Educação | 10-04-2018 17:24

Seis secundárias juntam-se em Santarém para pensar e mostrar ensino artístico

O encontro conta com a parceria da Câmara Municipal de Santarém e do Círculo Cultural Scalabitano.

Seis escolas secundárias com cursos profissionais de Artes do Espectáculo vão encontrar-se na próxima semana em Santarém para “reflectir sobre o ensino artístico em Portugal” e mostrar o trabalho realizado pelos seus alunos, anunciou hoje a organização.

Organizado pelo curso de Artes do Espectáculo – vertente Interpretação, a funcionar na Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, em Santarém, desde 2013, o I Encontro Nacional de Cursos de Interpretação (ENCI) vai juntar na cidade, de 16 a 20 de Abril, uma centena de alunos e professores de escolas de Braga, Évora, Lisboa (com a presença de duas escolas secundárias) e Portalegre, além da escola anfitriã.

Margarida Gabriel, coordenadora do curso da Ginestal Machado, afirmou, em conferência de imprensa, que a ideia do encontro surgiu da necessidade de “pensar o ensino artístico em Portugal”, de partilhar dificuldades, como as de financiamento, e, ao mesmo tempo, proporcionar aos alunos vivências “para além do programa” lectivo.

O encontro está organizado em “três períodos”, com as manhãs e princípios de tarde preenchidos com ‘workshops’ dinamizados pelos professores das várias escolas participantes para grupos que vão “misturar” alunos, os finais de tarde serão dedicados aos “chás dos técnicos”, para debate e reflexão, e as noites para apresentação de espectáculos, disse Sara Gabriel, docente do curso da Ginestal Machado.

O programa inclui ainda iniciativas como uma “animação do mercado” municipal, no dia 20 de manhã, que contará com a participação dos alunos de Artes Visuais da escola (que produziram o cartaz do evento), e uma conversa com o actor António Fonseca, dia 16 à tarde, sobre as expectativas dos alunos e sobre o que esperam os profissionais da nova geração de actores.

Questionado sobre os problemas de financiamento, o director do Agrupamento de Escolas Ginestal Machado, Manuel Lourenço, afirmou que, contrariamente ao que vinha sucedendo nos anos anteriores, em que o financiamento comunitário para o ensino profissional (no âmbito do Programa Operacional Capital Humano) era aprovado para três anos, o curso que abriu no presente ano lectivo apanhou novas regras, passando a projecto anual, o que fez com que, até ao momento, não tenha ainda recebido qualquer verba.

Sara Gabriel sublinhou que este facto dificultou a presença de escolas de outros pontos do país, levando algumas, como foi o caso de Abrantes, a acabarem mesmo por cancelar a sua presença por dificuldade de financiamento, apesar de todo o esforço da organização para conseguir parcerias de forma a reduzir custos de alojamento e alimentação.

O encontro conta com a parceria da Câmara Municipal de Santarém e do Círculo Cultural Scalabitano, que cedem espaços para a realização dos ‘workshops’ (a decorrer nas oficinas da Ginestal Machado e na Incubadora de Artes, criada pelo município numa escola de primeiro ciclo desactivada) e dos espectáculos (nos teatros Sá da Bandeira e Taborda).

A vereadora da Câmara de Santarém com os pelouros da Educação e da Cultura, Inês Barroso, realçou a “mais valia” da existência deste curso na escola Ginestal Machado, frisando que ele tem contribuído para “reavivar o associativismo cultural na cidade”, com a integração de alunos aqui formados em grupos de teatro e pelo aparecimento de novos projectos, como o Human’Arte.

Margarida Gabriel referiu igualmente o trabalho que tem vindo a ser realizado “com a cidade”, não só pela participação dos jovens alunos em eventos culturais, como pelo “espaço de exploração e investigação” que este núcleo urbano oferece, ou ainda pela oportunidade de formação de novos públicos.

Para a coordenadora do curso, este permite qualificar os jovens “de forma ampla e aberta”, tentando fornecer aos alunos “alguma coisa mais que o próprio programa”, ajudando na sua formação também como seres humanos “seguros e a saberem o que querem”, o que, no seu entender, deve levar a “mudar o paradigma” com que se pensam os cursos em Portugal.

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