Desporto | 08-02-2022 15:00

Associação da Póvoa de Santa Iria faz do “airsoft” uma arma de ajuda comunitária

Brigada Especial de Airsoft Radical, da Póvoa de Santa Iria, organiza iniciativas de cariz solidário (FOTO – Brigada Especial de Airsoft Radical)

A Brigada Especial de Airsoft Radical organiza iniciativas que visam apoiar instituições e pessoas no concelho de Vila Franca de Xira. A modalidade implica o uso de armas e balas de brincar, mas os dirigentes da associação consideram-na menos violenta do que desportos como o futebol ou o rugby, por exemplo.

José Elias e Paulo Pereira são dois dos membros fundadores da Brigada Especial de Airsoft Radical (BEAR) cujos elementos, 12 no total, reúnem regularmente numa garagem na Póvoa de Santa Iria. O airsoft é um jogo onde os jogadores simulam operações policiais com armas de pressão que atiram projécteis plásticos não letais. Nos treinos e jogos da BEAR é utilizado armamento leve, como pistolas e facas, ou mais pesado, como metralhadoras, granadas, minas e rockets. As provas podem envolver até uma centena de pessoas e realizam-se em matas, bairros abandonados, fábricas desactivadas, entre outros espaços. Os participantes chegam a percorrer mais de 10 quilómetros enquanto carregam cerca de 15 quilos de material de protecção obrigatório.
José Elias, presidente do clube, admite que existe preconceito por ser uma actividade que envolve armas, mas garante que as pessoas não podiam estar mais longe da verdade. Dá como exemplo os desportos de combate, ou até mesmo o futebol ou rugby, que implicam confrontos físicos intensos mas que não são considerados violentos. “Não somos terroristas por vestirmos um camuflado e dispararmos balas de brincar. Isto é um jogo que levamos na desportiva e que serve para passar tempo juntos a comer e a beber uns copos”, afirma com um sorriso no rosto.
No entanto, para quem não está habituado ou não conhece a actividade, a probabilidade das pessoas serem induzidas em erro é grande. Em jeito de brincadeira, José Elias conta a O MIRANTE que numa das actividades, realizada num edifício devoluto da Póvoa de Santa Iria, um grupo de mulheres assustou-se e ameaçou chamar as autoridades por achar que se tratava de um atentado terrorista.
José Elias assegura que o desporto é muito completo e não é apenas uma disciplina de tiro. “O airsoft é uma actividade desportiva muito versátil que engloba valências como a caminhada, montanhismo, orientação, escalada, rapel, team-building, resistência e resiliência, planeamento e estratégia, entre outras”, vinca, acrescentando que o respeito é uma das bandeiras da modalidade e que há cada vez mais jovens a querer participar.

UMA ASSOCIAÇÃO PREOCUPADA COM AS CAUSAS SOCIAIS
O airsoft é uma actividade que envolve muitos custos financeiros em armamento e protecção. As armas podem custar milhares de euros, funcionam a ar comprimido e disparam balas redondas, feitas normalmente de PVC, que causam menos dano que os marcadores de paintball, por exemplo. No entanto, como são disparadas milhares por jogo, as balas infiltram-se no solo e podem contaminá-lo. José Elias explica que tem procurado soluções para contrariar os efeitos e que, após alguma pesquisa, encontrou balas biodegradáveis que, apesar de mais caras, não são tão nocivas para o ambiente.
A Brigada costumava realizar, antes da pandemia, uma prova todos os meses. Em quase todas, parte do dinheiro das inscrições revertia para apoiar associações locais, tais como os Bombeiros da Póvoa de Santa Iria, a Associação Benévola dos Dadores de Sangue ou pessoas que necessitassem de cuidados de saúde e não tinham capacidade financeira para os suportar. “Gostamos de ajudar a melhorar as condições de trabalho das instituições que estão sempre prontas para acudir a população do nosso concelho. O associativismo só faz sentido se obedecer a um conjunto de princípios e valores como a entreajuda, o altruísmo, o respeito e a amizade”, sublinha.

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