Entrevista | 05-08-2020 07:00

Há mais de duas décadas a virar frangos em Alpiarça

Há mais de duas décadas a virar frangos em Alpiarça
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Maria Manuela Amaral, 70 anos, é proprietária há 22 anos da Churrasqueira do Mercado, em Alpiarça. O trabalho ocupa-lhe muito tempo mas sempre que arranja um bocadinho gosta de mergulhar na leitura.

Maria Manuela Amaral era uma aluna aplicada e até acabou a quarta classe com boas notas, mas um acidente que vitimou o pai, cantoneiro de profissão, acabou por lhe virar a vida do avesso. Aos 13 anos, a gerente da Churrasqueira do Mercado, em Alpiarça, começou a aprender o ofício de costureira para levar dinheiro para casa. Foram depois anos e anos de corte e costura, apenas com uma paragem de alguns anos para tratar dos filhos, até entrar no mundo dos frangos. Primeiro como empregada e, mais tarde, como gerente, após a antiga proprietária do estabelecimento ter deixado o negócio.


Nascida e criada em Alpiarça, Maria Manuela Amaral lembra-se bem do tempo da sua meninice na escola, das brincadeiras no recreio e da ajuda que dava nos cultivos da família aos fins-de-semana e nas férias. “Foram momentos felizes até a desgraça bater à porta de casa”, conta a empresária. O pai, que na altura estava ao serviço da Junta Autónoma das Estradas (hoje Infraestruturas de Portugal), estava a trabalhar na Estrada Nacional 118, em Alpiarça, e morreu queimado com alcatrão. Foi então que teve de deixar os estudos para começar a trabalhar como costureira, em Alpiarça. Maria Manuela fazia, juntamente com as modistas, vestuário de homem e mulher.


Entretanto, deixou o trabalho para atender ao balcão numa padaria em Alpiarça, durante três anos, até se casar. Foi quando decidiu dedicar-se aos filhos e vida doméstica durante alguns anos até ir trabalhar para um pronto-a-vestir, no atendimento ao público e, mais tarde, para a Churrasqueira do Mercado como funcionária. A oportunidade de passar a gerir o estabelecimento veio depois. A antiga proprietária questionou-lhe se queria ficar com o negócio e disse logo que sim.


A gerir há 22 anos a Churrasqueira do Mercado, o dia-a-dia de Maria Manuela é passado, sobretudo, entre chamadas telefónicas, papelada, preparação de frangos, fritura de batatas e atendimento ao público. Durante a semana a empresária chega ao estabelecimento pelas 09h00, altura em que começa, juntamente com os empregados, a preparar a comida para fora e a arranjar os frangos de forma a que, pelas 12h00, comece a servir. Às 14h30 chega a hora de pausa. É quando aproveita para almoçar. Pelas 15h30 é o momento de voltar ao trabalho e começar a arranjar novamente os frangos para, pelas 18h00, já estarem a assar.


“Temos um dia de descanso, que é à segunda-feira, mas temos sempre tanta coisa para fazer que nunca consigo descansar”, confessa a empresária, acrescentando que é quando aproveita para arrumar a casa e fazer o que mais gosta, que é ler livros.
Para Maria Manuela, neste momento, não é fácil abrir uma churrasqueira e muito menos mantê-la. O segredo, diz, está na qualidade dos produtos e no bom atendimento. Confessando a dificuldade que é a utilização de máscaras e viseiras devido às altas temperaturas que se atingem na zona do assador dos frangos, a empresária admite estar positiva em relação ao futuro, mas também acredita que nada vai voltar a ser igual depois da pandemia. “Vamos vivendo um dia de cada vez e ver onde isto vai dar”, conclui.

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