O MIRANTE dos Leitores | 18-04-2022 19:52

Como vão as contas em Portugal?

Júlia Bernardino

Os contribuintes foram conduzidos, há já alguns anos, a pedirem faturas em pastelarias, restaurantes e até no cabeleireiro, para que a situação fiscal fosse transparente e ninguém pudesse deixar de pagar ao fisco o que lhe era devido, de modo a que a população portuguesa não fosse lesada.

Com a constituição de um novo governo há todo um cenário a ser pensado e repensado. Há que apresentar ao povo português e a todos os que têm assento parlamentar, quer se pautem pelos princípios do governo vigente, quer constituam a oposição política ao mesmo, um Orçamento de Estado para apoiar os destinos dos portugueses e também equilibrar as contas públicas. 

Há já algum tempo que tenho vindo a notar que os sucessivos ministros que passam pelo Palácio de São Bento são exímios a fazer contas de subtrair e em alguns, mas muito parcos, momentos são também hábeis a fazer contas de somar. A tabuada de multiplicar é que parece ser-lhes desconhecida quando se trata de apoiar o investimento e dar estabilidade financeira, através de um salário digno e justo, a todos os que trabalham, ou já trabalharam em prol da sociedade e do povo português e que, atualmente, vivem de reformas indignas e que em nada valorizam e dignificam o indivíduo que tanto deu já à nação portuguesa.

E depois há os impostos a pagar mensalmente: os descontos para o IRS, parcela retirada logo do vencimento de quem trabalha e aufere mais do que o ordenado mínimo, que é, na minha opinião, muito insuficiente para fazer face à escalonada de preços que não param nunca de se multiplicar; os descontos para a segurança social, para um Serviço Nacional de Saúde debilitado e que já não consegue ajudar e apoiar todos os que o procuram, para grande desalento e preocupação dos profissionais de saúde que juraram salvar vidas humanas, mas que muito pouco lhes é dado para conseguirem cumprir a sua missão…

E há também pagamentos que se fazem ao Estado e relativamente aos quais nenhuma fatura é fornecida, pois “não entra em sede de IRS!” Que estranha esta situação, parece-me! 

Se não vejamos: os contribuintes foram conduzidos, há já alguns anos, a pedirem faturas em pastelarias, restaurantes e até no cabeleireiro, para que a situação fiscal fosse transparente e ninguém pudesse deixar de pagar ao fisco o que lhe era devido, de modo a que a população portuguesa não fosse lesada. Os valores aqui em causa são muito variáveis podendo, no caso aqui apresentado, o montante mínimo ser o preço de um café! Mas, se esses mesmos contribuintes derem entrada num processo de divórcio, por exemplo, o montante a pagar é de sensivelmente 280 euros – e até aqui nada é de estranhar pois todos sabemos que tudo é caro no nosso país! 

O estranho é que nesta situação não há fatura a ser emitida, pois o serviço não “entra em sede de IRS” – e isto sim, isto é, no mínimo, o retrato real da falta de transparência que existe nas contas públicas do nosso país!

Talvez num futuro Orçamento de Estado situações como esta sejam clarificadas, em prol do progresso e da prosperidade de todos os portugueses… não só de alguns!

Júlia Bernardino

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