A Palavra dos Leitores | 21-11-2021 19:41

Dia Mundial da Televisão – Uma nova adição

Não permitamos que a nossa casa, a nossa família e a nossa sociedade sejam palco de programas com má qualidade, baixeza moral e deterioração de valores e costumes, porque alguns são mesmo degradantes e vexantes da condição humana.

A sociedade pós-industrial é considerada a era da informação. McLuhan ao falar da história da comunicação social e do impacto que ela teve na evolução da humanidade, divide-a em quatro etapas culturais: a aldeia tribal, desde a origem até ao aparecimento da escrita alfabética; a invenção do alfabeto até à invenção e expansão da imprensa; a galáxia Gutenberg até à aparição dos meios de comunicação electrónicos – telégrafo, telefone, rádio – e, por fim, a aldeia cósmica devido à interdependência que despoletou no século XX.

Desde então a evolução dos meios de comunicação social foi vertiginosa, nomeadamente a televisão que passou nas últimas décadas a fazer parte integrante da família, com múltiplos programas e canais à la carte, preenchendo abusivamente todo o tempo de convívio, de ócio e de entretenimento.

Se toda esta “revolução” poderia ser, à partida, positiva e enriquecedora, um facto é que se revelou altamente manipuladora, preocupante, devido à excessiva proliferação de notícias fragmentadas e multifacetadas, nem sempre em consonância com a realidade real, mas resultantes de interpretações, reconstruções, ou eventuais distorções.

A sua primeira função que é informar com independência e veracidade, apresenta-se na maioria dos casos, dependente de interesses económicos, políticos e ideológicos, aos quais muitos profissionais têm de se sujeitar.

A concorrência impele ao uso e abuso dum poder manipulador, sedutor e dominador com mira a conseguir cada vez maiores audiências, em prejuízo da qualidade dos programas, da sua seriedade e equilíbrio.

Porque esta “tirania manipuladora” conduz à desorientação, à alienação e provoca dependência, solidão e insatisfação, há que prevenir o telespectador passivo, que se torna numa presa fácil deste pulsar provocado por um “comando à distância e em modelo “zapping”.

Consciente de que a televisão é um excelente meio de informação, de cultura, formação e distracção, urge não desperdiçar estas potenciais qualidades e deixarmos de ser espectadores light, apáticos, amorfos, prontos a absorver tudo como uma esponja, mas que desenvolvamos uma permanente atitude de leitura e interpretação crítica face aos dados e imagens que nos fornecem.

Não permitamos que a nossa casa, a nossa família e a nossa sociedade sejam palco de programas com má qualidade, baixeza moral e deterioração de valores e costumes, porque alguns são mesmo degradantes e vexantes da condição humana.

Que esta efeméride sirva para um repensar e exigir o que, no mínimo, temos direito, porque em causa está o bem-estar de uma civilização, numa vivência e democracia que é de todos e da qual não nos podemos alhear.

Maria Susana Mexia

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