parte dos que começaram por pensar muito, optaram rapidamente pela economia, de forma mais (Bolsonaro, Trump) ou menos (Boris Johnson, Stefan Löfven) persistente. Hoje, com a segunda ou terceira vagas da pandemia, as tensões entre governos centrados na economia (IMF, 2020) e pessoas centradas na saúde (pese embora a presença de minorias negacionistas), são mais gritantes. A defesa absoluta da vida foi uma reação espontânea, e é a mais forte afirmação, na escala global, de um novo entendi mento do valor da vida e da sua relação com a dignidade da pessoa humana. Registou-se a mesma reação em imensas tradições culturais distintas, o que revela como a globalização tem efeitos positivos na construção de um novo entendimento da Humanidade. Nunca fora assim no passado: isolar e deixar à sua sorte os infetados e cuidar da vida dos restantes, sempre foi a receita, mesmo quando os mortos se contaram em dezenas e centenas de milhões. Mas desta vez foi diferente, e devemos reconhecer que essa diferença é mais um passo no caminho que, antes, recusou a escravatura, condenou a pena de morte, se enfureceu com os genocídios e buscou a utopia da paz, da saúde e da liberdade.

Afirmar o primado de cada vida humana, no entanto, desafiou o modelo económico em que vínhamos sobrevivendo. É certo que ele era questionado de forma ampla há mais de duas décadas, e que nunca recuperou verdadeiramente do abalo de 2008, apesar dos discursos otimistas. E é certo que muito do que vivia nele irá regressar. Mas será um regresso de fragmentos, à procura de um novo cimento que já não pode ser o mesmo, embora ainda não saibamos qual é.

Com a pandemia, e o grande confinamento, as sociedades não optaram pelo intangível digital: optaram pela proteção material das vidas, apostando na recuperação da tangibilidade dos afetos no médio prazo, ao mesmo tempo que deixaram à sua sorte as “fileiras produtivas tradicionais”. Fizeram o que Proust (filho de um epidemiologista, que conheceu as agruras da cólera) narrou a respeito do seu personagem Swan: deixaram a posse garantida dessas “coisas” (reuniões precedidas por longas viagens, compras com moedas, almoços no restaurante, jogos assistidos na bancada,…, mas também apertos de mão, abraços e beijos, companhia física nas horas difíceis, …) e tentaram ver o que aconteceria se as deixassem, mas mantendo “tudo o mais no mesmo estado”, ou seja, a vida individual. Agora, pouco a pouco e ainda com o espectro da pandemia, já começou uma nova vida: o que aconteceu, o que ainda acontece, não é apenas uma “falta parcial”. Tudo mudou e começa um estado novo que não se podia prever no antigo, e que ainda não se pode prever totalmente. Mas no qual a resposta à dúvida sobre “o que mais fez falta” não coincide com a mecânica económico-social anterior.

Na nova vida que já começou, haverá obviamente economia, realinhando-se com as novas perceções das necessidades. É isso que ainda não sabemos: muitas das atividades anteriores já morreram e ainda não sabem, e outras vão crescer muito para além do que imaginamos. O digital? Provavelmente sim, mas não tanto como alguns pensam, porque dele sentiram falta os que não tinham acesso (e é provável que o acesso à internet venha a ser listado como um direito fundamental, como o de ter água, luz ou conta bancária). Mas será no universo daquilo de que mais sentimos falta, como o espaço restrito dos afetos, que crescerão serviços de uma nova economia e de uma nova dinâmica social. Estão as organizações (empresas, escolas, associações, museus, profissões,…) preparadas para acompanhar esta mudança de rumo incerto? Perceberão elas que não servem para objetivos diferentes, exceto na dimensão intangível, das perceções? Compreenderão que, na hora de reorganizar a economia, não há atividades com direitos garantidos mas necessidades que carecem de ser satisfeitas? Uma escola é construída por empresas com conhecimentos académicos articulados com a memória e a interpretação de uma história que gerou o presente em que essa escola, ou restaurante, ou estrada, ou… se tornou necessária. Na materialidade, tudo está integrado: é um ecossistema sustentável. São as perceções, às vezes chamadas de interesses, que distorcem essa unidade, mesmo se são também elas que podem dar forma ao novo.

A compreensão deste processo e a estruturação de mecanismos para a sua regulação e governança, é o que designamos por Gestão Integrada do Território, ou Gestão Cultural Integrada do Território (que é a mesma coisa, mas sublinhando que a integração será sempre cultural e nunca meramente instrumental ou tecnológica).

