Cidadania - uma nova bem vinda disciplina ao ensino
“A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela sociedade.
Em 2018 surgiu nas escolas portuguesas, públicas e privadas, uma nova disciplina curricular com vista à promoção da inclusão, a par e passo com uma sociedade otimizada, por valores de justiça e fraternidade. Estou a referir-me à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento.
Sendo os seus objetivos de tão grande ideal de nobreza, ninguém poderia prever que, dois ou três anos depois, esta fosse ser o centro das atenções por parte de pais, encarregados de educação, enfim, do povo em geral. Quem diria que tanta tinta faria correr.
Mas o que é, afinal, esta disciplina? Em que consiste a Cidadania e o que se pretende ensinar através dela? Pesquisei na Internet, o nosso meio atual de pesquisa por excelência, e encontrei, num texto ministerial, um parágrafo que gostaria de partilhar.
“A prática da cidadania constitui um processo participado, individual e coletivo, que apela à reflexão e à ação sobre os problemas sentidos por cada um e pela sociedade. O exercício da cidadania implica, por parte de cada indivíduo e daqueles com quem interage, uma tomada de consciência, cuja evolução acompanha as dinâmicas de intervenção e transformação social. A cidadania traduz-se numa atitude e num comportamento, num modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da justiça social.”.
Na minha modesta opinião, felizmente partilhada por outros tantos profissionais da educação, docentes como eu, a Cidadania é isto mesmo; uma disciplina que, fazendo parte do currículo, pretende mostrar e dar a conhecer várias visões e múltiplas facetas, de entre um vasto campo de temas. Temas estes que os nossos alunos devem e têm, irrefutavelmente, direito a conhecer para que, a partir daí, possam tirar as suas elações, emitir as suas próprias e fundamentadas afirmações e, consequentemente, as suas sábias escolhas.
E não será isto, afinal, que se pretende ser o resultado de todo um processo de ensino-aprendizagem? Não é o que, no fundo, ambicionam os pais, os professores, os educadores, enfim, a sociedade em geral?
O que pretendemos dos nossos jovens estudantes nos dias de hoje? – Que saibam escutar, ouvindo, que saibam ver, com olhos perspicazes, e que saibam retirar da escola, e de tudo o que ela lhes fornece, lições para a vida.
Mas essas lições não podem, e não devem, ser apenas a expressão dos conteúdos programáticos que se leccionam nas várias disciplinas: não somente a gramática do Português e do Inglês, e de todas as outras línguas estrangeiras, não apenas a localização dos continentes e dos oceanos, não só a tabuada que dita que 1+1 é igual a 2… Não! Não é isto que se pretende dos homens do amanhã!
Pelo menos, não é este o conhecimento apenas, que eu, enquanto docente, lhes pretendo passar!
Mais importante do que tudo, são as ideias e o espírito crítico que no seio dos nossos estudantes se vão formando e cimentando. São as personalidades que se vão construindo, através do conhecimento e informação que lhes é transmitido.
E, permitam-me este aparte, felizmente, os alunos de hoje já não são marionetas!
Júlia Maria Feiteira Dinis Bernardino
Professora
Escola Básica e Secundária de Vialonga