Sem uma imprensa que cumpra o seu papel de supervisão e escrutínio estaremos a pôr em causa a democracia
Não consigo sequer imaginar como seria a minha vida e a da minha família num país não democrático. É este o maior elogio que posso fazer à Revolução dos Cravos.
Os jornais têm que estar registados e os seus responsáveis identificados. E têm que cumprir leis, nomeadamente a lei de imprensa. Deve continuar assim ou os jornais devem ter maior liberdade?
Manter o registo e a identificação dos responsáveis dos meios de comunicação social parece-me essencial para se assegurar a responsabilidade e a transparência. Até mesmo de protecção do próprio órgão de comunicação social sobretudo nos tempos que vivemos com a disseminação generalizada de “fakenews”. A lei da imprensa e outros mecanismos legais de escrutínio não devem ser encarados como limitadores da liberdade da imprensa, mas sim como garantes dos direitos dos cidadãos.
Há cada vez mais pessoas que optam por ser informadas através do que lhes chega pelas redes sociais. É o seu caso?
Inevitavelmente há informações que me chegam pelas redes sociais, mas continuo a preferir o jornal tradicional em papel ou então as edições online dos jornais.
Há muitos jornais em dificuldades e alguns que já deixaram de se editar, nomeadamente regionais? É algo que o preocupa?
Preocupa-me muito porque acredito que se deixarmos de ter uma imprensa que cumpra com o seu papel de supervisão e escrutínio estaremos a colocar em causa a nossa democracia.
Consegue explicar, com um ou dois exemplos, como acha que seria a sua vida, a nível pessoal e profissional, num país não democrático?
Não consigo sequer imaginar como seria a minha vida e a da minha família num país não democrático quanto mais dar exemplos. É este o maior elogio que posso fazer à Revolução dos Cravos e aos nossos Capitães de Abril.
A Inteligência Artificial está presente, cada vez mais, na nossa vida. Sente isso? Está confortável com o que se está a passar?
A Inteligência Artificial está cada vez mais presente nas nossas vidas e tem um papel cada vez maior no nosso quotidiano quer pessoal quer profissional. Esta é uma área na qual o município de Abrantes tem realizado um grande investimento e que nos tem valido um reconhecimento a nível nacional em várias áreas como o caso da área da Gestão Documental.
As alterações climáticas são uma realidade ou há muito exagero no que é apresentado? Vale a pena alterarmos alguns comportamentos?
As alterações climáticas são uma realidade inegável e à qual temos de dedicar grande atenção. No município de Abrantes e nos Serviços Municipalizados de Abrantes temos vindo a concretizar uma série de iniciativas de sensibilização junto da nossa comunidade, especialmente dos mais jovens.
Na Constituição da República estão inscritos os direitos e os deveres dos cidadãos. É capaz de indicar dois ou três dos nossos deveres constitucionais?
Eventualmente até conseguirei indicar todos, mas nesta fase quero salientar o Direito à Habitação e o caminho que estamos a realizar em Abrantes no âmbito de projectos de habitação a custos acessíveis. Nos próximos anos investiremos cerca de 7,5 milhões de euros na reabilitação de 51 fogos no concelho. Uma oferta habitacional com rendas acessíveis para famílias que não encontram respostas no mercado tradicional por incompatibilidade entre os seus rendimentos e os valores das rendas.
Qual foi o último texto que leu em O MIRANTE de que gostou?
Gostei bastante da reportagem que fizeram sobre a nossa Feira Nacional de Doçaria Tradicional de Abrantes onde mostraram o lado das famílias que nela participaram como expositores. Uma reportagem que dá rosto às pessoas que fazem desta nossa feira um dos grandes certames gastronómicos do país.
Se tivesse que classificar a classe política que vai festejar os 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República que pontuação lhe dava de 1 a 10?
Enquanto eleito político seria uma profunda deselegância estar a classificar outros políticos.
O que é que não lhe perguntamos que gostava de responder?
Tenho sempre todo o gosto em responder às questões que possam esclarecer os abrantinos estando ao vosso dispor para qualquer questão adicional.
Mas aquilo que realmente falta para concluir esta entrevista é desejar os Parabéns a O MIRANTE pelos seus 36 anos reconhecendo o extraordinário contributo que o jornal e os seus trabalhadores têm prestado à nossa comunidade e desejando que continuem a informar por muitos e bons anos.