Desporto | 20-06-2022 07:00

Ginastas da Académica de Santarém em busca da coreografia perfeita

Ginastas da Académica de Santarém em busca da coreografia perfeita

A busca da coreografia perfeita exige muito treino, muita tentativa e erro. Na Académica de Santarém o trabalho desenvolvido há dois anos e meio já soma títulos e projecção nacional. A vitória num concurso televisivo deu notoriedade ao projecto e rendeu 30 mil euros que os jovens doaram à secção para comprar material.

Junto à porta do pavilhão da Escola Superior de Gestão de Santarém, no complexo do Instituto Politécnico de Santarém, as crianças brincam e correm enquanto os pais e avós os tentam convencer a ir para casa. Lá dentro as atletas mais velhas da secção de ginástica acrobática da Académica de Santarém fazem o aquecimento para mais um treino. Com corpo esguio e cabelo loiro apanhado num carrapito, Teresa Sá Rodrigues, 12 anos, faz os aquecimentos antes do treino. Desde pequena que acompanha os pais para assistir aos jogos de futebol do irmão mais velho, que joga no mesmo clube, e sempre gostou do ambiente da Académica de Santarém. Quando abriu a secção pediu aos pais para entrar na ginástica. Antes praticou ballet mas confessa que é muito mais feliz na ginástica.
Teresa Sá Rodrigues e Eva Marques (que não esteve presente no dia em que O MIRANTE esteve a assistir a um treino) conquistaram recentemente a medalha de bronze no campeonato nacional de ginástica acrobática. Teresa Sá Rodrigues treina todos os dias para conseguir melhores resultados. Não gosta de falhar e não desiste até fazer a coreografia estar perfeita. A persistência e a resiliência são duas características que considera fundamentais para alcançar os títulos por que tanto luta.
Martim Pereira, 14 anos, está na Académica de Santarém há dois anos. Em casa andava sempre a fazer pinos por brincadeira e por gostar de agilidade. A mãe falou-lhe na ginástica acrobática da Académica. O adolescente não hesitou e foi aprender. Não gosta de faltar aos treinos porque quer ser sempre melhor e superar-se. Recentemente, sagrou-se campeão nacional com o seu par, Teresa Silva. Em anos anteriores já tinha conquistado o mesmo título com outra colega. Teresa Silva, 11 anos, anda na ginástica há quatro anos. Tímida, conta que sempre se encantou a ver outras ginastas e os pais inscreveram-na. Sagrar-se campeã nacional foi um sonho pelo qual luta todos os dias. Sabe que é depois de tentar e errar muitas vezes que conseguem a coreografia perfeita.

(Da esquerda para a direita) Teresa Rodrigues, Teresa Silva e Martim Pereira
(Da esquerda para a direita) Teresa Rodrigues, Teresa Silva e Martim Pereira

Atletas deram prémio de 30 mil euros à secção
A secção de ginástica acrobática teve reconhecimento nacional recentemente ao vencer o concurso televisivo Got Talent Portugal. O prémio de 30 mil euros foi entregue a todos os atletas participantes, que abdicaram do dinheiro e entregaram-no à secção para comprar mais e melhor material. A treinadora Tânia Carapeta explica por que decidiram concorrer ao programa televisivo. “Depois da pandemia e dos confinamentos entendemos que precisávamos de algo para motivar os atletas. Enviámos uma gravação e fomos seleccionados. Nem no dia da final acreditei que fosse possível ganhar. Foi o ponto alto desta secção”, admite a responsável da ginástica acrobática da Académica de Santarém.
Tânia Carapeta explica a O MIRANTE que o clube continua a precisar de um pavilhão maior e próprio para treinar mas que é difícil encontrar um espaço em Santarém com todas as condições necessárias para os 160 praticantes. Por enquanto vão continuar no pavilhão da Escola Superior de Gestão de Santarém. Além de Tânia Carapeta, a secção tem mais cinco treinadoras.
A secção de ginástica acrobática da Académica de Santarém nasceu em Novembro de 2017 depois de Tânia Carapeta, 27 anos, ter percebido existir essa lacuna na cidade escalabitana. Licenciada em Treino Desportivo e especialização em Ginástica, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, Tânia Carapeta sempre quis ser professora de ginástica acrobática. Apresentou o seu projecto à Académica que aceitou o desafio.
Começaram com cinco alunas e actualmente são 160 atletas. Destes, apenas sete são rapazes. Uma situação que Tânia Carapeta pretende ultrapassar porque a ginástica acrobática não é um desporto feminino. “Há obstáculos que ainda temos que ultrapassar. Não podemos achar, por exemplo, que o futebol é só para rapazes e a ginástica são para raparigas. Este é um desporto para todos e precisamos de rapazes para fazer par com as meninas. Tentamos esbater essa barreira ao máximo mas não é fácil”, explica a professora, acrescentando que este é um problema que afecta todos os clubes da região.

Tânia Carapeta é professora e praticou ginástica em Benavente
Tânia Carapeta é professora e praticou ginástica em Benavente

Treinadora vive a ginástica desde os três anos

Natural de Benavente, Tânia Carapeta praticou ginástica acrobática do Clube União Artística Benaventense dos três aos 17 anos. Foi campeã distrital durante vários anos e participou em diversas competições internacionais. A professora admite que a ginástica é uma grande escola de vida que ensina sentido de responsabilidade, união, espírito de partilha e de sacrifício e saber lidar com a derrota.

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