Cultura | 24-09-2022 12:00

Encontro de Citröen 2CV na Azambujeira<br>juntou meia centena de participantes

Participantes passaram pelos Casais da Atagueda para acompanhar o início das vindimas

Mais de meia centena de amantes dos carismáticos Citröen 2CV rumaram à Azambujeira, no sábado, 10 de Setembro, para o Encontro 2CV Vindimas ’22. Iniciativa acompanhou a apanha da uva nos Casais da Atagueda, passou pelas Marinhas do Sal, em Rio Maior, e culminou num almoço-convívio no Campo de Jogos do Casalinho, em Malaqueijo.

Os carros podem ser antigos, mas a paixão é intemporal. “É algo que não se explica, sente-se”, afirma Arlindo Guedes, enquanto ajuda as filhas e os netos a ultimarem os derradeiros preparativos para que o Citröen 2CV laranja e branco da família esteja pronto a arrancar. Já falta pouco para o tiro de partida do Encontro 2CV Vindimas ’22, que, na solarenga manhã de sábado, 10 de Setembro, trouxe à Azambujeira mais de meia centena de participantes oriundos de diversos pontos do país. Embora não se trate de uma corrida, o rugido dos motores denuncia a pressa que todos têm de se fazer ao caminho. “Quando somos mais jovens, queremos andar com carros mais novos, mas com a idade percebemos que não há nada como conduzir um carro antigo”, confessa Arlindo Guedes, empresário do ramo automóvel, de Alfouvés, que, além do 2CV de 1974 comprado há cerca de quatro anos, se orgulha de ser dono de um Citröen DS “boca de sapo”, um Volkswagen Carocha, um Saab, um Alfa Romeu e cerca de 30 motorizadas antigas.
Arlindo Guedes veio de perto, mas há quem tenha feito mais quilómetros para chegar ao Museu Regional da Azambujeira, de onde o passeio organizado pela União de Freguesias de Azambujeira e Malaqueijo, em parceria com o Club 2CV /Dyane de Portugal, saiu rumo aos Casais da Atagueda, em São João da Ribeira, para acompanhar o início das vindimas na herdade dos Vinhos Victor Manuel. Jaime Sousa, presidente do clube, veio de Sintra no pitoresco 2CV bege que não deixa ninguém indiferente. São muitos os que param para a fotografia junto à mala de viagem e ao garrafão de verga sobre o porta-bagagens. Mas a grande surpresa chega quando Jaime Sousa faz soar a buzina em que se fazem ouvir risos, assobios, chilrear de pássaros e trombetas, entre outros sons estridentes potenciados pelo altifalante de uma ambulância antiga estrategicamente colocado junto ao motor.
A poucos metros, a capota colorida do 2CV azul de Francisco Carreiro também chama a atenção de quem passa. “É um remendo provisório”, adianta o proprietário, que comprou o carro com matrícula de 1984 há quatro meses e investiu cerca de 800 euros só para que ele ficasse operacional. “Estava parado há 10 anos e, mesmo dentro de uma garagem, acabou por se estragar muito”, justifica.

Uma paixão para a vida
“Ainda se encontram muitos carros destes abandonados há anos e a precisar de melhoramentos”, acrescenta Jaime Sousa, para logo indagar se alguém conhece algum veículo nessas circunstâncias. “Quando aparece uma boa oportunidade, andamos todos à caça”, admite. Nelson Guimarães, que leva a repórter de O MIRANTE de boleia no 2CV cinzento e preto guiado pelo amigo Fernando, habituou-se a caçar quilómetros ao longo de uma vida passada ao volante. Outrora piloto de ralis, velocidade, pop cross, auto cross e “tudo o que mais houvesse”, orgulha-se de já ter conduzido “mais de 16 milhões de quilómetros”. Um aneurisma, há dois anos, deixou-o quase cego, mas não lhe travou a paixão pelas quatro rodas, agora vivida à pendura. “Estou vivo, é o que interessa”, diz de voz embargada, antes de soltar o verbo para uma desgarrada acompanhada à concertina numa das paragens.
Depois da passagem pelas Marinhas do Sal, em Rio Maior, a comitiva dirige-se, por fim, ao Campo de Jogos do Casalinho, em Malaqueijo. Antes do almoço-convívio, é tempo de os condutores puxarem pelos motores dos seus 2CV no campo da União Desportiva de Malaqueijo. Ao volante da Rita, a velhinha Citröen 2CV Azu de 1957 comprada em 1978, José Santos recorda que a furgoneta começou por ser uma carrinha ao serviço dos Correios, mas tem os olhos bem postos no futuro. “Ainda está aqui para as curvas”, garante José Santos que já tem o próximo passeio debaixo de olho. “Sempre que posso, não perco estes encontros, isto é uma paixão para a vida.”, vinca.

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