Desporto | 15-11-2020 10:00

No Vilafranquense faz-se arte a dançar sobre patins

No Vilafranquense faz-se arte a dançar sobre patins
SOCIEDADE

São quatro dezenas os atletas federados de patinagem artística do União Desportiva Vilafranquense que todos os dias calçam os patins para fundir em coreografia o desporto com a arte.

São 11h00 e o sábado acaba de começar para os atletas de patinagem artística do União Desportiva Vilafranquense (UDV). Na pista do pavilhão, o treinador, Gustavo Assunção, segue atentamente os patinadores com o olhar, corrige-lhes os movimentos e incentiva quem cai indefeso na pista. “Há muitas quedas e muito choro ao início, mas há algo mais importante que os faz ficar”, diz o treinador. E a isso chama-se gosto de dançar sobre rodas.

Para conseguirem bons resultados nas competições desportivas precisam de ser exigentes, destemidos e perfeccionistas. Na pista cada um sabe o que tem de fazer para melhorar, seja a postura, o equilíbrio, a velocidade ou as expressões faciais que devem acompanhar a história que se quer contada em cada coreografia. E no que toca a este último factor Carolina Tilley, de 18 anos, é um bom exemplo de como se deve misturar a técnica desportiva com a arte, nota a coreografa Rita Jogo que acompanha os treinos.

Carolina começou na modalidade aos cinco anos e nem mesmo a entrada na faculdade - altura em que é comum desistir - a afastou dos patins. “Mas é preciso persistência e gostar mesmo do que se faz”, atira, na certeza de que tão cedo não vai pôr de parte os fatos brilhantes da patinagem. “É algo que nos fascina”, atira Gabriela Bastos, a patinadora de 17 anos que veste o fato mais reluzente do grupo. “Fui eu que cosi os brilhantes”, diz orgulhosa. Treina todos os dias, menos ao domingo, numa rotina que começou há dez anos. “E quanto mais se avança no escalão maior é a exigência e mais são as disciplinas a aprender”, afirma a campeã distrital de solo dance, no escalão júnior que também foi terceiro lugar nos nacionais de 2019.

De franja e sorriso a denotar a falta de dentes típica de quem tem cinco anos, Aurora Madeira, a patinadora mais nova do grupo, ainda está a aprender a confiar nos patins. Não é que se ponha a fazer contas, mas por treino, diz, cai “umas dez vezes”. O remédio é sempre o mesmo: levantar-se sozinha e recomeçar o exercício. A inspiração são as patinadoras mais velhas.

Faltam rapazes na modalidade

“Um patinador tem que ter muitas horas em cima de patins. A modalidade é muito rigorosa. Quem está em competição tem que treinar no mínimo 14 horas semanais, para trabalhar a preparação física, a técnica e as coreografias”, refere o treinador Gustavo Assunção que se estreou na modalidade aos dez anos “obrigado pela mãe”, no Hóquei Clube Os Tigres de Almeirim, de onde é natural.

Gustavo Assunção “era o único rapaz no meio de 30 meninas” e isso, admite, trouxe-lhe alguns dissabores na adolescência, “pelo que os outros podiam pensar”. Duas décadas depois, o preconceito ainda existe e os rapazes continuam a ser poucos. No UDV há apenas um. Chama-se Afonso Duarte, tem 14 anos e pouco ou nada se importa com a opinião dos outros. “Toda a gente lá na escola sabe que faço patinagem e isso não me incomoda nada. A opinião que importa é a minha e só a minha”, diz.

De leggings vestidas e com um par de patins calçado, Afonso Duarte treina focado para entrar nas pré-competições. À semelhança do que acontece com outros rapazes, explica o treinador, está a evoluir rapidamente na modalidade devido “à destreza e força física que por norma é maior no sexo masculino”.

O UDV tem 40 atletas federados em patinagem artística. A modalidade divide-se em várias categorias de competição, desde a patinagem livre e solo dance na sua vertente individual, aos pares artísticos e patinagem de grupo com diferentes estilos. O próximo objetivo deste desporto, destaca Gustavo Assunção, é chegar ao estatuto de desporto olímpico. A oportunidade pode ainda demorar, mas os atletas, treinadores, direcções dos clubes e federação continuam a lutar por esse objectivo.

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