Vítor Neno vai assinalar os 25 anos como fotógrafo profissional com uma exposição onde vão estar algumas das suas melhores fotografias. A inauguração é no dia 12 de Outubro, pelas 17h00, na Biblioteca Municipal do Cartaxo. Em jovem tinha o sonho de ser guarda-costas mas a vida encaminhou-o para a fotografia. Antes de andar com a máquina a tiracolo fez um pouco de tudo.

Vítor Neno, 50 anos, é fotógrafo profissional há 25, mas antes de descobrir a paixão pela fotografia fez um pouco de tudo. O seu sonho de criança era ser guarda-costas. Fez a tropa nos Comandos e o objectivo era entrar para a Polícia de Segurança Pública. A intenção era, posteriormente, ingressar nos GOE (Grupo de Operações Especiais) e chegar a guarda-costas. A vida deu várias voltas e optou por deixar o sonho de juventude para trás. Natural de Casais de Baixo (Azambuja), foi viver para Vale da Pedra (Cartaxo) onde morou até aos 38 anos, quando se mudou para Ereira, no mesmo concelho, onde ainda hoje reside.

Em criança passava muito tempo com os avós nos campos da lezíria ribatejana. Por isso foi com naturalidade que durante as férias de Verão trabalhou na apanha de tomate. Também fazia a rega desses campos de tomate e foi servente de pedreiro na construção civil. “Dar serventia foi das melhores experiências que tive e ainda guardo muitos amigos desse tempo”, recorda. Estudou até ao 11º ano quando surgiu a oportunidade de trabalhar como inspector de qualidade de material aeronáutico nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) em Alverca do Ribatejo.

Foi através de um colega de trabalho que descobriu a paixão pela fotografia. Esse colega emprestou-lhe um livro de iniciação à fotografia, com o qual deu os primeiros passos. Foi assim que um passatempo acabou por se transformar na sua profissão e num modo de vida. Nunca pensou ser fotógrafo profissional mas começou a saturar-se do seu emprego. No entanto, ainda conciliou ambas as actividades durante oito anos. E nos tempos que lhe sobravam era segurança de discotecas.

A primeira máquina fotográfica que comprou era analógica e não lhe permitia explorar muito. “Com muita dificuldade comprei a minha primeira máquina completamente manual. Foi cara mas este equipamento é a maior escola que se pode ter na fotografia”, afirma a O MIRANTE. Neno recorda o dia em que foi revelar o seu primeiro rolo de fotografias. O orgulho era enorme por achar que ia ver fotografias espectaculares. “Fiquei desmoralizado porque estavam muito más. Sou muito exigente e foi essa exigência que me fez chegar aqui”, admite. O que o apaixona na fotografia é poder contar histórias. Ter a capacidade de transmitir diferentes emoções a quem observa as suas fotos.

Trabalhou em casamentos e baptizados e enveredou pelo fotojornalismo, colaborando com vários jornais desportivos, locais e nacionais, agências de notícias e revistas. Entre jogos de futebol, rugby, ténis e rally foram muitas as fotos que tirou. Actualmente faz catálogos com empresas conceituadas da região. A 12 de Outubro, dia em que celebra 51 anos de vida, vai inaugurar uma exposição para assinalar os seus 25 anos como fotógrafo profissional. Vão estar expostas, na Biblioteca Municipal do Cartaxo, 17 fotografias de momentos marcantes, além de outras surpresas. Neno confessa que a preparação da exposição tem sido uma boa viagem ao passado. Recuperou milhares de fotos guardadas, algumas das quais já nem se recordava, e tem sido um reavivar de memórias.

O fotógrafo, que deu aulas de fotojornalismo e dá formações na sua área profissional, explica que não é o material que faz o fotógrafo. O material apenas ajuda. “O que faz um bom fotógrafo é o ‘kit de unhas’: o braço, o dedo e a máquina que regista o que eu estou a ver. Sou eu que decido o que quero, e como quero, fotografar. A máquina nunca decide nada por mim”, sublinha.