As prateleiras e os expositores espalhados, pelos vastos corredores das grandes superfícies, e as montras das papelarias e das livrarias, deixam antever que muito em breve o azul do céu, límpido e despido de nuvens - que noutros tempos daria lugar ao amarelo acastanhado das folhas das árvores e a tonalidades marrom, que surgiam como que a marcar o fim de um ciclo e o início de um outro – dará lugar à renovação dos compromissos, de anseios e de algumas preocupações…

Terminam as férias de verão, e com elas os mergulhos na piscina e os saltos nas ondas, que rebentam e beijam docemente a areia…

Brevemente o pregão tradicional que se ouve, sem eco, mas bem audível, por todos esses areais das costas portuguesas e que anunciam a chegada da “bela bolinha, com creme ou sem creme, de alfarroba ou de chocolate”, darão lugar ao eco, que ainda tenho na minha memória de menina, da castanha “que é boa e grada e é quentinha”! Essas castanhas assadas que tão bem nos aquecem a alma e fazem as delícias do nosso paladar nos outonais dias, que não muito tardarão em chegar. E que maravilhoso aroma se eleva no ar, envolvendo os edifícios em seu redor e os transeuntes nas calçadas a passar!

Nas livrarias e nos centros comerciais passeiam já os pais e as mães e os filhos de mãos dadas.

E que grande é esta azáfama!

Há que renovar o material escolar, adquirir cadernos de atividades, trocar “vouchers” por livros…

E, assim, caminhamos, corredores fora e, eis, quando nos deparamos com uma montanha colorida! Que grande alegria! As capas dos cadernos, de cor azul, rosa ou preta, com ou sem argolas, os lápis, os afias e as aguarelas, as réguas, os esquadros e os compassos… Um infindável rol de materiais desfilam perante os nossos olhos e, como que num passe de magia, somos projetados para uma sala-de-aula, talvez a da nossa meninice, onde o trabalho e a entreajuda e, por fim, o sucesso são as palavras “da ordem do dia”!

Aproxima-se o tempo de grandes investimentos, não só financeiros mas também, e sobretudo, pessoais.

Investimentos e compromissos que se estabelecem desde o primeiro contacto, desde o primeiro olhar… e espera-se que se gere a tão almejada empatia entre professor e alunos – essa empatia tão desejada por todos nós pais - e constrói-se a escada, toda ela coberta por uma passadeira vermelha, que sobe, sem parar, em direção ao conhecimento, à aprendizagem, à entreajuda e à partilha.

Enquanto mãe vejo com ansiedade a chegada de um novo ciclo, que espero seja rico em oportunidades e possibilidades.

E assim, entre livros e cadernos, os nossos jovens iniciarão um novo ano que - espero - será produtivo em conhecimento, partilha e aprendizagem, com respeito e amizade.

Júlia Maria Feiteira Dinis Bernardino