Cultura | 04-10-2022 20:59

O rosto da FENCAÇA diz que a caça está a perder praticantes

Jacinto Amaro é o presidente da FENCAÇA – Federação Portuguesa de Caça – há mais de 30 anos

Jacinto Amaro é há mais de 30 anos presidente da FENCAÇA – Federação Portuguesa da Caça – que tem sede em Coruche. O dirigente associativo considera que tem sido feito um grande trabalho em prol do sector cinegético mas reconhece que a adesão à actividade tem vindo a diminuir.

O presidente da FENCAÇA – Federação Portuguesa da Caça – Jacinto Amaro, está no cargo há mais de três décadas e conta que ao longo dos anos tem-se assistido a um abrandamento na adesão à actividade venatória, sobretudo devido à chamada Lei das Armas, ao facto de terem de ser pagas várias taxas e à realização de exames.
A caça contribui para o controlo de algumas espécies e consequente equilíbrio dos ecossistemas, com Jacinto Amaro a reconhecer com algum apreensão a ameaça de extinção que paira sobre a outrora muito comum rola-brava. Para além desta situação, o dirigente aponta também outras preocupações relacionadas com o surgimento das doenças associadas aos coelhos, lebres, a tuberculose nos javalis e também a diminuição do coelho bravo, que é o principal alimento das aves de rapina, das raposas e dos saca-rabos.
Por respeito às espécies, Jacinto Amaro não caça coelhos nem lebres, ao contrário dos javalis, que existem em excesso e destroem terrenos, alimentos e equipamentos, para além de que já provocaram alguns acidentes rodoviários, em alguns casos mortais, afirma. Depois de uma manhã passada a caçar tem por hábito partilhar e fazer petiscos com amigos e família, sobretudo com tordos, pombos e codornizes.
Jacinto Amaro refere ainda que a forma como é feita a agricultura, à base da plantação de milho e pastagem, influencia a alimentação das espécies. “Devia de haver mais centeio e girassol plantados e, sobretudo, mais cuidados nas políticas reformistas da Política Agrícola Comum para que estas espécies possam sobreviver. Nas minhas terras, apesar de não me considerar agricultor, tenho comedouros e bebedouros preparados para alimentar todas as espécies e não só vacas ou ovelhas”, diz.
Questionado sobre o que pensa do acto na Quinta da Torre Bela, em Azambuja, onde há um par de anos se registou uma matança de centenas de animais de grande porte numa acção de caça, apesar de condenar o sucedido, Jacinto Amaro fala num acto isolado com o qual os caçadores portugueses não se identificam.
Apesar de, em média, cada caçador ter dois cães para o acompanhar na actividade, Jacinto Amaro tem sete, ainda que nem todos estejam preparados para caçar. Todos eles foram dados por amigos. Quando estão em casa são muitos os mimos que os animais recebem, sobretudo dados por Clara e Bernardo, netos de Jacinto Amaro. O que mais o motiva na caça é precisamente ver os seus cães felizes e a paixão que tem pela natureza. A FENCAÇA tem mais de dois mil caçadores associados.

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