Cultura | 22-03-2020 07:00

“A minha vida foi um privilégio e uma festa compartilhada”

“A minha vida foi um privilégio e uma festa compartilhada”

Morreu o cantor e compositor Pedro Barroso após doença prolongada. Tinha 69 anos.

Faleceu a 17 de Março, terça-feira, Pedro Barroso, cantor e compositor com ligação de toda uma vida à vila de Riachos, no concelho de Torres Novas. Tinha 69 anos, feitos em 28 de Novembro do ano passado, e estava internado no serviço de cuidados paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa, desde 7 de Março, em estado terminal.

A informação foi divulgada pelo filho, Nuno Barroso, numa mensagem colocada na sua página do Facebook. “Lamento informar o falecimento do meu pai, António Pedro da Silva Chora Barroso”.
Pedro Barroso lutava com uma doença do foro oncológico desde 2014, ano em que esteve internado dois meses, tendo revelado, nessa altura, ter estado 15 dias em coma.

Em 2017 voltou aos palcos mas acabaria por se retirar definitivamente a 21 de Dezembro do ano passado, com um concerto no Teatro Virgínia, em Torres Novas, que assinalou os seus cinquenta anos de carreira. Antes do derradeiro concerto, o cantor esteve internado durante vários dias, tendo chegado a ser equacionado o cancelamento do mesmo.
O concerto foi anunciado como de celebração dos cinquenta anos de carreira e a sala de seiscentos lugares esgotou um mês antes, mas só na véspera é que Pedro Barroso anunciou publicamente a sua despedida dos palcos.

“Corto a ‘jaqueta de forcado’ amanhã, no velho Cine Teatro Virgínia, pelas 21h30, com testemunho de 600 cúmplices, e quero dizer com isto que cesso actividade como músico, não me retirando, obviamente, nem como homem das ideias, nem das artes, nem das palavras. E da diferença. Também não quero um ambiente de tristeza. A minha vida foi um privilégio. Uma festa compartilhada”, escreveu na sua página de Facebook.

Pedro Barroso estreou-se em 1979, no programa televisivo Zip-Zip. Ao longo da sua carreira editou vinte álbuns. O último que gravou, cujo nome escolhido era “Novembro”, não chegou a ser editado.

Para esse álbum gravou em dueto com o cantor Patxi Andion, falecido o ano passado, uma canção com o título “Rumos”, cujo poema inclui os versos: “Que lutas nos sobram, que ninhos/Que gaivotas esvoaçam pelo mar?/Que sustos e dores e caminhos/Que causas inda’ há para lutar?”

Natural de Lisboa, Pedro Barroso sempre considerou Riachos como a sua terra e era lá que morava. “Riachos é o meu lar. É a minha casa. Nasci praticamente ali. Fui para Riachos com oito dias. Depois mantive uma relação permanente que nunca se quebrou. Por morte do meu pai, em partilhas, achei por bem ficar com a casa de família porque gostava muito dela. Na altura era muito novo, tinha 28 anos e foi um encargo que assumi. Decidi ficar com o velho Casal da Raposa que é, no fundo, o meu lar. É uma questão de pele, da minha própria história”, explicou a O MIRANTE em 2009, ano em que o jornal o distinguiu com o Prémio Personalidade do Ano.

Em Maio de 2017, a Sociedade Portuguesa de Autores entregou-lhe a Medalha de Honra de Carreira Artística, “como forma de reconhecimento da sua actividade como autor e pelo exemplo e estímulo que representa para a comunidade dos autores portugueses”. Em Janeiro deste ano, a câmara Municipal de Torres Novas tinha decidido atribuir-lhe a Medalha de Honra do Município. “Menina dos olhos de água” e “Viva quem canta” são duas das muitas intepretações populares de Pedro Barroso que vão ficar na história da música portuguesa.

“Das mulheres e do mundo” é um dos títulos de poesia de Pedro Barroso que O MIRANTE publicou em 2003. Foi o segundo livro de poesia do músico e compositor de Riachos. A obra da colecção Alma Nova, foi lançada no auditório do Equuspolis, na Golegã, no dia 10 de Outubro..

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