Cultura | 21-02-2022 10:00

A arquitecta e artista Maria Papa que sonha ter uma galeria

Maria Papa já recebeu prémios de arquitectura mas é a pintura que a apaixona

A artista da Póvoa de Santa Iria pinta telas e faz projectos de arquitectura com a motivação de um dia ser capaz de ter o seu próprio espaço, onde possa juntar as duas áreas. Natural da Roménia, desenvolveu a arte enquanto se integrava na sociedade portuguesa. Já pintou animais de estimação a pedido dos donos e já recusou pedidos para quadros de cariz sexual.

Quando era pequena Maria Papa sonhava ser modelo ou polícia mas foi na arquitetura e na pintura que encontrou a sua vocação. A jovem, originária da Roménia, chegou a Portugal há 18 anos e, actualmente com 29 anos, trabalha numa empresa de arquitectura em Vila Franca de Xira durante a semana e aos fins-de-sema dedica-se à pintura. Em pequena costumava fazer desenhos de personagens de desenhos animados.
Quando imigrou para Portugal, a arquitecta e artista residente em Póvoa de Santa Iria, continuou a desenhar e aos 12 anos de idade foi convidada para participar numa exposição na Casa da Juventude do Forte da Casa, onde acabou por vender a primeira de mais de 200 obras. A arte corre-lhe nas veias e até quando está a ver um filme ou uma série costuma rabiscar nos seus cadernos de desenho.
Era uma boa aluna e destacava-se em Educação Visual e Tecnológica (EVT), o que a levou no secundário a seguir a área de Artes. No ensino superior fez um Mestrado Integrado em Arquitectura, no ISCTE. A escolha de arquitectura teve a ver com a estabilidade financeira, já que a profissão de pintora é mais incerta. A artista, que já recebeu prémios de arquitectura, pretende um dia ter o seu espaço onde pode juntar as duas paixões, considerando que é necessário apoiar mais os artistas, sector que mais sofreu durante a pandemia. Se tivesse mais apoio já teria alugado um espaço para fazer uma galeria de arte.
O processo criativo pode ser bastante demorado, principalmente quando há uma exposição programada, mas Maria Papa garante que acaba sempre por conseguir focar-se num tema e criar obras que considera dignas de serem expostas guardando, no entanto, dezenas de rascunhos e obras no seu quarto, onde pinta.
Na altura do Natal é quando vende mais obras ou recebe mais encomendas sobretudo de casais, pais e avós que procuram eternizar momentos felizes. Também há quem queira um quadro com os seus animais de estimação. Apesar destes trabalhos Maria Papa já recebeu pedidos de jovens para fazer pinturas de cariz sexual mas a artista não aceitou, por não se sentir à vontade nem ser um estilo de arte no qual tenha interesse. Maria Papa diz não saber lidar com os elogios que recebe considerando-os muitas vezes exagerados.
Na última exposição, intitulada “Inquietação”, que esteve patente no Museu da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, entre Novembro e Janeiro, teve dez obras expostas. Apesar de adorar as obras que faz, não se sente emocionalmente presa a elas. Maria Papa lamenta que a arte não seja uma das prioridades de muitas pessoas devido a dificuldades financeiras mas aponta também alguns preconceitos que existem sobre os artistas. Muitos acreditam que os artistas têm que se vestir de forma diferente ou que faz parte do espírito artístico consumir drogas. Mas a artista veste-se e comporta-se dentro dos padrões sociais, o que até leva a que alguns amigos brinquem com a situação dizendo que ela é “certinha demais para ser artista”. Em conversas com algumas pessoas, Maria Papa já denotou alguma diferença de comportamento dependendo se se apresenta como pintora ou como arquitecta, o que a deixa triste. “Se disser que sou arquitecta as pessoas vão levar-me muito mais a sério do que se disser que sou artista. A sociedade ainda tem esse preconceito em relação aos artistas”, conclui.

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