Entrevista | 18-04-2022 09:59

Vamos reforçar os recursos pedagógicos para potenciar a criatividade e a inovação

Sérgio Cardoso é o actual director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia do Politécnico de Santarém

Director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS), desde Novembro do ano passado, Sérgio Cardoso fala sobre a actual situação e os objetivos para o actual mandato com optimismo, sublinhando que a forma como a Escola enfrentou os acontecimentos difíceis dos últimos dois anos, decorrentes da pandemia, mostra que há capacidade, tanto a nível individual como institucional, para fazer mais e melhor.

Como está a ser, profissionalmente, esta experiência como director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém?

Há muitas maneiras de servir a ESGT e todas elas acrescentam partes ao todo. O bom funcionamento de uma escola depende, naturalmente, do acerto da sua direcção, mas igualmente do compromisso e da dedicação diária dos restantes colaboradores – e nesse aspecto tenho a sorte de poder contar com o contributo generalizado de todos.

É uma situação completamente nova para si.

Ao longo dos anos pude realizar-me profissionalmente enquanto funcionário, depois como docente e nos últimos anos pelo exercício de funções dirigentes. Todos os dias transporto esta minha realidadec que é múltipla, para cada decisão que tomo. Não tenho propriamente uma “pele” de director, se bem que compreendo perfeitamente o alcance e a responsabilidade das minhas actuais funções, com a qual convivo bem. O que tenho mais presente quanto a estas funções é a minha resolução e determinação de conduzir a ESGT ao encontro dos nossos desafios institucionais. Um sentido de urgência e um compromisso com o nosso desenvolvimento.

Como descreve a actual situação da ESGT?

A ESGT está num bom momento e a comunidade académica toda trabalha, em regra, com verdadeira dedicação. Pessoalmente ocupo-me quase que em exclusivo dos assuntos que mobilizam toda a escola e aos quais atribuo verdadeiro interesse.

Um dos assuntos que o ocupam é oferta formativa.

A escola oferece actualmente 16 cursos de TESP, Licenciatura e Mestrado, perfeitamente consolidados, e ultrapassou já os 1.350 alunos com um crescimento de mais de 7% face ao ano lectivo anterior. Para além das diferentes tipologias de curso que indico, devo também referir que a nossa oferta formativa mantém uma centralidade nas ciências empresariais e nas ciências informáticas – aliás, que caracteriza o nosso trabalho – em ambos os casos abrangendo uma grande multiplicidade de conhecimentos próprios das diferentes dimensões do conhecimento ali presentes.

Houve alterações recentes?

A oferta formativa foi genericamente renovada ao longo dos últimos anos e validada em processos de avaliação e acreditação. No passado mais recente temos procurado a introdução de equipamentos e recursos pedagógicos mais flexíveis e inovadores. A ESGT está, por isso, num momento de grande estabilidade e tem procurado novas formas de colaboração com as empresas, nas suas necessidades mais concretas. O objectivo é o de desafiar o potencial de estudantes e dos docentes assim como para garantir melhor eficácia do processo educativo.

Como está a decorrer a internacionalização da ESGT?

O processo de internacionalização da nossa oferta formativa ganhou renovado impulso considerando o recente fortalecimento de acordos bilaterais com instituições de ensino superior estrangeiras e as possibilidades de reconhecimento mútuo ou de dupla titulação de estudantes, bem como o trabalho de redesenho da nossa oferta Erasmus.

Qual é, actualmente, a oferta pós-graduada disponível?

A oferta formativa da escola, para além da graduação inicial em cursos de licenciatura, oferece três cursos de mestrado: Contabilidade e Finanças; Gestão de Organizações de Economia Social; Gestão de Unidades de Saúde. Estes cursos têm reforçado a sua procura de forma consistente e são valorizados no mercado de trabalho. Em complemento preparámos oferta de pós-graduação para disponibilizar no âmbito do programa Impulso Adulto (que será muito em breve comunicada) para as áreas da inovação, da digitalização e da sustentabilidade dos negócios. Também preparámos outros em domínios ligados às tecnologias e aos sistemas de informação. Estes cursos foram pensados de forma modular, com percursos formativos flexíveis e pretendem conciliar-se com as necessidades dos adultos e do tecido empresarial.

Quais as necessidades que identifica a nível formativo?

Permanecem por atender na região, e no país, necessidades de formação muito relevantes precisamente nas dimensões da (re)qualificação de adultos assim como na melhoria dos níveis de qualificação de jovens considerando os referenciais internacionais. Nesse sentido, os programas Impulso assim como a necessidade de envolver as pretensões das empresas e dos municípios em contextos geográficos precisos, trouxeram a oportunidade de abordar este problema.

O que está a ser feito?

O IPSantarém delineou uma estratégia clara e a ESGT trabalhou empenhadamente no desenho das propostas e das candidaturas, como aliás o fizeram as outras escolas superiores. O resultado a que colectivamente se chegou permite cumprir objectivos de formação ambiciosos. Nesta fase estamos a ultimar os calendários de formação e todas as dimensões administrativas e regulamentares para fazer funcionar os cursos já a partir de Setembro próximo.

A investigação na ESGT vai conhecer novo ímpeto durante o seu mandato? De que forma?

As actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) são já um factor com bastante relevância no plano das nossas actividades. Devo referir que é frequente que boa parte dos constrangimentos não esteja na qualidade científica das propostas e dos projectos de I&D mas na insuficiência de financiamento de actividades de I&D pelas diversas entidades. O que pretendemos melhorar são duas outras dimensões também muito relevantes: (1) o incremento da participação dos estudantes em projectos de I&D enquanto membros das equipas de investigação onde já se inserem docentes; e que essa exigência se eleve para os ciclos de graduação também mais avançados, a par de (2) uma diversificação das tipologias dos projectos de I&D, sempre sob uma vertente de investigação aplicada como forma de aumentar também o acesso a fontes de financiamento em ciência e fazendo-o em conjunto com o tecido empresarial, tanto na candidatura e no projecto como na aplicação do conhecimento sob a forma de inovação produtiva.
Posso referir-me, assim de memória, a pelo menos cinco projectos e outras iniciativas de I&D, propostos para financiamento junto das respectivas entidades nos últimos meses, para valores muito substanciais, dos quais aguardamos com fundada expectativa a respetiva apreciação pelos painéis de avaliação.

O seu mandato termina em 2025. Como vê a ESGT nessa altura?

Neste quadriénio tomámos como necessária a adequação dos espaços físicos da escola, já esgotados pela nossa dimensão actual de modo, que não oferecem resposta adequada aos próximos desafios. É igualmente necessário algum recrutamento de recursos humanos com os perfis de competências diferenciados, alinhados com a concretização de nova oferta formativa graduada que temos em preparação. Daqui também decorre o necessário reforço dos recursos pedagógicos disponíveis de modo que a criatividade, a inovação e todas as alterações dos contextos sociais e organizativos circulem sem barreiras entre a ESGT e o exterior. Na verdade, são estas as minhas melhores expectativas e, mais cedo do que tarde, estarão concretizadas ao serviço da nossa comunidade académica e do desenvolvimento da região.

Uma última mensagem.

Resta-me deixar uma mensagem de confiança no futuro junto de todos na comunidade académica e num também num contexto regional mais alargado considerando que todas as incertezas que o conjunto de acontecimentos dos últimos dois anos trouxeram também permitiram ver exemplos verdadeiramente inspiradores de transformação e de superação, tanto na escala individual como institucional. Que possamos usar da mesma determinação em melhores circunstâncias.

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