Entrevista | 08-04-2020 10:00

Uma mulher dos sete ofícios

Uma mulher dos sete ofícios
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Marta Cunha trabalhou como professora de línguas, secretária e gestora agrícola, entre outras profissões.

Actualmente preside à Liga dos Amigos do Hospital de Torres Novas. Viveu em Inglaterra durante sete anos na sua juventude e chegou a trabalhar no Centro de Turismo de Portugal em Londres.

Marta Cunha tinha 14 anos quando deixou Torres Novas, onde nasceu e cresceu, para ir viver com a família para Londres após o falecimento do pai. A mãe, de nacionalidade inglesa, levou os seus três filhos menores para a capital do Reino Unido onde já estavam três dos seus filhos maiores de idade. Os outros dois filhos adultos ficaram em Portugal. Foi em Londres que Marta viveu durante sete anos. Trabalhou no Centro de Turismo de Portugal em Londres mas confessa que era tudo tão caótico que optou por sair.

Depois disso trabalhou na Universidade de Londres, no Departamento Extra-Mural, que geria cursos e palestras que não faziam parte do currículo dos estudantes regulares da universidade. “Trabalhei nesse departamento cerca de dois anos e aprendi muito como gerir eventos”, conta a O MIRANTE.

Quando regressou a Portugal, aos 21 anos, começou a trabalhar como professora no Instituto de Línguas de Santarém tendo passado para Torres Novas, onde vive. Também trabalhou em Lisboa, num escritório de advogados. “Só saí desse emprego porque não tinha casa em Lisboa. Durante esse tempo tive oportunidade de integrar a comissão do baile comemorativo dos 600 anos da aliança entre Portugal e Inglaterra”, recorda.

Trabalhou durante 15 anos como secretária do conselho de administração da empresa Renova, que tem sede em Torres Novas. Saiu em 2005 para dar apoio ao marido que estava doente. Nessa altura, resolveu tirar um curso superior e licenciou-se em Língua, Literatura e Cultura/Língua e Literatura Inglesa e Cultura Portuguesa. Marta Cunha é uma mulher que não consegue estar parada e tirou outros cursos na área da Informática e Contabilidade. Sempre que possível também faz traduções e chegou a trabalhar numa agência de viagens.

Deu aulas de Inglês e trabalhou na área da gestão agrícola para ajudar a sua mãe com uma propriedade agrícola que era administrada por um irmão. Quando esse irmão faleceu foi ela quem assumiu as rédeas do negócio. Aos 60 anos garante que gostou de todos os empregos que teve pois deram-lhe sempre mais conhecimento.

Em Junho de 2018 foi eleita presidente da Liga dos Amigos do Hospital de Torres Novas. A sua relação com a Liga começou em 2013 como voluntária. Actualmente são cerca de meia centena de voluntários, sendo apenas dois homens. Marta Cunha explica que é difícil recrutar voluntários porque estes têm que fazer obrigatoriamente formação específica em voluntariado hospitalar. “Recentemente estabelecemos um protocolo de cooperação com o Hospital de Torres Novas e estamos a trabalhar sob novas linhas de orientação. Estamos preparados para melhorar, aumentar e dinamizar ainda mais o voluntariado”, explica.

Todos os voluntários se distinguem por usarem uma bata amarela e estão identificados com um cartão com o seu nome. O objectivo da Liga é dar o apoio necessário ao hospital e aos seus utentes e trabalhadores em áreas que eventualmente carecem desses apoios. Têm cerca de 300 sócios e a quota anual é de 12 euros.

Devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus o trabalho da Liga está praticamente parado. Asseguram os apoios necessários mas obedecem às directrizes da Direcção-Geral de Saúde. “A grande maioria dos voluntários tem mais de 65 anos, alguns com patologias em que o risco para a saúde é grande. Numa altura em que o hospital tem de limitar as entradas e saídas não fazia sentido os voluntários estarem a exercer as suas tarefas”, esclarece, acrescentando que um dos bares explorado pela Liga foi encerrado e o outro atende apenas profissionais de saúde.

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