Cultura | 10-06-2022 12:00

Aulas de pintura de Massimo Esposito originam exposição em Abrantes

Artista italiano Massimo Esposito reside em Alpiarça há 36 anos e dá aulas à comunidade

O artista italiano vive há 36 anos em Alpiarça e ensina técnicas de pintura em toda a região. Os quadros de alguns alunos estão em exposição no átrio do Hospital de Abrantes até 30 de Junho.

António Paredes tem 60 anos e é o aluno mais antigo da escola de desenho e pintura de Massimo Esposito. Frequenta as aulas há cerca de nove anos. Foi professor de Português e Inglês durante mais de 30 anos mas sempre gostou de desenhar e aproveitava esse jeito para explicar melhor a matéria aos alunos. No entanto, sempre teve curiosidade em aprender a pintar. O professor reformado, que vive em Santarém há mais de 30 anos, sente-se mais atraído pela combinação das cores e gosta de interpretar quadros de outros artistas. “Vejo os quadros, faço a minha interpretação e pinto à minha maneira”, explica a O MIRANTE.
Recentemente fizeram uma exposição no Entroncamento e Massimo Esposito pediu um quadro a António Paredes, que enviou o seu preferido: dois camponeses a dormir em cima de um fardo de palha. Uma interpretação de uma obra de Pablo Picasso. “O Massimo liga-me, perto da meia-noite, muito aflito a dizer que tinha havido um grande azar, que o meu quadro tinha caído ao chão e partiu-se. Fiquei em choque até que ele me disse estar a brincar. O Massimo tem uma óptima relação com os alunos, somos amigos e as suas aulas são uma animação”, conta António Paredes, acrescentando ser sempre bom manter a cabeça ocupada.
António Paredes é um dos 35 alunos de Massimo Esposito que tem um quadro na exposição que todos os anos o pintor italiano organiza com obras dos seus alunos. O ano passado foi na Casa-Museu dos Patudos, em Alpiarça. Este ano a exposição está patente, até 30 de Junho, no átrio do Hospital de Abrantes, tendo sido inaugurada a 28 de Maio.
Fernanda Martins, 77 anos, foi professora de Artes no ensino secundário em Abrantes durante muitos anos. Frequenta as aulas de Massimo Esposito há alguns meses. Decidiu aproveitar o tempo livre para se enriquecer nas aulas de pintura. Sempre quis aprender mais e confessa que está a fazê-lo. “As aulas são uma animação, sinto-me mais descontraída e conviver com os outros é muito importante para não estar fechada em casa”, afirma a também proprietária de um restaurante em Abrantes.
Madalena Moreira, 11 anos, observa o seu quadro em exposição assim como o dos seus colegas. Para esta exposição, a menina de Alpiarça escolheu um quadro que pintou de uma lagoa azul com o campo à volta. Há dois anos que frequenta as aulas porque sempre gostou de pintar e quis desenvolver mais a técnica. Na família é ela e o seu pai quem tem mais jeito para pintar. Madalena quer ser veterinária mas pretende continuar a pintar e a aprimorar o seu talento.

O pintor italiano que se apaixonou pelo Ribatejo
Massimo Esposito nasceu em Ferrara, norte de Itália, há 65 anos, e viveu em Ravena. Tinha um amigo, natural de Alpiarça, que sempre lhe disse que Portugal era o melhor país do mundo para se viver. Como sempre gostou de viajar, resolveu descobrir se o seu amigo tinha razão. Vive em Alpiarça, onde comprou terreno e construiu casa, há 36 anos. Ficou encantado com o clima e com as pessoas que diz serem muito amistosas. O seu pai também era pintor e Massimo Esposito seguiu-lhe os passos até se apaixonar pela arte. Ao início fazia retratos para ganhar dinheiro.
Quando chegou a Portugal começou por dar aulas em casa dos alunos mas cedo percebeu que não seria sustentável andar sempre com o cavalete atrás. Dá aulas em Abrantes há 26 anos e também em Alpiarça. Tem alunos de várias zonas do distrito de Santarém. Já passaram pelas suas aulas mais de um milhar de alunos. Actualmente tem entre 35 a 40 alunos e gosta de deixá-los livres para demonstrarem o que pretendem pintar. “Faço o possível para incentivá-los todos os dias mais um bocadinho e que sintam alegria naquilo que fazem. Isso é o mais importante”, reforça momentos antes da inauguração da exposição.
Gosta muito de cavalos por isso é frequente pintar representações desses animais. Também gosta de paisagens, oliveiras e fazer retratos. “Existem caras muito interessantes. Pinto tudo o que não seja abstracto. Gosto de representar a realidade à minha maneira, que muda consoante a minha sensibilidade. Não tenho aquele quadro que é típico meu. As pessoas que conhecem o meu trabalho reconhecem mas não tenho um estereotipo formatado”, conclui.

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