Economia | 12-09-2019 17:51

Presidente da NERSANT diz que os bancos são responsáveis pelo fecho de empresas

Presidente da NERSANT diz que os bancos são responsáveis pelo fecho de empresas

Salomé Rafael tomou posição sobre a multa aos bancos aplicada pela Autoridade da Concorrência. A presidente da NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém aponta o dedo à Caixa Geral de Depósitos por ser um banco público e o maior prevaricador .

A presidente da NERSANT – Associação Empresarial da Região de Santarém, Salomé Rafael, disse a O MIRANTE que a intervenção da Entidade da Concorrência, que multou por cartelização 14 bancos em cerca de 230 milhões de euros, é uma bênção para os empresários. “Há muitos anos que a NERSANT estranhava e desconfiava das condições de crédito e das taxas muito iguais entre instituições bancárias”, diz.

“Há uma questão muito importante nesta intervenção da Entidade da Concorrência que é a culpabilidade da Caixa Geral de Depósitos ( CGD). É inaceitável que o banco público esteja na lista dos bancos que trabalham em cartel. Temos muitas queixas de muitos associados relativamente à forma como a CGD trabalha no mercado. Podemos falar sem reservas que a CGD é culpada do fecho de muitas empresas no país e, principalmente, na nossa região. Dou um exemplo: um empresário só pode ter acesso ao crédito uma vez para a reestruturação de uma empresa, num período de um ano ou mais. Se tiver mais empresas e quiser fazer outra operação financeira do género está de quarentena, que é uma coisa inacreditável nos dias de hoje e numa economia aberta como a que vivemos. Quem não vive estes problemas com a banca não acredita. Parece que vivemos num outro país que não aquele de que os políticos falam todos os dias na televisão”, desabafou a dirigente associativa.

Salomé Rafael disse ainda a O MIRANTE que a NERSANT fez chegar ao Governo, por várias vezes, nos últimos anos, a sua preocupação pela cartelização dos bancos, mas admite que, embora seja uma voz activa, não tenha sido suficiente para que o governantes tivessem intervindo a tempo e horas.

Disse ainda que este assunto é o ponto dois da ordem de trabalhos da próxima reunião da direcção da NERSANT e que não vai deixar de continuar a chamar a atenção do Governo para os preços da electricidade, por exemplo, que são outro problema por resolver. “Com a concorrência que existe entre as empresas nos vários mercados da Europa é evidente para todos que as empresas portuguesas são prejudicadas. Há outros operadores que, a exemplo dos bancos, trabalham com condições muito duvidosas, fazendo crer que dominam o negócio entre eles. E as empresas portuguesas é que sofrem”, disse.

Banca portuguesa funciona em cartel nos créditos ao consumo

Quatorze bancos que operam em Portugal foram acusados de “prática concertada de troca de informação comercial sensível” pela Autoridade da Concorrência (AdC). A AdC aplicou uma multa no valor de 225 milhões de euros, por essas acções que terão durado mais de dez anos, entre 2002 e 2013. A investigação da AdC tem sete anos e partiu da denúncia de um dos bancos envolvidos.

Os bancos são acusados de trocarem informação sensível referente à oferta de produtos de crédito na banca de retalho, designadamente crédito à habitação, crédito ao consumo e crédito a empresas. Num longo comunicado publicado no seu site oficial, a entidade reguladora detalha que os 14 bancos condenados são o BBVA, o BIC, BPI, BCP, BES, BANIF, CGD, Caixa Agrícola, Montepio, Santader, Deutsche Bank e UCI.

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