Vivemos o tsunami da mudança, e os antigos interesses institucionais e corporativos terão dificuldade em se sobrepor ao clamor para que “ninguém fique para trás”, pois essa é a grande utopia que se afirmou nos últimos meses, em termos mundiais. Tempos houve em que ser racista era aceite, e tempos há em que não cuidar das vidas dos outros ainda é aceite; mas é uma tolerância que está a acabar. Vai demorar muito tempo ainda, por que muitas lideranças ainda irão tentar conduzir destinos por estradas que já foram apagadas. Mas, como sempre na história, ficarão melhor os que perceberem os valores que esta mudança enunciou: vida, proteção, solidariedade, humanidade. As empresas que o perceberem crescerão muito, e terão grandes lucros; as escolas que o entenderem serão procuradas, porque estarão a preparar as gerações para o futuro; as associações culturais e desportivas que o compreenderem terão uma relevância social crescente. O desemprego será absorvido na produção de bens e serviços com esse alinhamento. Foi assim em todos os momentos em que se combinaram ruturas socioeconómicas, novas tecnologias e novas necessidades, que convocam novos valores, que se irão estruturar, por entre incertezas nas próximas décadas.

A metodologia de gestão cultural integrada do território prevê quatro pilares para a governança territorial (Oosterbeek 2012): educação e formação; reconstrução da matriz sociocultural; envolvimento de partes interessadas; e comunicação. Considera a gestão do património como um componente nuclear da gestão territorial, valorizando a relevância dos resíduos materiais para a compreensão partilhada da paisagem e do património intangível para o autorreconhecimento e a dinâmica das iniciativas de base territorial.

É de primordial importância a estruturação de estratégias para combater todo tipo de alienação, mas também para valorizar a contradição e a divergência como principal estratégia de sobrevivência e inovação. Esta abordagem converge com o foco da UNESCO na mobilização para a educação, na construção da compreensão intercultural, na busca de cooperação científica e na proteção da liberdade de expressão. Em particular, está alinhada com o programa estratégico do Conselho Internacional para a Filosofia e as Ciências Humanas e com o novo programa BRIDGES da UNESCO, de desenvolvimento territorial de base local e perfil humanístico (Hartman, S., 2020).

A Cátedra UNESCO-IPT

Os dilemas não podem ser resolvidos, eles só podem ser superados, enquadrando-os numa escala mais ampla, que os converta em “não-dilemas”. A reflexão e intervenção das ciências humanas deve apoiar-se nesta relevante transformação cultural dos seres humanos, no sentido do apreço pelo valor da dignidade da vida humana in dividual, a fim de enfatizar que as preocupações atuais não são apenas sobre sobrevivência (mas sobre dignidade individual humana) o sobre o crescimento econômico (mas sobre as condições económicas para a qualidade de vida).

Unir economia e cultura/valores e entender a saúde na sua relação com a qualidade de vida, é o caminho para reintegrar a saúde, a economia e os desafios sociais mais amplos à frente, através da cultura, numa estrutura convergente. Uma economia forte, que possa efetivamente crescer, terá de responder às necessidades sentidas pelas sociedades, que mudaram radicalmente em função da pandemia: um entendimento da saúde articula do com o bem-estar, uma aumento da produção descentralizada de bens de consumo básico, uma valorização dos vetores socio culturais que foram congelados pelos confinamentos em casa (a cultura) e uma relativização dos salários (sem deixar de valorizar a sua necessidade absoluta). Uma economia apoiada em casinos, alienação consumista e massificação, não responde a essas novas prioridades, e por isso agravaria a depressão económica.

A depressão atual precisará de um novo paradigma, um novo cenário cultural (ou visão de futuro), que provavelmente estará longe de muitas expectativas, mas mesmo assim mais próximo da integração entre os seres humanos. Existem muitas variáveis que determinarão o futuro, mas é possível, a partir da academia e das suas redes de relacionamentos, influenciar esse futuro a partir do conhecimento crítico racional.

Neste contexto, a noção de emergência está a separar-se da questão ambiental, porque há cada vez mais um entendi mento de que nada de útil será feito sem reflexão e adaptação a longo prazo. O discurso da emergência é hoje o de “retomar rapidamente a economia”, tal como esta foi concebida no passado, empurrando para um falso dilema entre a saúde (que só pode ser assegurada com um futuro diferente) e a economia (que se pensa no seu modo passado, em vez de refletir sobre uma economia diferente, ao mesmo tempo que se forneça apoio financeiro para a transição). Uma vez que a palavra “emergência” é, naturalmente, muito forte em termos de retórica, a compreensão da forma como se move no discurso público será importante no futuro. A emergência convida-nos sempre a agir rapidamente, sem perder muito tempo a pensar, e é o contrário que precisamos agora, por que as ações decididas desta forma tenderão a “voltar ao passado”.

Por estas razões, importa olhar para as dimensões da saúde/qualidade de vida ambiente economia como três componentes que precisamos de integrar melhor, numa lógica que os seres humanos entendam (não antropocêntrica, mas orientada para o antropo-orientada), tendo a saúde e a qualidade de vida dos seres humanos como núcleo de intervenções estruturantes. As comunidades, maioritariamente, estão agora muito conscientes da importância do conhecimento e valorizam mais o conhecimento científico, o que implica a comunicação científica fora da lógica da “propaganda”, que caracteriza frequentemente o debate público sobre o ambiente e a biodiversidade.

