Entrevista | 20-01-2021 10:00

Uma empresa não pode ficar parada à espera de clientes, tem que procurá-los e fazer publicidade

Uma empresa não pode ficar parada à espera de clientes, tem que procurá-los e fazer publicidade
IDENTIDADE PROFISSIONAL

Rodrigo Cordeiro, 24 anos, é gestor financeiro da Dijocarros, em Perofilho, Santarém.

Licenciado em Gestão e a terminar o mestrado em Gestão Internacional, Rodrigo Cordeiro trabalha há dois anos com o pai na Dijocarros, empresa de compra, venda e reparação de automóveis. Chegou com ideias novas que por vezes tiveram resistência, mas as suas metas: aumentar o volume de facturação, ter uma nova imagem e estar mais próximo das pessoas, têm sido alcançadas. Além do local de trabalho, partilha com o pai o gosto pelos automóveis clássicos e acompanha-o nos passeios da especialidade um pouco por todo o país.

Rodrigo Cordeiro ainda não tinha nascido quando o seu pai criou a empresa de compra, venda e reparação de automóveis Dijocarros, há 25 anos. Nasceu em Santarém e foi na cidade que passou a sua infância, contando-se pelos dedos da mão as vezes que visitava o pai na oficina. Nunca sentiu grande ligação ao ramo automóvel e, embora goste de carros antigos e clássicos, confessa que a oficina não era o seu mundo. À medida que foi crescendo tomou o gosto pelo negócio e depois de concluir a licenciatura em Gestão, na Universidade Católica, assumiu funções como gestor financeiro na empresa do pai, Dionísio Cordeiro, porque, diz, “é bom poder ajudar naquilo que é nosso”.

Quando lhe perguntamos se é complicado trabalhar com o pai larga um sorriso e responde com um “boa pergunta”. Depois reflecte um pouco e acrescenta que é complicado. Há uma linha ténue que divide trabalho e família que pode dificultar o relacionamento. “Pela minha idade vejo as coisas de forma diferente do meu pai. Ele tem muitos anos de experiência, eu tenho os estudos”, remata sorridente. O desafio teve início há cerca de dois anos e o objectivo primordial foi ajudar a desenvolver o negócio da venda automóvel. Uma parte da empresa que estava um pouco estagnada.

Aumentar o volume de facturação da empresa, crescer, ter uma nova imagem e estar mais próximo das pessoas, têm sido as suas metas. “Hoje em dia não podemos ficar parados à espera que as pessoas venham, temos que procurar activamente e publicitar. Essas eram necessidades que o meu pai não entendia como prioritárias, mas cada vez mais percebe que tenho razão e já dá o braço a torcer”, regozija-se Rodrigo.

O seu primeiro trabalho foi vender gelados no Zoomarine, no Algarve, nos meses de Verão. Passou também por uma imobiliária, em Lisboa, onde fazia arrendamento de quartos e casas, e fez um estágio de Verão na RedBull como comercial. A área das vendas não lhe era, por isso, desconhecida.

Enquanto estudava em Lisboa foi voluntário na Refood, mas em Santarém reconhece que ainda não conseguiu organizar-se nesse sentido porque o dia-a-dia de trabalho é entrar cedo e sair tarde e há sempre muito a fazer, embora a pandemia tenha retirado algum trabalho à oficina. “As pessoas saem menos, há menos acidentes, menos desgaste nos carros e menos manutenção, porque os veículos fizeram menos quilómetros”, refere. Ainda assim continua a haver trabalho e as avarias mais frequentes prendem-se com os filtros de partículas.

O eléctrico não é uma solução definitiva

O primeiro carro que teve foi um comercial, branco. Na faculdade os colegas gozavam que era o carro do padeiro. Ironia do destino, diz, agora são os carros brancos que estão na moda. Actualmente conduz um Renault Zoe eléctrico. Mais do que apologista dos carros eléctricos é apologista de não pagar combustível e como as instalações da Dijocarros têm produção de energia com recurso a painéis fotovoltaicos consegue esse objectivo. Rodrigo considera que ainda não existe na região, nem no país, estrutura suficiente para o carregamento de carros eléctricos. Tem o carro há um ano e lembra que antes de ter este posto na oficina não tinha como o carregar em Santarém, porque todos os postos estavam avariados. Foi esse problema que lhe deu inspiração para a tese de mestrado em Gestão Internacional, que está prestes a concluir no ISCTE - Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, também em Lisboa. A tese baseia-se no desenvolvimento de uma rede de postos de abastecimento de hidrogénio.

“Ter que esperar duas ou três horas para carregar o carro não é o mesmo que ir ao posto e estar dois minutos a encher o depósito”, critica, acrescentando que o eléctrico não é uma solução definitiva. “Já o hidrogénio funciona dessa forma, é um abastecimento rápido. É o futuro”, garante o jovem gestor que sonha um dia ter um Porsche 911, clássico. “O design e a construção dos clássicos é para mim mais apelativo do que a construção de hoje em dia que usa muito plástico”. O gosto pelos clássicos, confessa, vem do pai. Desde pequeno acompanhava-o nos passeios da especialidade um pouco por todo o país. Em 2019 adquiriu um Mercedes W124 Coupé, de 1990, que tem a particularidade de ter um sistema que traz o cinto de segurança até à frente quando se fecha a porta. “Achei muita piada à tecnologia”, comenta. Foi com esse automóvel que participou no último encontro de clássicos em Santarém.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1661
    24-04-2024
    Capa Lezíria/Médio Tejo