Entrevista | 31-03-2020 07:00

“Os jovens já não sabem procurar palavras no dicionário”

“Os jovens já não sabem procurar palavras no dicionário”
TRÊS DIMENSÕES

Alberto Barreiros tem 63 anos e é presidente da direcção do Centro de Educação Especial do Concelho de Rio Maior “O Ninho”.

Alberto Barreiros tem 63 anos e é presidente da direcção do Centro de Educação Especial do Concelho de Rio Maior “O Ninho”. Tem dois filhos maiores e uma tartaruga como animal de estimação. Já fez parte de um grupo teatral na Guarda, terra onde nasceu e cresceu, e não prescinde de estar com a família e de cozinhar nos tempos livres.

A minha infância foi passada na Guarda. Jogávamos à bola, andávamos de bicicleta no campo e íamos várias vezes visitar os meus avós maternos e paternos nas aldeias de Ladão e Cerdeira, ambas no concelho da Guarda. Nessas viagens ainda me recordo de demorar horas para lá chegar.

Cantei e representei num grupo de teatro na minha terra natal. Sempre gostei de estar ligado às colectividades. Na altura, decidi aderir a um grupo teatral que também tinha um coro e estava ligado à paróquia.

Gosto de estar entre tachos e panelas. Tenho poucos tempos livres, mas quando posso estou com a minha família e confecciono uns pratos em casa. Não tenho nenhuma especialidade, faço praticamente um pouco de tudo. Às vezes o que acontece é que na ementa constam pratos da Beira Alta e de Trás-os-Montes, de onde é natural a minha mulher. São de comer e chorar por mais.

Já fui várias vezes a Londres ver o meu filho. Está lá a trabalhar e tenho viajado até terra de Sua Majestade. Hoje gasta-se quase o mesmo tempo a ir a Londres como a ir até à Guarda. Já estive também na Disneyland em França, na Grécia e em Espanha.

A docência sempre foi a minha paixão. Desde novo quis ensinar crianças e jovens, tanto que segui os estudos no Magistério Primário. Formei-me em 1976, mas devido aos problemas que existiram com os retornados das ex-colónias portuguesas, só consegui iniciar-me no ensino no ano seguinte, na escola primária de Ansião, Leiria.

Os jovens não têm hábitos de leitura. Com a introdução das novas tecnologias no ensino, os mais novos têm deixado cada vez mais os livros de lado. Eles já nem sabem procurar palavras no dicionário. Hoje o computador substituiu completamente tudo. Mas também não é aconselhável, como acontecia antigamente, que os jovens carreguem muitos manuais na mochila devido aos problemas de coluna que podem causar.

Se fosse presidente da Câmara de Rio Maior mandava olhar para as ruas. Vejo que a nível da mobilidade melhorou bastante nos últimos anos, mas o estado de conservação das ruas continua a deixar muito a desejar. Estão todas sujas pelos pássaros e isso dá mau aspecto. O município devia dar mais atenção à limpeza das vias públicas.

As pessoas têm pouca disponibilidade para dirigir associações. Estou na direcção de “O Ninho”, uma Instituição Particular de Solidariedade Social há mais de uma década e queria sair, mas não tem sido fácil porque não tem havido interessados em assumir esta função. É preciso trabalho, dedicação e tempo, algo que praticamente ninguém tem. Além disso, considero que este é um cargo que devia ser remunerado.

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