A Cátedra UNESCO em Humanidades e Gestão Cultural Integrada do Território, coordenada pelo Instituto Politécnico de Tomar, foi estruturada na base destes princípios, metodologia e entendimento, visando quatro objetivos fundamentais: 1) fomentar a pesquisa e sua aplicação na contribuição específica de Humanidades para a gestão quotidiana dos territórios, cumprindo assim a estratégia da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, através da capacitação de futuros líderes (Oosterbeek, 2010); 2) estabelecer uma rede global de investigação, educação e inovação; 3) educar novas gerações de líderes qualificados dentro de um quadro de referência transdisciplinar e criativo (Max-Neef, 2005); 4) criar e apoiar projetos de base territorial que se revejam nesta estratégia (Samassekou, 2012), numa estratégia orientada em sete eixos de transformação nas comunidades: do foco nos problemas para a prioridade aos dilemas; da alienação para o conhecimento crítico; das redes sociais hierarquizadas para redes socioculturais colaborativas; da noção etnocêntrica de tolerância para o apreço pela diversidade cultural; da depressão (económica e psicológica) para a compreensão global, enraizada no conhecimento académico; do ativismo emergencial para compreensão do sentido das coisas e das ações transforma doras de médio prazo; do apartheid das ciências e humanidades para respostas adaptativas integradas.

Ainda que coordenada pelo IPT, a cátedra tem uma ampla parceria que inclui equipas de 16 Universidades e Centros de Pesquisa (Universitá degli Studi di Ferrara, Itália; Muséum National d’Histoire Naturelle, França; University of Jena, Ale manha; Instituto Catalão de Paleoecologia Humana e Evolução Social, de Espanha; Universidad de Extremadura, Espanha; Uni versité Jean Monet de St. Etienne, França; Technical University of Brno, República Checa; Centro de Geociências, Portugal; Universidade Federal de Santa Maria, Brasil; Chinese University of Hong-Kong; Université Cheikh Anta Diop, Dakar, Sénégal; Uni versidade de Cabo Verde; Chinese Academy of Social Sciences; Universidade Federal de Minas Gerais; Sri Venkateswara Col lege, Universidade de Delhi, India; University of Pennsylvania, EUA).

Esta parceria, que inclui algumas cátedras UNESCO, é reforçada com a participação de 18 outras entidades das esferas pública (Comissão Nacional da UNESCO em Portugal; National Library of Lithuania, Lithuania; Direção Nacional de Museus, Angola), municipal (Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, Portugal; Município de Mação; Estado de Goiás, Brasil; Câmara Municipal de São Miguel, Cabo Verde; Município de Ribeira Grande, Cabo Verde), educativa (Agrupamento de Escolas Verde Horizonte, Portugal), académica (Academia Portuguesa da História, Portugal; Instituto Terra e Memória, Portugal; Centro Universitario Europeo per I Beni Culturali, Itália), cultural (Cen tro de Fotografia Casa dos Cubos, Tomar, Portugal; IBIO, Brasil; Instituto do Espinhaço, Brasil; Asociación Peruana de Prospecti va y Estudios del Futuro, Lima, Perú) e empresarial (NERSANT, Associação Empresarial da Região de Santarém, Portugal; Docu mento, Brasil).

Partindo da metodologia definida acima, a Cátedra promove um programa de formação intensiva organizado a cada ano, no âmbito da Associação Internacional Apheleia. Em ter mos estratégicos, intervém no debate global sobre sustentabilidade, no meio de uma crise que enfatiza a pressão sobre as dimensões sociais e económicas, mais do que sobre as ambientais. A este respeito, o projeto contribui para promover valores humanistas há muito estabelecidos, nomeadamente, a dignidade da pessoa humana (o núcleo da Declaração da Rio + 20), a liberdade e a democracia (cruciais para uma integração eficiente de vários e distintos entendimentos culturais da paisagem), a igualdade de direitos, a equidade social, o Estado de direito e o respeito pelos direitos humanos (nomeadamente os direitos das pessoas pertencentes a minorias culturais).

O projeto permite uma transferência de conhecimentos eficiente e rápida entre os parceiros, partilhando experiências e valorizando a convergência na diversidade. É neste sentido que, para além das parcerias mencionadas, a Cátedra estruturou um pólo permanente em Morro Redondo, em parceria com o município e com as Universidade Federal e Católica de Pelotas.

A missão é grande e ambiciosa, mas a rede é igualmente forte, flexível e resiliente. Da sua capacidade de interação com as comunidades nos diversos países depende, no essencial, o sucesso dessa missão.

Referências:


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