Desporto | 02-02-2022 10:00

Edição Semanal. Benfica do Ribatejo volta a ter futebol num campo de terra batida e sem apoio da população

Edição Semanal. Benfica do Ribatejo volta a ter futebol num campo de terra batida e sem apoio da população

Rui Marques fundou o Grupo Desportivo de Benfica do Ribatejo a partir de uma brincadeira com antigos colegas de equipa do desactivado Clube de Futebol de Benfica do Ribatejo. Tem como presidente da assembleia-geral a sua mulher.

A estreia estava a correr bem na época passada mas a actual época está a revelar-se um desastre. Mas muito se tem feito para quem joga num dos últimos campos pelados da região que nem sequer é do clube, e sem o apoio das gentes da terra.

Rui Marques, ex-jogador do Clube de Futebol de Benfica do Ribatejo, meteu na cabeça reactivar o futebol na freguesia, de onde nem sequer é natural, e arrastou a mulher para a aventura de fundar o terceiro clube na localidade do concelho de Almeirim. O Grupo Desportivo de Benfica do Ribatejo está a tentar trilhar um caminho onde não abundam apoios. E não falamos apenas dos monetários. Basta olhar para o plantel para se perceber que o futebol na vila avança com os pontapés dos de fora. O único jogador da terra é o avançado Nuno Capelo.
Rui Marques, natural de Almeirim, 43 anos e serralheiro civil de profissão, foi jogador durante oito anos no Clube de Futebol de Benfica do Ribatejo (CFBR), que acabou na época de 2018/2019 atafulhado em dívidas. Driblou a falta de interesse local e juntou alguns antigos jogadores para fundarem o novo emblema que cortou com o vermelho e branco dos tempos do Sport Lisboa e Benfica do Ribatejo, que antecedeu o CFBR, e passou a equipar-se de roxo e branco, as cores da bandeira da freguesia, que não cativou o gosto dos populares.
Um dia Rui Marques chegou a casa e disse à esposa que ia fundar um clube e que ela ia fazer parte dos órgãos sociais. Da surpresa avançou para presidente da assembleia-geral. Na época de arranque, em 2019/20, conta Anabela Vilhena, o clube sobreviveu das receitas do bar e da bilheteira. A pandemia pregou-lhes uma rasteira e impediu-os de manterem essa fonte de receita. Mas Rui Marques diz que o grupo não vira a cara à luta e vai continuar a enfrentar as adversidades. Já conseguiu o apoio da junta de freguesia.
A época passada a equipa ficou num sexto lugar que dava esperanças para uma segunda época melhor mas que está a ser um desastre. A jogar na segunda divisão distrital, a equipa está em último lugar, com dois empates e seis derrotas em oito jogos. O primeiro jogo do campeonato deixou antever que a bola não ia estar de feição ao perderem com a equipa B do União de Santarém por 12-1. Mas muito fazem jogadores e dirigentes com as condições que têm.
Verde no campo só for das ervas que apareçam na terra batida. Se não é o último deve ser dos raros pelados da região. O campo é de um privado que não quer enterrar dinheiro no espaço e os melhoramentos têm de ser feitos pelo clube. É a troca pela utilização do espaço. Rui Marques garante que não vai desistir até conseguir que a Câmara de Almeirim apoie o clube na construção de um novo campo.
Outra dificuldade e que tem influência no ânimo de jogadores e dirigentes é o alheamento da população. “Desde que o Sport Lisboa e Benfica do Ribatejo acabou que as pessoas não apoiam os clubes da terra. Até com o equipamento implicam, dizem que é feio”, diz o jogador Nuno Capelo. Mas o presidente está empenhado em mobilizar as pessoas para as bancadas.
O clube não tem escalões de formação e a abertura aos mais novos só será possível com novas instalações e um campo relvado. Sem esperanças que os resultados venham a melhorar o foco está agora na preparação da próxima época.

O marido é o presidente mas quem manda é a mulher

O presidente da direcção, Rui Marques, começa a conversa com O MIRANTE a dizer: “quem manda aqui é a Bela”, ou seja a sua mulher e presidente da assembleia-geral, que também faz de roupeira e de adepta. Ainda sente muitos olhares desconfiados por ser uma mulher num mundo que é vincadamente masculino. “Já houve jogadores e árbitros que não gostaram que me dirigisse a eles, enquanto dirigente, por ser mulher. Aliás, já houve problemas com alguns jogadores que acabaram por se ir embora porque me faltaram ao respeito”, vinca Anabela Vilhena. A mulher do presidente sente-se desgostosa por nunca lhe terem dedicado um golo, mas Nuno Capelo deixa a promessa de o fazer.

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